De Olho na Língua
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Caso hajam (ou haja?) problemas, chamaremos o diretor.
A construção correta é: Caso haja problemas, chamaremos o diretor. O verbo haver, quando empregado na acepção de existir, ocorrer ou acontecer, é impessoal, não admite flexão. Exs.: Ciúmes havia na relação deles; Divergências jamais haverá entre nós; Costuma haver situações delicadas;
Há de existir os saudosistas.
Nunca diga “haja visto”!
A locução também não varia no plural (no Português Contemporâneo). Veja dois exemplos do grande Rui Barbosa: “Haja vista o decreto de lei de 13 de outubro”; “Haja vista minhas Cartas de Inglaterra”. A expressão “haja vista” corresponde a “veja”, “por exemplo”, etc.
Músico e musicista (Qual a diferença?)
Músico é o que toca algum instrumento musical e também o que canta ou compõe canções. Tom Jobim era um excelente músico. Musicista é o que aprecia a música, o que ama a música, sem necessariamente ser músico. Todos somos musicistas, naturalmente; basta ter bom-gosto.
Músico (É o homem; e a mulher?)
A mulher é música. Fátima Guedes é uma grande música brasileira. Mulher sempre é música.
Ao meu ver
Diga-se: A meu ver. Não existe artigo nessas expressões. Exs.: A meu ver; a seu ver; a nosso ver.
Tráfego/trafegar; Tráfico/traficar
Convém não confundir esses termos. TRÁFEGO – Entre outros significados, é o movimento de veículos, navios, aviões, pedestres, etc. numa área ou numa rota. Ex.: O tráfego aéreo foi interrompido por causa do mau tempo; Não é permitido trafegar em estradas públicas com a plataforma ocupada à colhedora. O verbo correspondente ao substantivo tráfego é trafegar.
TRÁFICO – É negócio desonesto, ilícito ou fraudulento. Ex.: Tráfico de drogas; Tráfico de escravos; Tráfico de influência; Tráfico de mulheres; Tráfico de órgãos humanos, etc. O verbo correspondente a tráfico é traficar.
NOTA: É Bom não confundir esses termos porque observei, em uma instituição de ensino da cidade, pessoas que trabalham no setor que é para ser denominado de ‘tráfego’ chamarem de ‘tráfico’, o que é muito perigoso.
Em greve ou de greve?
A primeira locução é a correta. Muitos, todavia, usam “de greve”, que não existe. Exs.: Todos entramos em greve; Estamos em greve; Ficamos em greve; Permanecemos em greve, etc. Muitos dizem: “Estamos em processo de greve” – Frase perfeita, mas só é aceita quando o movimento ainda não foi deflagrado ou quando está na iminência de acontecer. Foi justamente dessa frase que surgiu a locução “de greve”.
Dolo (ó) – Incesto (é)
A palavra dolo (ó), a qual significa ato consciente, ou intenção, com que se induz, mantém ou confirma outrem num erro, má-fé, tem o primeiro “ó” bem aberto. Ex.: Não houve dolo (ó) naquela atitude. Incesto (é) significa união ilícita… A pronúncia do ‘e’ aberta. Não tem nada a ver com cesto. No Português contemporâneo essas pronúncias não são seguidas à risca.
Desejar votos
Redundância: Na palavra votos já existe a ideia de desejo. Assim, desejar “votos” é rigorosamente o mesmo que escrever “um escrito”; falar “uma fala” ou pescar “um peixe”. Votos se formulam, se expressam. Portanto: Formulo-lhe votos de muitas felicidades. Ou: Desejo-lhe muitas felicidades. E a felicidade se fará…
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.
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