De Olho na Língua
Muita das vezes / Muitas vezes / Muitas das vezes?
A única expressão correta é: “Muitas vezes”. Lembre-se do belo soneto do Padre Antônio Tomais, intitulado “DESENCANTO”: Muitas vezes cantei, nos tempos idos, / Acalentando sonhos de ventura; / Então da lira a voz suave e pura / Era-me um gozo d´alma e dos sentidos.
Pai X Mãe
A palavra “mãe” não pode ser finalizada com “i” por convenção. Não existe da Língua Portuguesa ditongo nasal terminado em “i”. Exceção feita para a palavra cãibra, que pode ser escrita também câimbra (câibra/câimbra).
“Não pise a grama” ou “Não pise na grama”?
Ambas corretas. O verbo pisar pode ser acompanhado de “a” ou “na”. Portanto, use: Não pise a grama ou Não pise na grama.
A grama ou o grama?
Depende do contexto. A grama é a relva (o capim). O grama, uma unidade de peso (kilograma). Ex.: Comprou duzentos gramas de muçarela.
Entrou de chupetão no estúdio?
Diga corretamente: Entrou de supetão no estúdio. Ou seja, entrou de repente, de chofre, repentinamente. Supetão vem da palavra súbito, que significa repentinamente.
Estou em vias de concluir o curso
Diga: Estou em via de concluir o curso. Via, no caso, significa caminho, estrada, vereda. Ex.: Estou em via de (no caminho de) concluir o curso.
Estou quites com o Serviço Militar
Diga, com acerto: Estou quite com o Serviço Militar.
Escapar da prisão ou escapar à prisão?
Escapar da prisão é evadir-se, fugir dela. Escapar à prisão significa evitar ser preso. Mas isso só acontece com os endinheirados e com os políticos.
O policial extorquia o comerciante
A frase correta é: O policial extorquia dinheiro do comerciante.
Parabenizar X Analisar
Os sufixos “izar” e “isar” dão muita dor de cabeça em muita gente boa. Macete: Análise (tem “s”) – Analisar. Parabém (não tem “s”) – Parabenizar.
Na festa tinha menas gente
A palavra “menos” não existe na Língua Portuguesa. Portanto, diga sempre “menos”. A frase deverá ser: Na festa tinha menos gente.
Como um todo
Na verdade, a expressão “como um todo” é mais uma daquelas traduções servis do Inglês, propaladas por milhares do linguajar norte-americano. Vem de “As whole” (pronúncia: asrrô), que significa “globalmente, em conjunto, em bloco”.
É desaconselhável, por se tratar de redundância, dizer ou escrever: Este mal atinge a sociedade como um todo; Esta situação envolve o país como um todo; Isso aflige os apresentados como um todo; Ele se referiu ao meio-ambiente como um todo; os políticos, como um todo, são desonestos e hipócritas, etc., o que por si só já designa uma totalidade.
“O que não quero é questões” ou “O que não quero são questões”?
Ambas corretos. Na primeira frase, o verbo concorda com o sujeito “o que”. Já na segunda, o verbo concordo com o predicativo “questões”.
Pronuncia-se “Questão” ou “Kuestão”?
O VOLP da Academia Brasileira de Letras registra as duas formas. Mas a primeira (Kestão) é a mais usada. A segunda (kuestão), dando ao ‘u” sonoridade, é considerada pedantismo. Portanto: kestão, kestionário. Kestionar…
(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (88) 99373-7724.