“As vossas lágrimas são as minhas lágrimas”

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Na última semana, o Papa Francisco esteve em visita à República Democrática do Congo, em solidariedade a um povo que vive sendo explorado e destituído de sua dignidade em prol da exploração econômica e de novas formas de colonialismo. Na ocasião, o Sumo Pontífice, em tons proféticos de denúncia social, pediu o fim do enriquecimento com “dinheiro manchado de sangue”.
Essa realidade vivenciada pelo povo congolês tem gerado conflitos terríveis na parte leste do país, onde a população sofre massacres, estupros, destruição de aldeias e a destituição de sua própria dignidade. Tudo isso por conta da exploração das riquezas do país pelo colonialismo europeu, que constitui uma das formas de escravidão contemporânea.
Chamou atenção do mundo a comoção do Papa Francisco ouvindo os relatos das vítimas das guerras, abençoando e encorajando cada pessoa que partilhava um pouco das violências que sofriam por parte dos exploradores. Comovido, o papa afirmou juntar suas lágrimas às lágrimas daquele povo oprimido.
Tais acontecimentos, como a exploração do povo congolês e a situação desumana em que se encontrava o povo yanomami, no Brasil, contituem-se como verdadeiros crimes humanitários. São situações que clamam pela concretização dos direitos humanos em regiões onde os povos mais frágeis são abandonados em seu próprio sofrimento.
São retratos de situações que acontecem em várias partes do mundo, onde a riqueza de uns poucos é construída sobre a violência e a morte de populações inteiras. Fica nítido o abismo social que ainda perdura no mundo, não obstante o progresso da técnica e as grandes revoluções informacionais.
Ao progresso constrasta a barbárie, a fome, a miséria. Prevece um sistema econômico-financeiro que mata, escraviza e destrói a natureza. E os dramas enfrentados pelos países explorados não são escutados e nem vistos pelos países economicamente mais desenvolvidos.
É por isso que o Papa Francisco grita em favor do povo congolês e dos povos destituídos de sua dignidade. Ele reafirma que a Igreja está do lado dos pobres, enxergando a dignidade de todos os povos, conclamando o mundo a construir uma economia diferente que faz viver e não mata. É necessária uma mudança de paradigma, passando da dominação ao paradigma da esperança, da reconciliação e da fraternidade.

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