Herculano Costa

Diz um adágio popular: “Cada terra com seu uso, cada porca com seu fuso”. Isso quer dizer que, cada região, cada pessoa ou comunidade tem seus hábitos manias e costumes. Em todas as partes do mundo há costumes e hábitos diferentes que, geralmente, estão relacionados a maiores ou menores graus da educação formal de seus povos. Isso são as chamadas tradições culturais de cada povo.
As civilizações mais antigas do mundo têm suas tradições culturais mais rígidas. Já as civilizações mais jovens, dadas às misturas de costumes mais antigos com outras práticas e hábitos mais moderno advindas de seus colonizadores, têm suas tradições culturais mais abertas.
De modo que, para quem se propõe ser “cidadão do mundo”, ou seja, viajar a países diversos, em excursões turísticas ou mesmo a fazer intercâmbios culturais, é recomendável visitar manuais de orientações sobre relacionamentos interpessoais no exterior.
Brasileiros costumam relacionarem-se de forma mais calorosas e mais afetivas com outras pessoas conhecidas ou não, o que, às vezes, causa um certo estranhamento a quem recebe aquele tratamento ou cumprimento mais acalorado. Costumes brasileiros nem sempre caem bem no exterior. Há costumes do Brasil que são malvistos em muitos outros países alhures. O que aqui soa como natural ou é visto com simpático pode ser mal interpretado em outras culturas.
Por isso, conheça-os e os evitem em suas viagens.
No Brasil, cumprimentar com abraços e beijos, no rosto e nas mãos, é visto como sinal de simpatia. Esse contato físico é parte do jeito caloroso do brasileiro. No Japão, isso é visto como invasivo, pois eles prezam por distância e formalidade, em seus relacionamentos com estrangeiros. Saudações são discretas, como o ato de se curvar levemente. Falar alto, rir e gesticular em público no Brasil algo muito natural. Isso expressa o bom humor e a sociabilidade típicos do nosso país. Já na Alemanha, o comportamento barulhento pode ser visto como falta de respeito. Lá se valoriza o ambiente calmo e reservado.
Chegar um pouco atrasado no Brasil, mesmo em compromissos sociais, é coisa tolerada. Muitas vezes isso não é incomodante e nem gera comentários.
No entanto, na Inglaterra, a pontualidade é essencial e é sinal de desrespeito fazer os outros esperar. Atrasar-se soa como um desleixo ou uma desconsideração. O Big Ben, por sinal, é um dos símbolos de boa hora e da precisão britânica.
Dividir a conta em bares e restaurantes é prática comum no Brasil. Cada um paga o que consumiu e isso é bem aceito. Mas na China, dividir a conta pode parecer descortês. O costume é quem convida paga tudo, como sinal de honra.
Elogiar a casa ou os pertences de alguém no Brasil é gentileza. Isso demonstra simpatia e apreço pelo anfitrião. Em países árabes, o elogio pode causar desconforto. Em algumas culturas, pode soar como inveja ou criar obrigação de o anfitrião presentear o visitante.
Usar apelidos carinhosos e fazer piadas entre amigos é comum no Brasil. Isso demonstra afeto e descontração. Na Suécia, piadas e apelidos no trabalho ou em outras ocasiões podem parecer pouco profissional e muito descortês. Até em momentos de descontração o ambiente costuma ser mais formal.
Crianças barulhentas em locais públicos são bem toleradas no Brasil. Há sempre paciência com o comportamento infantil. Mas já na França, esperam-se crianças mais discretas em público. Pais são cobrados a manterem o bom comportamento dos filhos.
Roupas informais como bermuda e chinelo são aceitas no Brasil. O conforto é prioridade em muitas situações. Porém, na Itália, por exemplo, roupas informais podem ser vistas como desrespeito em certos locais. Em Igrejas, praças, ruas e restaurantes exigem-se muitas formalidades.
Colocarem-se os pés em cadeiras ou bancos, domésticos ou públicos, passa despercebido no Brasil. Isso é visto como um ato de relaxamento. Em Singapura, Malásia, Indonésia esse gesto pode ser extremamente ofensivo. Os pés são considerados impuros em algumas culturas asiáticas.
Fazer-se perguntas pessoais no Brasil, como estado civil, a que família pertence, onde mora, de onde vem, para aonde vai é muito comum e não censurável. Isso denota interesse e amizade. Mas, nos Estados Unidos, isso pode soar como invasão de privacidade. Os americanos prezam muito pela reserva em suas conversas iniciais.

Por Herculano Costa – (¹), (²) (hercoscosta@gmail.com) – (¹) Jornalista RI ACI Nº 1.216 – (²) – Neuropsicanalista Clínico, Professor, Escritor e Poeta.

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