Herculano Costa Comenta

Cuidar dos nossos idosos
Mês passado abordamos aqui o fato de que o Brasil não é mais um País de jovens, mas, sim, uma Nação que, já pontifica como um país considerável índice de envelhecimento de sua população.
Um país é reconhecido como estruturalmente envelhecido, quando, pelo menos 7% de sua população é composta por pessoas de 60 anos ou mais. Um estudo de representações sociais (PNAD – 2014) mostrou que o nosso país já havia superado essa marca.
O mesmo estudo estimou que em 2025 o nosso país teria uma população de 35 milhões de idosos. Conforme o Censo de 2022 (IBGE), no Brasil a população idosa (60 anos ou mais) representava, aproximadamente, 15,6% do total de sua população. E isso significa que do total de 203 milhões de habitantes estimados pelo mesmo Censo, cerca de 32 milhões eram pessoas com 60 anos de idade ou mais.
É importante ressaltar que esse número tem crescido significativamente, ao longo dos anos. O censo de 2022 mostrou um aumento de 57,4% no número de pessoas com 65 anos ou mais em comparação com 2010, enquanto a população com 60 anos ou mais cresceu 56,0%, no mesmo período. Portanto o Brasil está nitidamente envelhecendo. E isso tem gerado sério desafio para a elaboração de políticas públicas que atendam às necessidades dessa população.
O envelhecimento humano pode ser definido como um processo multidimensional que envolve vários fatores, dentre esses, fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais. Desse modo, o envelhecimento biológico é caracterizado como uma fase de declínio funcional do organismo, sendo um processo fisiológico que compreende modificações nas funções do organismo devido ao avançar da idade.
Quanto ao aspecto psicossocial este se encontra atrelado à experiência subjetiva da pessoa, frente ao seu envelhecer. Tal processo requer otimização das vivências, a partir das relações entre as dimensões cognitivas e psicoafetivas
No que diz respeito ao envelhecimento, este é um objeto social multifacetado justamente pela impossibilidade de versá-lo como um fenômeno harmonioso.
Em vista dessa concepção inconsistente dos objetos, as vivências dos longevos, considerando-se o seu contexto psicossocial, devem ser respeitadas no estudo das representações sociais do envelhecimento.
Tendo em vista isso, jamais se pode perceber um elemento como realmente ele o é, de forma neutra, pois os indivíduos estão marcados pelas suas representações, pelas imagens, ideias e opiniões que atravessam as suas existências, que permeiam pelo tempo-espaço, que cruzam gerações e que são transmitidas dentro da sociedade. Portanto os objetos, tais como são vistos, são meras distorções da realidade.
Em um estudo de representações sociais, identificou-se que as pessoas idosas buscam nos cuidadores o respaldo na prestação de cuidados e tratamento com dignidade, o qual ainda revelam que sentem a necessidade de intensificação deste cuidar.
No que tange ao cuidado familiar no processo de envelhecimento, denota-se que a própria família demonstra atitudes de amparo de forma inadequada quanto aos hábitos dos idosos. Observa-se uma inversão nas relações de cuidado, visto que aqueles que foram cuidados passam a cuidar, mas não cuidam como foram cuidados. Grupos familiares são concebidas como conglomerados de pessoas unidas através de laços afetivos e/ou parentalidade e que vivem sob o mesmo teto, propiciando as relações de cuidado, atenção, intimidade e proteção, sendo estes, fatores fundamentais para um ambiente harmônico durante o curso de vida. Para a pessoa idosa não é diferente, a família tem um papel fundamental no processo de envelhecimento, e mesmo que a pessoa idosa não dependa dos familiares nas atividades da vida diária, o conforto estabelecido pela presença de pessoas próximas acarreta bem-estar biopsicossocial. Em face das discussões elencadas envolvendo o envelhecimento populacional e a importância da família nesse contexto, este artigo tem como objetivo principal compreender as representações sociais de família para idosos que participam de grupos de convivência e idosos que não frequentam esses grupos.
A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.



