DAVI, O IMPREVISÍVEL

DAVI, meu neto, que mora no Catar, sempre foi um menino esperto aprontando as suas diabruras, as vezes dignas de reprovações, e, as de vezes de riso.
Lembro um episódio hilariante, contado por seu pai na viagem que fizeram a Austrália. Davi, observador arguto, notara que toda vez que estavam juntos e, faltava dinheiro em espécie, seu pai procurava um caixa eletrônico, colocava seu cartão, e, “zás” saia uma quantidade de dinheiro.
Planejaram passar duas semanas de férias no país do “Canguru”. E, foram. Esbaldaram- se.
Na véspera do regresso os pais, capricharam nos passeios, proporcionaram aos meninos tudo que foi divertimento original, não dando margem a reclamação, inclusive, no tocante as guloseimas. Chegaram ao hotel à noite de regresso aos passeios. Foi um dia estafante, mas, compensador. O casal estava convicto que os meninos não iam exigir mais nada. Entretanto, João Paulo, resolveu fazer a pregação final para evitar algum pedido extra que o surpreendesse. Pôs-se de frente para a meninada, arregalou os olhos e, peremptório, falou:
– O papai e a mamãe esforçaram-se ao máximo e deram tudo de si para proporcionar a vocês e um dia maravilhoso. Inclusive, eu gastei todo meu dinheiro e, fazendo um gesto teatral, colocou as mãos do bolso e trouxe-os para fora da calça, mostrando que estavam vazios.
Por favor, não me peçam mais nada!
E finalizou:
– Agora, vão tomar banho e deitar, temos que acordar cedo, pois, o avião sai pela manhã.
Mal completou a pregação, Davi, levantou o dedinho e com um sorriso nos lábios, suplicou:
– Pai, como despedida eu queria um sorvetinho. Pode ser?
O genitor perdeu a paciência. Aí, foi incisivo.
– Não, mostrei a você Davi os meus bolsos sem um tostão, falou, com um tom meio zangado.
Davi, replicou, com a seguinte pergunta:
– Seu cartão está no bolso da camisa?
– Está, por que?
Então, o garoto, com a cara mais engraçada do mundo, falou:
– Tem uma “máquina de fazer dinheiro” no corredor do hotel. Vai lá, pai, coloca o cartão e faz dinheiro.
Todos caíram na risada, inclusive, o João Paulo que estava amuado. Contam que foi o melhor sorvete da viagem…



