19 anos de vida eterna de Mons. Waldir – Servo de Deus

Por: Francisco Samuel Paixão
Seminarista da Paróquia de São Manuel do Marco – Diocese de Sobral
Todos os anos, a cada dia 22 de dezembro, é impossível para o povo de Marco, principalmente para os mais idosos, não lembrar da memória de seu eterno pastor e pai espiritual: Monsenhor Waldir, hoje Servo de Deus Waldir Lopes de Castro! Foram trinta e sete anos de exercício pastoral e serviço àquela paróquia com humildade e amor, pois essas duas virtudes na caminhada dele não faltavam.
Monsenhor Waldir, como era conhecido, nasceu na cidade de Sobral, no dia 20 de fevereiro de 1931. Filho de Victor de Castro Cavalcante e Francisca Elusa Lopes de Castro Cavalcante. Foi batizado na Igreja da Sé, em Sobral, no dia 08 de março pelo Padre José Gerardo Ferreira Gomes. Cresceu em uma família católica, de onde floresceu o desejo do sacerdócio. Ingressou no Seminário Menor de Sobral a 08 de fevereiro de 1944. Concluiu o Seminário Menor no ano de 1950. Fez seus estudos de Filosofia e Teologia no Seminário Maior da Prainha, em Fortaleza, no percurso de seis anos. Recebeu o subdiaconato a 23 de outubro de 1955. Foi ordenado sacerdote no dia 08 de dezembro de 1956 pelo Bispo D. José Tupinambá da Frota, na Igreja Catedral de Sobral. Começou a exercer seu ministério sacerdotal, como cooperador do vigário da Paróquia do Patrocínio, Mons. José Osmar Carneiro. Nesse cargo, permaneceu de janeiro de 1957 a março de 1964. No mesmo período foi professor de religião no Seminário de Sobral e na Escola Técnica de Comércio D. José. No dia 08 de março de 1964, assumiu a paróquia de São Manuel na cidade do Marco, onde permaneceu até seu falecimento.
A paróquia de São Manuel foi a primeira e única como pároco, por isso tanto amor e dedicação aos seus paroquianos. Chegou naquela paróquia ainda jovem, mas com espirito maduro, através da fé. Sempre olhou para os mais necessitados que não eram poucos, mas tinha sempre um pouco para dar a quem lhe pedisse ajuda. Caso alguém pedisse e ele não tivesse no momento, daria um jeito, pois não queria ver os prediletos de Deus indo embora de mãos vazias.
Mais do que Padre, era Pai, pois, se era para corrigir algo de errado o fazia, mas se era para elogiar e dar aquele abraço de pai, não pensaria duas vezes. Era o Educador, a sua preocupação com a educação de seus paroquianos também fazia parte de seu pastoreio, por isso fundou o Centro Educacional São Manuel, onde foi um dos professores. Foi um grande catequista, e tinha sempre anotado em suas agendas seus sermões e catequeses, pois para o povo tinha que dar seu melhor. Tinha muitos sonhos, entre os quais um deles era a construção de uma grande igreja. Ele iniciou, mas não pode contemplá-la terminada. Hoje é um grande Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, local onde está hoje seu túmulo. Padre Waldir foi um grande profeta. Quanta sabedoria naquele Pequeno Gigante, tão simples, mas tão grande em Espírito!
Uma das coisas de que falam seus paroquianos era a sua obediência. Na época, além de estar como pároco da paróquia de São Manuel, assumiu a direção do seminário São José, tendo ficado muito preocupado por deixar alguns dias da semana seu povo, e ainda falavam para ele não ir, ao que ele respondia: “Devo obediência ao meu bispo, ele pediu, eu irei”. E foi um dos grandes colaboradores das vocações. Mesmo estando no seminário não deixou seus paroquianos sozinhos. Soube muito bem conduzi-los no caminho para a salvação, pois Monsenhor Waldir conduzia o povo a Deus e trazia Deus ao povo.
Demonstrava grande devoção à Eucaristia, à Virgem Maria e ao seu sacerdócio. Como ele soube zelar e sacralizar o seu sacerdócio! Até mesmo entre o clero de Sobral, para os padres que o conheceram, o seu exemplo permanece como um modelo de sacerdote para o nosso tempo. Foi um homem de muitos amores: amor a Deus, amor a Igreja, amor ao povo, amor a sua querida Paróquia de São Manuel do Marco.
De fato, ele representa muito para o povo do Marco. Soube ser um verdadeiro sacerdote. Teve sim suas dificuldades, principalmente na época que estava educando o povo na devolução do dízimo. Andou sob chuva e sol, por caminhos pedregosos, mas demonstrou e realizou um grande trabalho para a evangelização daquele povo.
No último dia 15 foi demonstrado através da presença de seus eternos paroquianos, o amor que sentimos por Mons. Waldir. A paróquia, através de seu Pároco Pe. Nonato Timbó, deu mais um passo: foi aberto o processo de beatificação e canonização do Servo de Deus Waldir Lopes de Castro. Quanta felicidade! Quanta alegria para os paroquianos de São Manuel e de toda Igreja! E naquele dia, depois de quase um ano sem ouvir os sinos da Igreja Matriz e do Santuário tocarem por conta da pandemia e do fechamento dos templos, os fiéis acordaram com o repicar dos sinos. Era dia de festa e de alegria para aquela cidade, e sabemos que os sinos na Igreja representam muito, e era de se emocionar ver aquelas pessoas que passavam em frente à Igreja, olhavam para o sinos tocarem e seus olhos brilhavam de alegria, apesarem terem tantos motivos de ficarem tristes.
O testemunho de Mons. Waldir nos questiona e nos dá motivos para sermos melhores. Já se passaram 19 anos e todos seus paroquianos sentem que Monsenhor Waldir está vivificado em suas obras materiais e espirituais. Deixou um grande legado de doação e amor ao próximo e isso temos até hoje.
Obrigado, Mons. Waldir, por seu legado em nossa Paróquia. Hoje nos alegramos por te chamar Servo de Deus. Interceda por cada filho desta terra e que possamos um dia ter a mesma alegria de ver o senhor chega aos altares de nossa Igreja. Santo tu já és para nosso povo. Seus ensinamentos estão gravados em nossos corações.
Como cantamos em umas das homenagens feitas ao senhor: “Será que até os céus precisavam dele tanto assim, será senhor será, que já estava no fim? Mas as suas decisões não se discutem, se acatam. Se Deus quis assim, que assim seja. Ameniza minha dor”.



