Acidentes com Escorpiões estão entre os mais registrados de animais peçonhentos em Sobral

Escassez de chuva no segundo semestre do ano colabora no aumento de acidentes com animais venenosos que se dirigem às residências em busca de abrigo, água e alimentação
Dentre os vários animais peçonhentos (aqueles que possuem glândulas de veneno), os escorpiões são os que mais aparecem nos dados das notificações de acidentes registradas no município de Sobral até o momento. Medidas preventivas devem ser tomadas e, as pessoas afetadas devem procurar uma unidade de saúde o mais rápido possível. O atraso na procura por ajuda pode causar consequências graves. Na cidade, apenas 16 pessoas procuraram ajuda médica depois de terem sido picadas neste ano, o que é preocupante ao levar em consideração que o escorpião é o animal peçonhento que possui maior notificação de acidentes no país.
Segundo a veterinária e gerente da unidade de vigilância do Centro de Zoonoses de Sobral, Amanda Albuquerque Rocha, os altos números de acidentes causados por escorpiões deve-se a rápida proliferação do animal: “Uma característica dos escorpiões que facilita a proliferação é que as fêmeas não precisam do macho para gerar sua descendência, uma fêmea consegue produzir sua prole”, ressalta ela.
Amanda preocupa-se com o número de 16 notificações de acidentes por escorpiões registrados no município: “Muito mais já tiveram, e isso significa que as pessoas não procuram a unidade de saúde. Todos os escorpiões têm toxinas, porém algumas são fortes e outras fracas. A espécie mais encontrada em Sobral e no nordeste, de forma geral é o ‘stigmurus’, (o amarelinho). Os escorpiões não são animais agressivos, quando eles picam, só se defendem de algum susto”, aponta a veterinária.
Cuidados
O uso de agentes químicos em escorpiões não os elimina como acontece com outros animais; um motivo do Ministério da Saúde não trabalhar com borrifação nas residências. De acordo com Amanda, o escorpião é um animal que tem uma carapaça de queratina, é bem dura e rígida, e os agentes químicos que grudam nessa carapaça não conseguem entrar no organismo do escorpião, entram então pelo ar, e assim que ele sente ele dificulta a passagem da toxina pelas suas carapaças. Na verdade, eles migram para o quarteirão seguinte, ou casa vizinha, geralmente eles se abrigam dentro de casa. São animais que vivem nos ralos e saem para procurar abrigo (ambientes escuros), alimento (geralmente baratas) e água.
Quando alguém leva uma picada, a medida correta é lavar o local com água e sabão e, procurar uma unidade de saúde, porque a pessoa precisa ficar em monitoramento. Amanda ressalta que a picada do escorpião possui as faixas etárias de risco: “Principalmente crianças e idosos. Aqui na zoonoses a gente monitora o inseto, o vetor. Às vezes a pessoa é picada e o animal foge e, não conseguimos identificar qual a espécie. Assim, o papel da zoonoses é monitorar as espécies; mesmo se não for picado é importante trazer para a gente. Com isso, o agente de endemias se dirige até a residência para fazer a vistoria, para ver se acha mais escorpiões, e é importante recebê-los porque além de capturar os animais, eles passam orientações sobre o que precisa ser revisto na casa, como proteção em ralos, colocar o lixo no dia certo que o caminhão passa e outros cuidados básicos”, enfatiza.
Serpentes e aranhas
Existem serpentes com venenos e outras sem. As com veneno mais populares no nordeste são a jararaca, a cascavel e a coral. Amanda Albuquerque enfatiza: “Quem trabalha em lavoura, com limpeza, deve ter o cuidado de bater a toalha, o lençol antes de usar, nunca calçar nenhum calçado antes de bater. As serpentes com ou sem veneno mordem para se defender. Entretanto, a boca do animal é suja, então a orientação para qualquer tipo de mordida é a mesma: procurar o pronto socorro”.
Acidentes com aranhas também ocorrem com frequência. De acordo com Amanda, os casos mais comuns são registrados com a aranha marrom: “Ela é doméstica, elas se escondem. A aranha marrom, às vezes ela pica e a pessoa não ver, os sintomas são vermelhidão e bolhas”, ressalta a veterinária. Ela ainda enfatiza que para qualquer picada ou mordida de animais peçonhentos, deve-se tomar cuidado com a automedicação, pois pode agravar a situação.



