De Olho na Língua

Deficit ou déficit?
Oficialmente, tanto déficit (com acento), quanto déficit (sem acento) são corretos, sendo a forma déficit a mais recomendada, especialmente em Portugal. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), da ABL, permite ambas as formas, mas a forma com acento é a mais comum. Explicação detalhada: Déficit (com acento) é a forma aportuguesada da palavra latina déficit. Em Português, as palavras paroxítonas (que têm a sílaba tônica na antepenúltima sílaba) levam acento. Deficit (sem acento) é a forma latina, usada como estrangeirismo.
Aconselhamento: Embora ambas as formas sejam corretas, é preferível usar déficit (com acento), pois é a forma mais comum e aportuguesada que segue as regras da Língua Portuguesa. Exs.: O país registrou um déficit no orçamento (forma aportuguesada); A empresa precisa lidar com o deficit de caixa (forma latina). A forma plural de déficit é déficits (com acento).
Metrô X VLT
Metrô é uma abreviatura (ou redução) da palavra metropolitano, e não sigla. As siglas, por sua vez, são formadas pelas letras iniciais da palavra, como, por exemplo: CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas), INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), CEF (Caixa Econômica Federal).
Na abreviatura forma-se um nome. Exs.: Inamps, Fename, Sebrae (pronuncia-se o nome). Já a sigla não forma o nome (substantivo): INPS, PT, MDB. Na sigla diz-se letra por letra.
VLT é a sigla que significa Veículo Leve sobre Trilhos. É um sistema de transporte público urbano que utiliza trens elétricos para mover (transportar) passageiros, similar a um metrô de superfície. Os VLTs são mais leves e podem ser operados em áreas urbanas onde o metrô não é viável.
Literal
Adj. 1) Que reproduz exatamente o tratamento determinado texto ou trecho de texto; 2) Conforme o significado das palavras; exato; rigoroso; 3) Figurado; literalidade.
Literalmente
De literal. Conforme a letra, exatamente. Adjetivo “de modo literal”; exatamente no sentido do termo; completamente sem exagero no que se afirma. Ex.: O telhado ficou literalmente destruído; Encontrou-o literalmente bêbado (Houaiss); E então nós duas pálidas, eu e a Rosa, corremos para longe da casa (Clarice Lispector – A descoberta do mundo, p. 4 e 5)
Sigamos o conselho do Professor Sérgio Nogueira: “Use mais o termo literalmente somente quando significa ´com as mesmas letras, ao pé da letra´. Ex.: Textualmente, o livro foi traduzido literalmente, isto é, ao pé da letra.
Vou colocar um problema / Vou fazer uma colocação
Evite-se o uso de colocação no sentido de opinião, afirmação, ideias, sugestão. É um dos muitos modismos repetidos à exaustão. A propósito, eis o que afirmou um conceituado jornalista e escritor: “E não é de hoje que se esbarra a cada momento com expressão como proposta, colocação, a nível de por aí afora. Os linguistas, sociólogos, comunicadores… estão chamados a estudar esse fenômeno alarmante que é a busca de originalidade, visando uma pobre fábrica de clichês modernos (Moacir Vernek de Castro – JB 20/05/94). O mesmo se diz do uso de colocar, na recepção de opinar, afirmar, expor ideias (D. P. Cegalla)
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.



