As Festas de Nossa Senhora Santana

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Salmito Campos

As festas de Nossa Senhora Santana na Região Norte do Estado do Ceará acontecem nos municípios de Tianguá, Varjota, como já comentei aqui na minha coluna sobre Santana do Acaraú e Mucambo, minha terra querida. Todas elas com a mesma religiosidade, iniciando no dia 17 indo até o dia 26 de julho. São nove novenas em que a religião católica tem o mesmo ritual. Os fiéis vão à missa e logo em seguida participam do leilão daquela noite que foi destinado a um grupo de pessoas que foram pedir as prendas para serem leiloadas. O último, dia 25, é o leilão da própria paróquia.
Lembro que em Mucambo, quando ainda jovem participei do Leilão dos Estudantes. Nunca tinha havido esse grupo para leilão. Normalmente eram os grupos: dos comerciantes, da educação, dos marchantes, das missionárias do Coração de Jesus, das escolas da cidade, da prefeitura, etc.
Mons. Domingos Gusmão de Sabóia, depois do leilão fazia visitas às barracas. Com sua sabedoria e animosidade, vendo aquela juventude entusiasmada me convidou para uma reunião na sua casa juntamente com mais alguns jovens. Era exatamente para formar o Leilão do Estudantes. E lá, depois de algumas conversas, olhou para mim, e disse: “Bichin”, você podia encabeçar o leilão com a “Chica”. Não lembro mais quem era essa Chica, Sebastiana, era assim que ele tratava as pessoas.
A juventude caiu em campo no dia seguinte. Convidamos o Maestro Lustosa para nos acompanhar com o seu saxofone no centro da cidade para pedir esmolas. Das pessoas que mais lembro é do amigo José Horlando Aguiar Azevedo. Foi um sucesso total.
Fomos à luta numa animação extraordinária pedir esmolas nos lugarejos próximos à cidade. Convidamos algumas pessoas da cidade, que moravam fora e partimos. Ganhávamos de tudo. Quando chegávamos numa casa e fazíamos a nossa apresentação, os donos da casa ficavam encantados de verem aquele grupo de jovens entusiasmados, com os olhos brilhando, por estarem contribuindo com o Leilão de Nossa Senhora Santana.
As prendas que ganhávamos eram as mais variadas possíveis. A exemplo de: feijão, arroz, farinha, milho verde, galinha, ovos, cachos de banana, etc. Aliás, até um garrote nós ganhamos. E por falar em ovos, quando a fome chegava, além de café com tapioca, pão, que os anfitriões nos ofereciam, íamos além disso. Eu, por exemplo, quando a fome bateu em mim, mais forte, pegava um ovo cru, (da Santa), quebrava e botava na boca. Vixe! Muita gente achava um horror.
No Leilão dos Estudantes emoção era o que não faltava. Todos empolgados, cada um com a sua função. O anotador com o caderno e caneta na mão. Uns organizando e outros subindo as prendas para serem leiloadas.  Eu fui o leiloeiro. Vibrava demais quando uma prenda subia além do que imaginávamos.
Resultado final: tiramos o 1º. Lugar. Todavia, a prefeitura para não ficar por baixo, cobriu o valor e nós ficamos em segundo.
Prof. Salmito Campos – (jornalista e radialista).

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