DE OLHO NA LÍN GUA - Antonio da Costa

Que horas começa o jogo?
Pergunta boa? Não. Por quê? Porque falta a preposição “a” no início da frase. Por isso, caro leitor, pergunte sempre assim que é muito mais elegante: A que horas começará o jogo? Afinal, uma eventual resposta a essa pergunta vem assim: O jogo começará ao meio-dia (ou a uma hora ou às duas horas.

Proeminente = Preeminente?
Muitos usam proeminente como sinônimo de preeminente, mas o fazem o inadequadamente. Proeminente (= saliente, arredondado) usa-se no aspecto físico. Exs.: Barriga proeminente (saliente), nariz proeminente ((saliente), dentes proeminentes (salientes). Preeminente (= notável, distinto, nobre). Usa-se no aspecto moral. Exs.: Machado de Assis foi um escritor preeminente; político preeminente… será que esse tipo de político ainda existe?

Côco da Bahia / Coco-da Bahia / Coco da baía / Coco-da-baía
A grafia correta é: coco-da-baía (coco, separada por hífen e Baia tem a letra h).

Via Láctea ou Via Látea?
Ambas são corretas, mas sempre sem hífen. Via Láctea = Via de leite.
Seu requerimento foi deferido favoravelmente
Diga-se corretamente: Seu requerimento foi deferido. Porque se foi deferido foi favoravelmente.

Esta é a canção que eu mais gosto
Diga-se: Esta é a canção de que mais gosto. Porque quem gosta, gosta de alguma coisa.

Acabem-se com as exceções
Diga-se: Acabe-se com as exceções. Sendo o seu sujeito indeterminado, o verbo acabar deve ficar no singular.

Vende-se apartamentos
Diga-se: Vendem-se apartamentos. O “se”, sendo partícula apassivadora, o verbo concorda com o sujeito paciente. Veja na voz ativa: apartamentos são vendidos. Podemos construir também assim: “Vende-se apartamento”, que equivale a: apartamento é vendido.

Ainda restam-me muitas forças
Diga-se: Ainda me restam muitas forças. “Ainda” atrai o pronome determinando a próclise. Ainda é advérbio de tempo.

Este trabalho está melhor feito que o outro
Diga-se: Este trabalho está mais bem feito que (ou, do que) o outro. Antes de adjetivo oriundo do particípio passado, emprega-se o comparativo analítico.

Precavenham-se contra os larápios
Diga-se: Previnam-se (acautelem-se) contra os larápios. O verbo precaver-se só se usa nas formas rizotônicas.
Cansou-se de bater na porta
Diga-se: Cansou-se de bater à porta. Bater na porta só se quiser castigar a porta, surrá-la.

Nenhum deles atreveu-se a falar
Diga-se: Nenhum deles se atreveu a falar. Nas frases negativas o pronome deve anteceder o verbo.

Quero certificar-lhe que seu pedido foi indeferido
Diga-se: Quero certificá-lo de que seu pedido foi indeferido. O verbo certificar pede objeto direto de pessoa e indireto de coisa.

Fazem dez anos que tal fato acontece
Diga-se: Faz dez anos que tal fato acontece. O verbo fazer indicando tempo decorrido é impessoal.

Uma bliz, duas blitze
Trata-se de uma palavra alemã em franco uso no Português do Brasil. Daí o modo estranho com que forma o plural. Significa batida policial de improviso e com grande aparato. Ex.: A blitz pegou o criminoso de surpresa; Várias blitze foram realizadas na região em busca de traficantes. Não esqueça: O singular é blitz; o plural, blitze (sem “s’ final).
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.

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