POUCAS E BOAS
Rede do Pecado
Na condição de réu confesso da minha pouca assiduidade à Igreja, embora sendo católico de batismo, vez por outra assisto à missa ou, pelo menos, esforço-me para isso. Quando não o faço presencialmente, apelos para os meios de comunicação. Acredito que essa seja a melhor forma de me aproximar ainda mais de Deus e de me penitenciar pela desobediência aos mandamentos da minha religião.
Quando isso ocorre, costumo chegar ao templo com muita antecedência – meia hora mais ou menos. É o tempo que me possibilita a leitura e o questionamento do contido no jornalzinho “O Domingo”, refletir um pouco e fazer algumas orações sem nenhuma perturbação.
Infelizmente, essa preciosa chance que tenho por várias vezes é desperdiçada. Tudo isso graças ao desrespeito e à falsidade de intenção de muitos católicos “pseupraticantes”. Aqueles, sim, que se dirigem às igrejas com o fito de cumprir uma mera formalidade ou para dar uma esfarrapada satisfação à sociedade.
Desse episódio não esqueço. Jamais!
Estava eu lá no meu cantinho, quieto, concentrado na leitura do jornalzinho. Soam, então, os sinos indicando o início da solenidade, seguindo-se a isso o comentário inicial.
Para meu azar, sentaram-se à minha frente duas tagarelas damas da sociedade local: Elas arrastavam quatro pequenos capetinhas que, ao se soltarem, foi o suficiente para estremecerem os corredores da majestosa Catedral de Sobral. A bagunça começou, tendo início a minha via-crúcis pra tentar assistir à missa.
As duas madames, uma com um caderninho de anotações, a outra com uma nota de compra, iniciaram o bate-papo. Falavam de rede, vestido da moda, penteado diferente etc., numa “expiação” danada pra todos os lados.
Nos ritos iniciais, com o canto de entrada e a acolhida do celebrante fiz meu penoso ato penitencial. Enquanto isso, as duas entoavam hinos de louvores às suas vestes calculadamente escolhidas para o ritual. E tome fofoca!
No rito da palavra, como a I e II leituras versavam sobre os apóstolos pescadores, uma delas engatilhou a história da compra de uma rede. Já a outra se confundia no salmo responsorial, pois também tentava desenhar um modelo elegante que avistara na assembleia.
Mesmo sem querer dar ouvidos, lá ia eu me enrolando cada vez mais com a história da rede das assíduas fiéis. Coincidentemente, na aclamação e no próprio Evangelho se falava da pesca milagrosa que quase arrebenta a rede de tanto peixe.
Na profissão de fé, as duas se enturmaram na oração da assembleia, pedindo que a compra da rede e o desenho saíssem tudo direitinho. E tome conversa!
Veio o rito sacramental e nada de preparação das ofertas, pois achavam que dispensando as oferendas, apenas a Oração Eucarística e o Pai-Nosso mal recitados justificavam o canto de comunhão dos seus infames desejos. E haja falsidade!
Momentaneamente tive um pouco de alívio. Pensei até que me livraria delas na hora dos cumprimentos. Só que as duas saíram a percorrer a igreja toda em busca de novidades. Mas, para minha tristeza, voltaram para o mesmo canto e recomeçou a conversa com muito mais assuntos ainda. E tome tititi!
Por derradeiro, nos ritos finais, quando devemos dar nossa resposta à palavra de Deus e entoar o canto final para receber a bênção, enorme foi o meu espanto: as duas, com as mãos esquerdas (talvez canhotas), benzeram-se e sumiram no meio do povo. Mas ainda falando da rede, do vestido, do penteado, do sapato etc., etc., sem parar. E os pirralhos, só Deus sabe aonde foram esbarrar.
E eu, totalmente confuso, sem ter entendido nadinha de nada, enrolei o jornalzinho, quase me benzi também com a canhota, e fui ler tudo de novo em casa, na rede… Na minha redinha de dormir.
Quanta confusão! Deus me livre de outra dessas!
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Distante do próximo
Dia e noite de terço na mão rezando, fazendo jejum, penitências, perambulando pelas igrejas e sempre ocupadas com as coisas do Pai. É essa a justificativa de algumas pessoas que não encontram tempo para cuidar do pai idoso (ou irmão) e/ou doente, passando necessidade e implorando o auxílio do filho (a). Assim, bastante distante do próximo, muitos se acham muito perto de Deus. Mas não seria apenas próximo das igrejas? Mude, se for seu caso. Os braços do Pai se abrirão ainda mais para recebê-lo (a).
Baixa da água
É nisso em que se transforma, em todo inverno, o finalzinho da Rua Cel. Antônio Mendes Carneiro, área nobre do centro de Sobral. Imóveis alagados de ponta a ponta; móveis e veículos danificados; trânsito interrompido – um verdadeiro caos, que acarreta muitos prejuízos aos moradores. Ficou nublado, instala-se a preocupação e o temor.
Inventa outra!
Entra prefeito, sai prefeito, amontoam-se as reclamações, mas a situação se repete anualmente. E quem deveria solucionar o problema sempre joga a culpa no inverno forte. Nada disso! Sistema de esgoto e saneamento é que são deficientes. Que a solução apareça com a nova administração!
Baixa da égua
Cansados e irritados de tanto cobrar providência e não vislumbrar solução, alguns moradores continuam implorando às autoridades a irem à Baixa da Égua em dia de chuva. EM TEMPO: Baixa da Égua, assim como Riacho do Pecado, eram os antigamente os nomes populares daquele trecho. Por lá, eram vistas éguas e outros animais encontrarem naquela baixa pasto verdinho e abundante e outras coisas.
Luz, câmera…
Ação…? Nenhuma, até o presente momento. Notadamente da parte de quem poderia encabeçar a criação do Museu da Imagem e do Som de Sobral: Prefeitura Municipal, Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), Academia Sobralense de Estudos e Letras (ASEL), Museu Dom José, Escolas, dentre outras, além de particulares que amam a história. Até quando?
Quem se habilita?
Faltou luz (visão futurista) especialmente da Secretaria de Cultura local. O advogado Dr. João Alberto Adeodato Jr., quando vereador fez várias ações diante de câmera, microfone e publicamente, chegando a encampar a ideia da criação do MIS e por ela lutou muito na Câmara de Sobral. E disse que, conforme a Secretaria de Cultura do Estado, àquela época havia recursos para tal finalidade. Agora, pasmem! O que faltava era projeto. E parece que continua faltando.
Pérolas do Rádio
Ainda nos tempos de Guarany no Juncão, numa infeliz inversão disse um comentarista esportivo: “No vestuário, os atletas trocaram rapidamente o vestiário”. Fiz um simples alerta, ele acatou educadamente, agradeceu e passo a ensinar que: VESTUÁRIO é roupa, traje; VESTIÁRIO é o nome do local onde se troca essa roupa ou esse traje.