Depois de terem aprendido tantos ensinamentos do Mestre Jesus, os discípulos desejam aprender algo a mais e pedem humildemente: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11, 10). Certamente, aqueles discípulos já haviam presenciado, em vários momentos, a atitude orante de Jesus, o que lhes instigou a fazer o mesmo.
O Mestre, assim, lhes ensina uma oração simples, mas cheia de tantos elementos da existência humana, da nossa relação com Deus e com os irmãos. O pai-nosso é a oração por excelência que ecoa dos lábios dos filhos e filhas de Deus. A Ele nós podemos recorrer de maneira terna e afetiva, chamando-o de PAI. O pai de toda a comunidade, que nos arranca do egoísmo, fazendo-nos chamar-lhe de Pai-nosso.
A essência dos ensinamentos da doutrina cristã e do catecismo estão contidos nesta bela oração. Nos pedidos iniciais, Jesus nos abre a uma relação com Deus, tendo em vista a realização do seu Reino e a santificação de seu nome. Os demais pedidos nos conduzem à transformação das relações entre as pessoas com a partilha do pão, do perdão e da libertação da infidelidade.
De fato, a abertura do cristão, na oração, nos traz a confiança e a proximidade com Deus, mostrando-nos que há também uma grande responsabilidade em sermos filhos desse Pai. Santificando o nome de Deus com o nosso testemunho, atualizamos o seu reinado neste mundo e cumprimos a sua santa vontade em tornar o mundo mais humano.
Para isso, o compromisso cristão é importante na partilha e comunhão do pão e na realização da justiça social. O “pai-nosso” nos dá a cada dia o “pão nosso”. Toda a comunidade é envolvida na dinâmica cristã da solidariedade e da fraternidade. Todos têm direito ao pão, à terra e à moradia.
Nesse sentido, o agir fraterno só é possível na prática do perdão, o perdão dado por Deus a nós e oferecido aos irmãos. O último pedido exprime a consciência da fraqueza humana diante da tentação. Necessitamos da graça de Deus para que sejamos livres de todos os males e perigos, especialmente do maior de todos os males que é o pecado.
A sociedade em que vivemos nos condiciona em torno do ter, do poder, da ambição, do prestígio e da idolatria, as tentações de Jesus. O Mestre, por sua vez, nos ensina a pedirmos ao Pai, que não nos deixe cair nessas tentações.
Que a seu exemplo, saibamos rezar com perseverança e confiança, conformando a oração com a missão. Imitemos suas palavras e gestos a fim de que continuemos o seu programa libertador, livrando-nos das amarras do egoísmo. Que o amor e a misericórdia do Pai, expressos na oração do pai-nosso nos impulsionem nessa caminhada.

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