De Olho na Língua
Mamãe não se separa do papai e do bebê
Você deve se lembrar de que antes do “p” e do “b” deve ser sempre usada a letra “m” e não a letra “n”. Assim, temos: Amparo, ambíguo, bamba, campo, tampa, tempo, tímpano, tombo, pomba, tumba. Será que há algum motivo realmente válido para que isso ocorra?
Há, sim. Basta observar o quadro classificatório das consoantes. Você irá perceber que tanto o “p” e o “b” como o “m” são consoantes bilabiais (estamos falando dos fonemas, não das letras). É justamente essa semelhança que faz com que tenhamos de usar “m” antes de “p” e “b” na grafia, pois essa letra representa o fonema bilabial aí pronunciado.
Agora você pode escrever aquela frase que um dia lhe ensinaram para explicar esse fenômeno fonético (Mamãe não se separa do papai e do bebê) e adotar uma explicação científica para o fato.
Dar à luz alguém
É assim que se usa: Dar à luz gêmeos; Dar à luz uma menina; Dar à luz sêxtuplos; Dar à luz um lindo bebê (não diga: Dar à luz uma linda bebê. Lembre-se que a palavra bebê é sobrecomum, ou seja, serve para ambos os sexos). Luz aí está por mundo. Assim: Dar à luz alguém = Dar ao mundo alguém. Há, contudo, os que insistem em “dar a luz a”. A expressão “dar a luz”, que significa publicar, editar.
O parto é cesáreo ou cesário?
Eis uma armadilha danada – O parto é cesáreo com “e’ ou cesariano com ”i”. É claro que o feminino de cesáreo é cesárea: Aquele médico faz uma cesárea por dia. E é claro que o masculino de cesariana é cesariano: Não se aconselha o parto cesariano desnecessário. Então, o parto é cesáreo ou cesariano. Por falar em parto, é bom lembrar que existe aquele feito a “fórceps”, instrumento cirúrgico. Detalhe: A forma variante é fórcipe. O parto pode ser “a fórceps” ou “a fórcipe’.
Bebê (Masculino ou feminino?)
A palavra bebê é do gênero masculino. Assim, não existe a forma “uma bebê”, tão usada na linguagem vulgar. Diga-se sempre: um bebê para menino ou menina. Se você quiser explicitar o sexo da criança, acrescente: Minha filha teve um bebê do sexo feminino.
Não confunda “estar ao colo” com “estar no colo”
“Estar ao colo” é estar ao pescoço, ao peito. “Estar no colo” é estar nos braços, nas coxas. Assim, um colar ou uma fita pode estar ao colo. Podemos também erguer uma criança ao colo, de modo que fique com uma perna de cada lado do pescoço. No sertão, as mulheres costumam ir ao trabalho levando o filho pequeno ao colo, prática que, não raro, causa vergadura nas pernas do pobre rebento – que o estigmatiza, às vezes, pelo resto da vida.
Um bebê pode, assim, estar ao colo ou no colo. De outro lado, não se costuma ver ninguém sentado ao colo de ninguém. Contudo, caro leitor, é fato corriqueiro ver alguém estar sentada no colo de outro.
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724