A CONTROVÉRSIA IDEOLÓGICA NA POLÍTICA

A história impõe-se como uma memória fundamental para quantos pretendam mapear a política brasileira, nas últimas seis décadas da História do Brasil, principalmente nos anos de repressão que acometeram a sociedade brasileira, como o AI5, que estabeleceu, em 1968, o regime de exceção, exclusão e arbitrariedade, que se desdobrou até 1980, com a queda do bipartidarismo MDB e Arena. Também, e principalmente, para avaliar a evolução até 1963 e a decadência 1968 a 1980 e, depois, posterior evolução, com todas as controversas das ideologias políticas que chafurda e chacoalha hoje a democracia brasileira.
Para se ter uma consciência dessa triste realidade da política brasileira, com tentáculos nos Estados Unidos. É uma vergonha! Diria muitos intelectuais brasileiros, com várias obras existentes sobre o assunto, basta lembrar o grande geógrafo Milton Santos, um dos maiores estudiosos da globalização perversa, que trata da realidade da fome, pobreza e miséria, filosofa Marilena Chaui, especialista em filosofia política que sempre se manteve acima da politicagem, privilegiando o exercício pleno do conhecimento de sua utilidade no sentido de promover o ser humano no exercício de seus direitos e liberdades individuais. Assim, os debates cumprem um papel histórico, sem precedentes, quando o assunto é, também, as conquistas do direito e da democracia.
Se na política, se vive no Brasil, ainda, é uma ideologia salvacionista, espelhada no protecionismo cômodo do paliativo da esmola, o que só tem ampliado, no País, uma falsa filosofia de inclusão social, principalmente no Nordeste, irrita-nos saber que, ainda existem muitas cidades que comungam dessa grande mentira.
A despeito dos que estão no controle do poder político, como as velhas raposas de grupos políticos, alienação e concentração do bem público no patrimônio particular, cabe ao cidadão exercer sua cidadania, pois só há dois meios de libertação econômica, o respeito pela cidadania ou o roubo.
Portanto, enquanto houver raposas velhas na política brasileira não haverá democracia, raposa velha na política por definição é acumulação do capital, privilégio e exclusão. É monocultura. É inumano, contra o povo.
E se salva quem puder, porque são os mesmos sobrenomes que passeiam pela avenida do poder político, pontificando com aquela certeza típica dos arrogantes oligárquicos, que se mantém no poder, como fazem as duas famílias: os Pontes e os Albuquerque, na pequena cidade de Massapê, no Ceará. Ou seja, sempre com os ciclos familiares: o avô é senador, o pai é prefeito, os tios deputados federais, sobrinhos e netos deputados estaduais e vereadores.
Aqui está um exemplo que ilustra muito bem as excrescências ideológicas dessas políticas obscuras do poder político, no nordeste. O discurso político demagogo torna-se mais grave, quando chegam às eleições municipais, logo, vemos uma pessoa em que acreditávamos apertar a mão, jantar e compactuar com alguém que sempre lhe foi inimigo visceral. É tão vergonhoso que até os partidos mais descaradamente dos quais menos se esperava, sejam trabalhistas, socialistas, socialdemocratas ou, antigamente, comunistas, querem a expulsão dos adesistas de suas hostes. Ao fazer acordo á beira das urnas, atropelando a dignidade do povo, na busca do poder a qualquer custo.
O fato de tudo parecer estar por ser feito na política brasileira não é algo que assuste os especialistas. Os intelectuais no assunto consideram que isso deve ser compreendido dentro do contexto histórico. Isso significa dizer que a esquerda negligenciou inclusive as prerrogativas do discurso moralizador. Ou seja, foi letal na política, dando chances a ultradireita do neoliberalismo autoritário.
Assim começa o capítulo da malfadada novela ideológica da ultradireita, mesmo que os esquerdistas apontem o colapso do desregulamentado do capitalismo financeiro e dos desastres das tentativas dos ilustrados neoliberais. Eles não hesitam em suas crenças de seguirem um dos piores ciclos trágico do neoliberalismo de que o mundo regido pelo Deus Mercado é o melhor dos mundos possíveis. Tem a certeza religiosa dos convertidos. Reserva o termo populista na mídia virtual, para qualquer um que se atreva a questionar esse dogma e propor negociatas do andar de cima.
Portanto, a esquerda cometeu falta grave, apontou a imprensa como um personagem crucial dentro do processo democrático e indicou a democratização da mídia como a única forma de garantir a manutenção da democracia no País. Ironicamente, a pouca atividade neste sentido de informação, foi uma crítica persistente ao seu governo. Está pagando o preço. É importante falar sobre isso.
Afinal, o show pernicioso do liberalismo, não titubeia ao apresentar o seu receituário de progresso à sociedade cuja realidade ele se quer não se preocupa em estudar atual pandemia, que já matou milhares de brasileiros, tornou-se um escândalo, acompanhado por todo mundo em todos os lugares.
Como acabar com isso? Ou seja, com esse discurso demagógico de um Brasil do delírio virtual, das maquetes filmadas e do maquiavelismo dogmático das práticas políticas autoritárias. Se tornar de urgência urgentíssima que os intelectuais, em seus debates, tenham o curso contínuo, na prática do exercício ideológico da cidadania, para fortalecer a voz do povo.
Eudes de Sousa é jornalista, Historiador e Crítico Literário.



