Concentração de Renda no Ceará é crescente desde 2014

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Revista Veja Matéria: Aumento da pobreza do Brasil Personagens: Eduardo Bizerra da Silva(pai, catador de papel), Fabiana(mãe) e filhos Alex, Alessandra e Alana(bebê de oito meses) Foto: Cristiano Mariz Data: 29/11/2017 Local: Plano Piloto - Brasília - DF

Em 2019, com dados da PNAD Contínua, o índice de Gini do rendimento domiciliar per capita do Ceará foi de 0,561, apresentando aumento em relação a 2012 (0,547), ano inicial da série do indicador, e a 2014 (0,522), menor índice da referida série. A desigualdade monetária no nível dos estados da Região Nordeste mostra um padrão sistemático no período em análise, no qual o estado de Alagoas é aquele com menor desigualdade de rendimentos (0,524 em 2019), em contraste com Sergipe, cujo Gini foi de 0,580 em 2019. O Rio Grande do Norte foi o estado que apresentou maior crescimento percentual do indicador entre 2013 e 2019 (10,0%). Nesse contexto, três Municípios das Capitais na Região se destacaram como os mais economicamente desiguais: Recife (0,612), João Pessoa (0,591) e Aracaju (0,581) – Fortaleza apontava índice de Gini de 0,574. A única capital a ficar abaixo do patamar de 0,500 no País foi Goiânia (Goiás), com Gini de 0,468.
A Distribuição percentual do total do rendimento domiciliar per capita por classes de percentual de pessoas em ordem crescente de rendimento domiciliar per capita e respectivas variações percentuais – Ceará – 2012/2019 detinham 0,8% do rendimento domiciliar per capita total, o décimo seguinte (de 10% a 20% da população com menores rendimentos) se apropriava de 2,0% e assim por diante até o último décimo (mais de 90% da população ou os 10% com maiores rendimentos), ao qual correspondia 45,7% nesse mesmo ano.
A soma de todos os percentuais apropriados por cada décimo soma 100% do rendimento domiciliar per capita total em cada ano. Em uma primeira vista nos dados, chama atenção, mais uma vez, a pouca variação da estrutura da desigualdade cearense refletida pela distribuição muito desigual dos rendimentos entre as pessoas ao longo dos anos. Para o período como um todo, entretanto, observa- se que os 10% com menores rendimentos, embora mantendo uma parcela em torno de 1% do total, perderam 16,7% de participação e o segundo décimo 7,8%. Isso está em contraste com o aumento observado de 3,8% no último décimo, situação que indica uma piora na desigualdade monetária entre 2012 e 2019. Em relação ao ano anterior (2018), houve perdas em todos os décimos, com exceção dos 10% com maiores rendimentos, ganharam 3,8% de participação.

Linhas de Pobreza – quase 47% da população vivia com até meio salário mínimo
Outra forma de avaliar a desigualdade econômica toma por base o valor do salário mínimo, que é referência nacional de padrão mínimo de vida para a população.
Nesse sentido, 21,2% da população cearense, em 2019, viviam com até o valor de ¼ de salário mínimo per capita mensal (cerca de R$ 250) e quase 47% com até ½ salário mínimo per capita (R$ 499). No Nordeste, quase metade da população tinha até esse último patamar de renda mensal. No outro extremo da distribuição, no Ceará, 2,3% tinham rendimento per capita superior a 5 salários mínimos (R$ 4.990).

Condições de moradia e saneamento – 46,7% da população cearense residia em domicílios com esgotamento pela rede coletora ou pluvial
A marcada concentração de renda observada no Brasil, bem como as significativas desigualdades regionais e raciais, reflete-se nas condições de moradia da população. Neste tópico, são abordadas essas relações a partir de dados da PNAD Contínua que, desde 2016, coleta informações relativas às características dos domicílios, abarcando sua estrutura física, o acesso a serviços domiciliares e a presença de bens no domicílio.
Em 2019, segundo a PNAD Contínua, 5,4% da população cearense (489 mil de pessoas) viviam em domicílios sem banheiro de uso exclusivo; 0,8% viviam em domicílios com paredes de taipa não revestida, de madeira aproveitada (como tapumes ou madeira retirada de pallets) e de outros materiais; relativo ao adensamento domiciliar excessivo, definido como uma situação em que o domicílio tem mais de três moradores para cada cômodo utilizado como dormitório, a pesquisa aponta que essa inadequação atingiu 6,9% da população do Estado; o elevado comprometimento da renda com o aluguel pode impedir o acesso dos moradores a outras necessidades básicas, essa situação é classificada de ônus excessivo com aluguel, em 2019, 4,6% da população do Ceará residia em domicílios com essa inadequação.
Por fim, a ausência nos domicílios próprios de documentos que comprovem a propriedade do domicílio. Essa informação foi levantada pela PNAD Contínua pela primeira vez em 2019. A ausência de documentação que comprove a propriedade é uma inadequação nas condições de moradia na medida em que implica algum grau de insegurança da posse por parte dos moradores. Em 2019, 20,0% da população do Estado do Ceará, residia em domicílios próprios sem documentos de comprovação da propriedade.
Também o acesso aos serviços de saneamento básico (abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede coletora e coleta domiciliar direta ou indireta de lixo) revela-se fortemente relacionado à pobreza monetária. No conjunto da população, 82,9% residia, em 2019, em domicílios com coleta direta ou indireta de lixo, 77,9% em domicílios com abastecimento de água pela rede geral, e 46,7% em domicílios com esgotamento pela rede coletora ou pluvial. A combinação entre ausência dos serviços públicos de saneamento e situação de pobreza monetária pode significar uma vulnerabilidade maior, na medida em que a adoção de soluções individuais, como poços artesianos, aquisição de água mineral e fossas sépticas, em geral envolvem dispêndio financeiro.
Fonte: IBGE/CE – Supervisão de Disseminação de Informações – SDI

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