De Olho na Língua

“EM PÉ” OU “DE PÉ”
“Há dias, em uma cerimônia litúrgica, ao dizer a frase ‘fiquemos todos de pé para a aclamação ao Santo Evangelho’, fui contestada por alguém que me disse que o certo é ‘fiquemos todo em pé…’ Quem, então, está com a razão?”, perguntou-me uma leitora desta Coluna. Resposta: As duas formas ocorrem na língua padrão. Ambas são mais do que corretas e consagradas.
No verbete “pé” dos dicionários Novo Aurélio Século 21 e no Houaiss, as expressões “de pé” e “em pé” são dadas como equivalentes, com o significado de “em posição vertical”, “ereto”.
“A pé” é outra história. Significa “com os próprios pés”, “caminhando” ou “na sola”, como diz a garotada: Fui até lá a pé; Fomos de Sobral a Forquilha a pé.
O JOGADOR CAIU E PATINOU NO CAMPO
Diga-se com acerto: O jogador caiu e “patinhou” no campo. Só patina quem anda em patins. “Patinhar” é agitar a água como fazem os patos.
SOU “DE” MENOR / SOU “DE” MAIOR
Ninguém é “de” menor, nem “de” maior. Na língua culta ou mais cuidada existe o menor de idade e o maior de idade. Portanto, diga sempre, como gente grande: Sou menor, ou, então, como gente que entende: Sou maior. No registro coloquial, todavia, só se encontra “de” menor e “de” maior. Um dicionário (Aquele) abona as expressões impugnadas. Compreende-se.
COMBOGÓ OU COBOGÓ?
Cobogó é o nome pelo qual foi batizado o tijolo vazado na engenharia civil. O berço do seu nome está nas iniciais dos sobrenomes de três engenheiros que trabalhavam em Recife (PE) e conjuntamente o idealizaram, registrando a patente e o nome em 1929. São eles: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernesto Augusto Boeckmann e Antônio de Góis. COBOGÓ. Esses tijolos têm a função principal de evitar superaquecimento, permitindo a passagem de luz e da ventilação.
ACHAR / ENCONTRAR (QUAL A DIFERENÇA?)
Usa-se “achar” para definir aquilo que se procura e “encontrar” para o que, sem intenção, se apresenta à pessoa. Exs.: João achou o que procurava; O menino achou o cão perdido; Agricultor encontra fóssil em São João do Rio Preto; Documentos raros foram encontrados no porão da biblioteca.
“PREFERIR QUE” OU “DO QUE”?
O verbo preferir, constrói-se, corretamente, com objeto direto de pessoa ou coisa, e indireta regido da preposição “a”: Prefiro Herculano a Camilo; Prefiro prosa à poesia; Prefiro sair a ficar.
Ensina Mário Barreto: “Preferir que ou do que – só se explica, enquanto a mim, por uma falsa analogia, por influência de outra locução: querer antes. Mas preferir e querer antes não têm a mesma sintaxe” (Novíssimos Estudos, pág. 73, 2ª edição – 1924)
ESTOU SEM NENHUMA MORAL PARA FAZER A PROVA
O vocábulo “moral” (a moral, no feminino) quer dizer: relativo à moralidade, aos bons costumes, à honestidade e a justiça, bons costumes, decente, educativo e instrutivo: Estou sem nenhum moral para fazer a prova. Já no masculino (o moral) quer dizer: disposição do espírito, energia para suportar as dificuldades e os perigos: ânimo.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724.



