editorial cs

Ao longo dos séculos e milênios da história da humanidade, vez por outra aparecem alguns homens e mulheres cuja vida brilha como um farol para o mundo. O Papa Francisco foi um destes seres humanos que só aparecem de tempos em tempos. Quanta honra para a Igreja Católica poder afirmar que teve um destes grandes nomes da humanidade como seu líder máximo por doze anos!
Na verdade, o Papa Francisco, mesmo saindo da Igreja Católica, formado por ela, jesuíta, padre, bispo, cardeal e papa, foi alguém que ultrapassou as fronteiras institucionais para se tornar um homem universal. Seu coração universal o fez abraçar as grandes causas da humanidade, como os refugiados, as crianças, as mulheres, o meio ambiente, a busca pela paz e o fim das guerras.
Francisco mostrou que o cristianismo não pode dar as costas para os dramas e desafios d do mundo. Pelo contrário, a mensagem cristã tem que dar luzes a tais dramas e desafios. Com essa compreensão, Francisco entendeu que era preciso irradiar a fé através de um testemunho coerente com o projeto de Jesus Cristo. O mais importante é seguir Jesus e anunciar o Reino de Deus.
“Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (Evangelii Gaudium, 49). Esse trecho da primeira encíclica tornou-se sua célebre frase e, podemos dizer, um projeto de atuação para todo o seu pontificado. E como ele foi fiel até o fim!
O seu testemunho falava por si. Escolheu por nome Francisco que, mais do que um nome, representou um programa de governo. Assim como São Francisco de Assis, Francisco de Roma, sonhou com uma Igreja pobre e para os pobres, foi um grande promotor da paz e falava com insistência do cuidado que a humanidade teria que ter com a natureza, a mãe Terra.
Com a inspiração do nome que escolheu, Francisco, desde o início, foi logo sinalizando, com gestos e palavras, uma série de posturas, valores e opções pastorais que suscitaram uma grande esperança de renovação eclesial. Sua eleição surpreendeu o mundo. Por mais que as especulações desenhassem diversos cenários para o desfecho do conclave, ninguém apostava no Cardeal Jorge Mario Bergoglio.
A surpresa decorria de diversas circunstâncias, que se realizavam pela primeira vez na história: um papa latino-americano, jesuíta, e que assumia o nome de Francisco. Assim como o santo de Assis, ele entendeu que o parâmetro para a renovação da Igreja teria que ser o Evangelho, a Boa Notícia proclamada por Jesus há dois mil anos. Era preciso renovar a Igreja pelo Evangelho.
Francisco ensinou que evangelizar não é, para a Igreja, refugiar-se em si mesma, mas sim abrir-se para o novo, sem medo de enfrentar os problemas humanos, arriscar o encontro, o diálogo, a profecia, o testemunho. Evangelizar é peregrinar na esperança! Nesse sentido, ninguém pode ser excluído do anúncio do evangelho e os pobres e excluídos são os primeiros destinatários da missão da Igreja.
Enxergar a pessoa de Cristo no rosto dos pobres e sofredores foi uma das marcas mais bonitas do pontificado de Francisco. Assim, ele mostrou que uma Igreja que se afasta dos pobres, deixa de ser a Igreja de Cristo. Que Deus seja louvado pela vida e pelo ministério de Jorge Mario que, para o mundo, tornou-se o Papa Francisco. Sua vida foi um dom de Deus para a humanidade, um facho da luz do Espírito e uma expressão da misericórdia que abraça a todos.

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