A escravidão negra existiu. E a escravidão branca?

A escravidão negra (moderna) iniciou com o tráfico africano a partir do século XV. Em 1444 os portugueses começaram a adquirir escravos negros no Sudão, com a exploração da costa da África e a colonização das Américas.
E a escravidão branca, existiu? Quando e onde? Segundo Rodrigo Prates, Historiador pela Universidade Federal de Santa Catarina, ela teve início durante a presença muçulmana na Península Ibérica medieval a partir do século VIII.
Pouca gente sabe, mas alguns historiadores registram a escravidão de brancos. Mais de 1 milhão de europeus foram escravizados por traficantes norte-africanos de escravos entre 1530 e 1780. Quem diz é o historiador americano Robert Davis, professor de História Social Italiana na Universidade Ohio State.
Segundo Davis, ‘’uma das coisas que o público e muitos especialistas tendem a dar como certa é que a escravidão (na Idade Moderna) sempre foi de natureza racial, ou seja, que apenas os negros foram escravos. Mas não é verdade’’. E continua: “Ser escravizado era uma possibilidade muito real para qualquer pessoa que viajasse pelo Mediterrâneo ou que habitasse o litoral de países como Itália, França, Espanha ou Portugal, ou até mesmo países mais ao norte, como Reino Unido e Islândia.”
“Do século IV em diante, a África do Norte, não querendo mais os escravos brancos que possuía, com medo das revoltas frequentes, voltou-se para a África Negra à procura da preciosa mercadoria”. Faltando escravos suficientes para suprir a demanda realizavam a “razia”: “Guerra Relâmpago praticada por tribos mais fortes sobre as mais fracas com o objetivo de pilhar os acampamentos adversários apropriando-se dos escravos, mulheres, crianças e animais. Os guerreiros e nobres adultos eram normalmente mortos”. (Eduardo d’Amorim – África, Essa Mãe Quase Desconhecida, 1997 – FTD).
Com a escassez de escravos a “razia” acontecia cada vez mais. Desta maneira as populações inteiras foram se transformando escravas. “Os nobres e agregados homens não eram mais mortos. Assim, eram também feitos escravos e vendidos ao europeu” (d’Amorim, 1997).
Segundo Jamil Chade, do jornal O Estado de São Paulo, “documentos dos arquivos diplomáticos suíços obtidos pelo Estado revelam que milhares de imigrantes que chegaram ao Brasil para trabalharem nas fazendas de café, acabaram se transformando, na opinião de seus governos, em “escravos”. Os casos abriram uma crise diplomática entre a Suiça e o Imperador D. Pedro II, além de revoltas em algumas fazendas e a emissão de um decreto no país alpino proibindo os suíços de emigrarem para o Brasil”.
Vale ressaltar que vieram para o Brasil escravos negros e populações de classes sociais diferenciadas para trabalharem num comércio cada vez mais exigente. A sociedade africana era composta de três categorias: os nobres, os agregados e os escravos.
(Por Salmito Campos – salmitocamposs@gmail.com).



