A Cultura brasileira merece respeito
Depois da definição do primeiro escalão governo Bolsonaro, a pasta da Cultura se tornou uma espécie de entrave para a nova gestão. Deixou de ser ministério e se transformou em secretaria. No meio de um entra e sai de dirigentes da pasta, foi admitido Roberto Alvim que, no ultimo dia 17 de janeiro, teve que ser também destituído do cargo. O então dirigente declarou ao mundo que era um incorrigível simpatizante do Nazismo. Para definir os rumos da arte brasileira ele se manifesta em vídeo com um discurso semelhante ao ministro de Hitler, Joseph Goebbels. Agora, Bolsonaro convida a atriz Regina Duarte para ocupar o cargo. Neste ponto, não pretendo entrar no mérito. A questão é que a cultura brasileira merece respeito.
Questiono aqui a falta de sensibilidade por parte das autoridades no trato da cultura do País. Primeiro, ao invés de melhor aparelhar o serviço, o Governo transformou o Ministério da Cultura em uma secretaria. E chegou a cogitar a possibilidade da cultura fazer parte da Secretaria Especial do Esporte. Para mim, isto é uma forma de desqualificar um setor importantíssimo. A cultura incorpora a própria identidade de um povo. É através das realizações artísticas que revelamos nossa capacidade de expressão, que idealizamos sonhos, transformamos realidades e evoluímos como seres sociais. Não merecemos representantes que enxerguem nossas criações artísticas sob a ótica nazista. Esperamos um dirigente que conheça e respeite as modalidades de nossa concepção cultural.
Acredito que o bom ministro da Cultura para nós será aquele dotado de capacidade intelectual e social para perceber que será preciso desenvolver um trabalho não para o Brasil, mas para os Brasis, porque a diversidade cultural deste país é imensa. Cada unidade da federação apresenta características culturais próprias. Em se tratando de um mesmo evento, cada estado ainda pode apresentar diversificação na manifestação artístico-cultual. O Reisado de Fortaleza, por exemplo, é diferente do Reisado do Cariri; e o de Sobral é o Bumba meu boi de outras regiões do País.
Assim, podemos perceber o quanto a manifestação cultural é minuciosamente diversificada. Outro parte de nosso folclore que expressa pontos bem particulares em cada região é o Carnaval. Há bem pouco tempo, diante da indiferença governamental, a Rede Globo no período do Carnaval, veiculava uma vinheta produzida pelo designer Hans Donner, onde a carnavalesca Valéria Valenssa aparecia sambando sem roupas, crente de que estava representando todos os brasileiros. Só se for o Carnaval que envolve dois personagens: uma mulata despida e um gringo para apreciar. Hoje, graças ao bom senso, a mesma emissora tem exibido cenas de Carnaval onde se manifestam traços culturais de cada região do Brasil.
Esperamos a reestruturação do Ministério da Cultura e que o órgão invista no setor visando desenvolvimento nos setores artístico, social e econômico. O novo dirigente do órgão terá de ser criterioso na hora de viabilizar projetos, de implementar programas, de incentivar o desenvolvimento cultural pertinente a cada região. Só assim o grande contingente envolvido nas manifestações folclóricas, nos elencos de teatro,do cinema e da produção artística de qualquer ordem se sentirá representado na sua integralidade.