Conversa com o Patrimônio Industrial

“Conversando sobre Patrimônio Industrial e outras histórias: palavras, espaços e imagens” de Ana Cardoso de Matos e Telma Bessa Sales, Edições UVA, é uma pesquisa meticulosamente elaborada para dissecar um assunto que abrange diversas áreas, como História, Geografia, Sociologia, Arte, Arqueologia. Sobral não integra o universo pesquisado, porém, mais adiante podemos fazer um breve paralelo entre o que traz a obra e o que ocorre na Cidade, em relação a seu Patrimônio Industrial, nos aspectos político, social e econômico.
São 242 páginas em formato e-book, que intencionalmente alimentam o debate interdisciplinar como melhor caminho de difundir o conhecimento e democratizar o entendimento sobre quem são os verdadeiros autores da história, de determinado espaço social, no universo do Patrimônio Industrial. Para explanar este tema, se faz necessário considerar não só o aspecto narrativo da história, mas também a parte concreta, física, onde se perpetram a prática, a vivência, o trabalho que vêm incorporar o Patrimônio Industriai, ou seja, a ação do contingente operário. Tal patrimônio pode ser estudado desde o projeto arquitetônico, passando pela produção naquele espaço, até a consequente repercussão social.
As autoras buscaram apoios técnico, científico, e financeiro, em instituições de vários estados do País e do Exterior. Para garantia de arrimo acadêmico, elas formalizam parcerias com renomadas instituições europeias, tais como: Universidade de Coimbra/ Universidade Autónoma de Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, Biblioteca Nacional de Lisboa, Universidade de Évora (Faculdade de Ciências Sociais). A obra nos possibilita um forte diálogo com o próprio Patrimônio Industrial. Velhas instalações podem revelar com profundidade a história de uma determinada região, se a Ciências buscar essas respostas. Veremos que este assunto tem muito a ver com a cidade de Sobral.
A pesquisa nos instiga ao debate a partir do prefácio de autoria de Alessandro Portelli, professor de Literatura Norte-Americana da Universidade di Roma “La Sapienza”. Na oportunidade, ele descreve uma vista de ruínas das torres de uma fornalha para a fabricação de tijolos, na periferia romana. A seu ver, um trecho da história socioeconômica de um povo ali corre o risco de desaparecer. Inspirada na observação de Portelli, lembrei-me das duas indústrias de maior expressão econômica que há décadas fecharam as portas na cidade de Sobral: a Fábrica de Tecido e a Cidao (Companhia Industrial de Algodão e Óleo).
Hoje, o prédio da Fábrica de Tecido abriga cursos da UFC; o da Cidao, vários cursos da UVA. Tudo bem, houve ganhos. Mas ninguém dá testemunho sobre os que nestes espaços outrora atuaram, viveram, trabalharam e sonharam; movimentaram a economia da região. Lembrei-me ainda do desaparecimento de fabricas de sabão, de redes, de chapéu de palha; de uma indústria de processamento da castanha de caju e até da falência de um cortume. Estes empreendimentos ocuparam mão de obra de todos os bairros periféricos da cidade de Sobral e de municípios adjacentes.
Ao confrontar a abordagem do e – book em análise com a realidade local, descobri que também podemos ter uma conversa franca sobre e com o Patrimônio Industrial da Princesa do Norte. Ele resistiu a mudanças de toda ordem. Edificações ainda preservam traços culturais de um passado recente. São construções que gritam histórias impressas nas suas feições arquitetônicas. Estas instalações continuam acenando fortemente para os cientistas sociais. É só olhar.
Sobral e de municípios adjacentes
Ao confirmar a abordagem do e – book em análise com a realidade local, descobri que também podemos ter uma conversa franca sobre e com o Patrimônio Industrial da Princesa do Norte. Ele resistiu a mudanças de toda ordem. Edificações ainda preservam traços culturais de um passado recente. São construções que gritam histórias impressas nas suas feições arquitetônicas. Estas instalações continuam acenando fortemente para os cientistas sociais. É só olhar.



