DE OLHO NA LÍN GUA - Antonio da Costa

É verdade que o verbo rigorosamente correto é “agilitar” e não “agilizar”?
É verdade, embora agilizar já esteja consagrado. Hoje, todavia, se pedirmos que alguém “agilite” um processo, certamente seremos olhados de “esguelha”. Injustamente, mas seremos olhados de “esguelha”. É a evolução…

“De esguelha” ou “de esgueia”?
De esguelha, evidentemente, ainda que muitos prefiram olhar de “esgueia”, como já ouvimos. Ninguém abre um “taio” no dedo, mas, sim, um talho. É comum haver a troca do “lh” por “i”. Vejamos: paiaço (palhaço), veio (velho), paia (palha), etc. Trata-se de influência africana.

Com palavras no plural uso “a ser” ou “a serem”?
Do jeito que você achar melhor. Exs.: Os presidentes definirão as medidas a ser (ou a serem) tomadas; As crianças a ser (ou a serem) matriculadas chegam a cem; O secretário se viu praticamente impossibilitado de agilizar o andamento dos decretos a ser (ou a serem) assinados pelo governador.
Isso vale também para a negação: Todos beberam, a não ser (ou a não serem) os policiais; Ninguém ficou bêbado (ou bêbedo), a não ser (ou a não sermos) nós.

Não como peixe que tem espinho
Diga-se: “Não como peixe que tem espinha”. Muita gente boa confunde espinha com espinho. Vamos à diferença:
ESPINHA é o nome dado a certas hipófises ou eminências ósseas muito salientes. Peça óssea do corpo dos peixes que se formam no intervalo das massas musculares e que não possui homólogos entre os vertebrados terrestres.
ESPINHO – Estrutura vegetal pontiaguda que difere do acúleo por estar firmemente preso à planta; estrutura aculiforme que recobre o corpo dos animais como o ouriço e o porco-espinho.

“Viva” os brasileiros
Embora todo mundo use “Viva” como se fosse uma interjeição, trata-se de um verbo, sujeito, portanto, a variações. Salve! é que é interjeição e não varia nunca.
Se o sujeito do verbo viver, em frases assim, estiver no plural, o verbo deverá naturalmente acompanhá-lo. Portanto: Vivam os brasileiros! Viva eu! Viva ela! Vivam as férias! Vivamos nós, brasileiros! Vivam os políticos brasileiros!

Circuito / Gratuito / Fluido
Pronunciam-se com acento no “u” do ditongo: Circúito, gratúito, flúido (o substantivo). É verdade que apresentadores e repórteres de televisão continuam dizendo “circuíto”, “gratuíto” e “fluído”, mas creia: são apenas os despreparados. Sugiro a esses apresentadores e repórteres que sejam coerentes, pronunciem também: descuído, fortuíto, intuíto e outras besteiras.

Reverter o quadro
A frase em epígrafe está na moda. Médicos, economistas, tecnocratas de todas as áreas e principalmente cronistas esportivos estão a inventar uma língua própria: A asinina. Entre tantas asnices que se notam em linguagem desses profissionais, salienta-se o emprego do verbo “reverter” por “inverter”: É preciso reverter o quadro da economia brasileira (Em vez de: É preciso inverter o quadro da economia brasileira); O prefeito não soube reverter o escândalo a seu favor (Em vez de: O prefeito não soube inverter…); A reversão desse quadro é difícil (Em vez de: A inversão desse quadro é difícil).

(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.

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