A vida é dom e compromisso do cristão
Há mais de cinco décadas, a Igreja, a partir da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, celebra a Campanha da Fraternidade, vivenciada no tempo quaresmal. O objetivo é anunciar a cada ano, nesse tempo propício, a importância de não separar a conversão do serviço aos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados.
Neste ano, de um modo especial, o tema da Campanha trata do valor da vida em todas as suas instâncias, seja humana, vegetal ou animal. Somos chamados a tomar responsabilidade em cuidar e respeitar a vida, desde o início até o seu término natural. Estando atentos a qualquer forma de vida que esteja ameaçada, devemos ter a atitude samaritana de ver, sentir compaixão e cuidar.
Por isso, o lema da CF é baseado no evangelho do bom samaritano: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele.” (Lc 10, 33-34). Tal parábola inspira e ensina o compromisso de cuidar do dom da vida. É necessário, pois, difundir uma cultura samaritana que vá de encontro àquilo que o Papa Francisco chama de globalização da indiferença.
Assim nos diz o Sumo Pontífice: “À semelhança de Deus, que ouve o pedido de socorro dos que sofrem, devemos abrir nossos corações e nossas mentes para deixar ressoar em nós o clamor dos irmãos e irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados, visitados”. Nos caminhos da vida, onde encontramos vidas sofridas, é necessário escolher a rota da caridade.
A Igreja quer constantemente recordar a sua missão de salvar o homem em sua totalidade. Desse modo, a fé cristã abarca essencialmente uma dimensão espiritual, mas também um aspecto social. Precisamos ter zelo pela vida e fortalecer em nós a compaixão.
Muito nos ensina o testemunho de Santa Dulce dos Pobres, o Anjo Bom do Brasil. Ela é a grande inspiradora desta Campanha, por ser a “boa samaritana” dos dias atuais. Uma vida que se santificou por meio do cuidado a outras vidas.
Portanto, a CF quer nos fazer compreender que uma atitude samaritana, por mais simples que seja, é capaz de matar o vírus torpe da ganância, do preconceito, da intolerância. O mundo precisa de cristãos samaritanos e esse tempo quaresmal é propício para gerar em nós tal conversão. A criação geme em dores de parto. Devemos, assim, ver onde está essa dor, compadecer-se e cuidar das vidas ameaçadas.