A Academia e a Cultura a Serviço do Humanismo

0
academia e a cultura

EUDES DE SOUSA
Do ponto de vista de construção de políticas públicas e investimentos necessários à cultura e à educação, a Academia Massapeense de Letras e Artes (AMLA) deu mais um importante passo no avanço do conhecimento com o “I Encontro das Academias de Letras da Região”. Apresentou, no evento, as questões das políticas públicas em defesa do patrimônio artístico-cultural, com o objetivo de provocar reflexões e apontar propostas que respondam às questões escolhidas pela sociedade.
O evento abriu espaço para a difusão de outros debates voltados à inclusão e desenvolvimento cultural e social, que visem à melhoria na qualidade de um patrimônio artístico-cultural nos diferentes territórios de nosso país, sobretudo aquelas que se encontrem em condições de vulnerabilidade cultural no Estado do Ceará e no Nordeste, em sua relação com o contexto mais amplo do país.
Num auditório, com escritores e intelectuais, estudantes secundaristas e universitários, professores e a comunidade em geral, o professor e doutor Régis Frota, uma das vozes mais expressivas, da constitucionalidade do patrimônio imaterial contemporâneo. Na opinião da crítica especializada, para quem é um profundo conhecedor da precariedade dos bens culturais de natureza imaterial do nosso país. O ilustre convidado proferiu uma palestra sobre “As Políticas Públicas em Defesa da Preservação do Patrimônio Artístico-Cultural”.
No evento, nos chamou atenção e nos indica o êxito do I Encontro das Academias de Letras da Região foi a densidade de participação e a troca de conhecimentos entre os acadêmicos que permeou o evento, constatadas durante e em toda a programação e, também expressos em diversos depoimentos de participantes. Destacamos, ainda, a homenagem ao professor Edinardo Silveira, com a presença dos seus familiares, que incluem a viúva, Senhora Neice Silveira e os filhos.
O professor Edinardo Silveira foi, sem dúvida, uma das vozes mais expressivas da educação cearense, naquela parte em que se privilegia o trabalho educacional revolucionário, tomando por base o binômio da educação e vida.
Grande humanista, ele não conseguiu esconder sua preocupação com a falta de solidariedade e ternura humana, e se mostrava cada vez mais alarmado com as dificuldades de uma instituição de ensino superior para os mais pobres.
E tomando a inspiração deste grande massapeense, professor Edinardo Silveira, para falar de sua obra. Aliás, não podemos deixar citar o seu filho, o poeta Neil Silveira, fez-se presente, com os seus agradecimentos. Neil, que nos agradeceu a todos com muita atenção e gentileza, caracteriza o evento como a mais linda homenagem que nossa cidade fez a um ilustre filho da terra, e que só nos oportuniza mostrar como nossa Massapê é um cenário perfeito para encontros como este.
Na sequência, coube ao escritor Arnaud de Holanda Cavalcante, presidente da Academia Sobralense de Estudos e Letras, que, com sua experiência e empatia com o público, conseguiu fazer uma leitura nova do evento, dando ênfase ao objetivo do “I Encontro das Academias de Letras da Região”.
Na mesma linha, a professora Edna Mendes, presidente das academias: Academia Forquilhense de Letras e Artes e e Academia Groaírense de Letras, com a gentilezas de sua fala mansa, fez desfilar reflexões poéticas em seu discurso, citando a poetisa e contista Cora Coralina, apontando-nos o detalhe marcante se referindo à vida, no amplo sentido da existência da cultura humana.
Pregando a construção de uma cultura, a professora Chrislene Carvalho dos Santos confirma sua fidelidade à causa que abraçou na sua vida acadêmica: a luta em favor da integração cultural entre as academias cearenses.
Particularmente, gostei de ouvir muitos dos convidados, alguns, inclusive, que não conhecia pessoalmente. Conheci o Dr. João Edison de Andrade, ouvi as suas explicações lúcidas sobre a vida e obra do professor Edinardo Silveira. E embora quisesse muito, não perdi em ouvir o mais novo convidado, o acadêmico Júnior Mesquita que leu um trecho da Bíblia e discorreu sobre a importância do evento num fluir cultural massapeense.
O poeta Liduino Rodrigues preferiu seguir seu dom poético e versou sobre o amigo homenageado. Luduino fez uma dedicatória carinhosa ao professor massapeense Edinardo Silveira, apontando um detalhe marcante da personalidade do amigo. Com certeza a vida lhe deu a dádiva de compartilhar da intimidade e inteligência de Edinardo Silveira.
As palavras de satisfação de todos, traduzidas das variadas e sempre verdadeiras manifestações da população, nos encantam e nos faz crer que o caminho da felicidade é simples e precisa ser trilhado por todos na cultura e na educação.
Sim, o destaque educacional, no entanto, foi marcado pela presença do Grupo Nossa Faculdade, apresentado pela coordenadora, acadêmica e professora Marly Lopes, que falou de uma educação que resgata uma postura positiva em relação à vida. Salientou, reafirmando sua esperança de que o país vai melhorar e de que a educação vale a pena.
E continua: expressões da literatura e poética e, em particular da região, presentes no evento de forma renovadora e dinâmica, objetivaram despertar o interesse pela leitura literária e da poesia, onde o escritor Davi Helder de Vasconcelos, lançou o seu livro ”Feiura não Existe”. O escritor, compreendendo a sua gente, ele fez doação dos seus livros com o propósito de plantar na consciência do povo a importância da leitura. Estimular a leitura é um dever de todos, como o de saciar a fome de quem precisa comer. Autografou mais de 50 livros. Podemos dizer, um escritor que sonha com uma sociedade humana e solidária. Na ocasião, também agradeceu emocionado o autógrafo do livro de poesia, do poeta e acadêmico Pedro Horlanda, que lhe prestou uma generosa homenagem. Uma maravilha na construção da cultura-típica dos bons mestres.
Outro momento foi de poesia. O poeta Lucarocas, com a simplicidade que o caracteriza, declamou alguns de seus poemas, ao que se ouviu um lirismo de fina sensibilidade e brasilidade, que acabou se transformando num animado bate-papo sobre sua vida e seus livros.
Afinal, senti uma enorme alegria, quando o acadêmico Francisco Alves leu a Carta de Princípio. Francisco Alves, com a sua humildade, sempre se considera um verdadeiro caboclo. Massapeense de fala mansa e pousada, adora conversar e falar da vida, que é sua grande fonte de inspiração. Talvez, por isso, emocionou a todos!
Passou o I Encontro das Academias de Letras da Região, graças a Deus, e com muitos mais acertos que erros. E os convidados sentiram o gostinho da coisa, do que é possível fazer quando se tem boa vontade. E a palavra não quer saber se a língua é morta ou torta.
Organizamo-nos neste I Encontro das Academias de Letras da Região, de forma a produzir uma cultura a ser utilizada para iniciar uma jornada de renascimento, a imaginar uma nova ideia. Podemos pintar nova ação concreta nos campos da cultura, da educação, da ciência e das artes.
Eudes de Sousa. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, da Academia Sobralense de Estudos e Letras, e presidente da Academia Massapeense de Letras e Artes.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *