A cada ano, no dia 07 de setembro, dia da pátria, é celebrado o Grito dos Excluídos, que dessa vez chega a sua 29ª edição. O evento é uma ação conjunta da Igreja Católica com as pastorais sociais, organismos, movimentos populares e pessoas de boa vontade. O objetivo é defender e garantir os direitos dos pobres e maginalizados, ou seja, daqueles que, depois de tantos anos de história desse país, ainda não têm uma vida digna.
O primeiro Grito dos Excluídos aconteceu em 1995, em sintonia com a Campanha da Fraternidade daquele ano, que teve como tema “Fraternidade e Excluídos” e como lema “Eras Tu, Senhor?”. Em 1996, a 34ª Assembleia Geral da CNBB inseriu a celebração do Grito dos Excluídos no Projeto de Evangelização da Igreja no Brasil. Desde então, o evento tornou-se uma ocasião privilegiada de expressão e animação das lutas e organizações sociais.
“Vida em primeiro lugar”, desde a primeira edição, tornou-se o tema permanente do Grito. O lema específico de cada ano remete preferencialmente ao tema da Campanha da Fraternidade. O lema do 29º Grito dos Excluídos (2023) nos indaga e nos convida a refletir: “Você tem fome e sede de quê?”. A proposta deste ano é despertar a reflexão da urgência de combater a exclusão social.
Esse grito em prol da vida sempre nos coloca o desafio e a possibilidade de reconstrução do país. Reconstrução essa que passa pelo combate à fome e a toda forma de violência contra os povos oprimidos. Reconstrução “que passa também pelo respeito aos territórios indígenas e quilombolas e pela garantia dos direitos à moradia digna, reforma agrária e urbana, ao trabalho, à educação, saúde, cultura e lazer” (CNBB – Carta de Apoio ao 29º Grito dos Excluídos).
Outras marcas do Grito dos Excluídos é a defesa da democracia, da soberania dos povos e a luta por um projeto de sociedade onde a economia esteja a serviço da vida. Para a defesa de tão nobres causas, o dia 07 de setembro é um dia cheio de significado, principalmente para mostrar que o verdadeiro patriotismo e a verdadeira unidade nacional se dão na luta e na afirmação da dignidade de todas as pessoas, através da conquista e garantia de direitos.
É, portanto, uma celebração de afirmação e de resistência dos movimentos populares. Uma prova concreta de que há uma semente de transformação que emerge das bases da sociedade, lá onde estão os esquecidos, os últimos, os abandonados, seja no campo, seja na cidade. Abre-se a possibilidade de uma leitura dos aconcimentos a partir do ponto de vista das classes subordinadas, lembrando-nos aquilo que nos mostra a história das sociedades: as grandes mudanças ocorreram de baixo para cima.
Para muitos, o Grito dos Excluídos é um grito incômodo! Mas para os excluídos, é o grito teimoso de quem não desiste de lutar. É o grito insistente de quem quer viver dignamente, como gente! Faz parte da esperança do nosso povo, que anseia para que se realize aquela antiga utopia de uma terra sem males, onde o Reino de Deus, em germe, se antecipa no aqui e no agora da história.

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