De Olho na Língua
Um dos que (Concordância verbal)
Havendo no sujeito a expressão “um dos que”, o verbo deverá ir sempre para o plural, embora nos escritores clássicos se encontrem alguns exemplos com ele no singular. Exemplos de construções corretas: José do Patrocínio foi um dos que mais lutaram em prol da libertação dos escravos (E não: …um dos que mais lutou…); Carla foi uma das alunas que mais se distinguiram (Não diga: distinguiram) na competição (E não: …que mais se distinguiu…).
Os autores que defendem o uso do singular em certos casos dão como exemplos: O Amazonas é um dos rios que apresenta maior volume de água; Santos Dumont foi um dos brasileiros quem inventou o aeroplano. Mas as alegações desses autores são improcedentes. Para esses exemplos cabe mudar a redação: O Amazonas é o rio de maior volume de água; O brasileiro Santos Dumont inventou o aeroplano. Assim, pois, tem que ir sistematicamente para o plural.
Fazer (Já fazem dois meses, etc.)
É amplo o uso de um erro de concordância em frases com o verbo fazer, geralmente em expressões de tempo: usam o plural em vez do singular. Nessas expressões, o verbo fazer, tal como o verbo haver, é sempre impessoal e, portanto, não se flexiona. Só se pode empregá-lo na terceira pessoa do singular.
Note-se, ainda, que também não se flexionam os verbos que formam locução com o verbo fazer: Vai fazer 20 anos que ele morreu (E não: Vão fazer vinte anos que ele morreu); Pode fazer uns dez anos que ele se formou em Direito (E não: Podem fazer uns dez anos que ele se formou em Direito); Está fazendo quinze meses que regressei da Europa (E não: Estão fazendo quinze meses que regressei da Europa).
Finalmente, o mesmo critério também se aplica nos casos de expressões relativas ao tempo meteorológico, quando o verbo fazer significa ocorrer: Fez relâmpagos a noite inteira (E não: Fizeram relâmpagos a noite inteira).
“Precisam-se de vendedores” ou “Precisa-se de vendedores”?
O correto é: Precisa-se de vendedores. A partícula “se” tem a função de tornar o sujeito indeterminado. Quando isso ocorre, o verbo fica obrigatoriamente no singular. Exs.: Necessita-se de programadores; Acredita-se em milagres; Aspira-se a grandes vitórias. É interessante notar a presença da preposição: precisa-se “de”; necessita-se “de”; acredita-se “em”; aspira se “a”. Isso é uma indicação de que a partícula “se” é indeterminadora do sujeito.
Pôr e por (Qual a diferença?)
PÔR é verbo: Você pode pôr os livros na estante. POR é preposição: Treinou por um mês; Recebeu o prêmio por sua boa atuação. CURIOSIDADE: Pôr do sol é um substantivo composto, cujo plural é: pores do sol.
Questionar /perguntar (Qual a diferença?)
QUESTIONAR significa pôr em dúvida: O cliente questionou a qualidade do produto. Não é sinônimo de perguntar: O cliente perguntou se a reunião pode ser às 17 horas.
(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral (CE). Contatos: (88) 99868-2517 e (88) 98141-2183.