De Olho na Língua
Aerossol (Palavra perigosa?)
Sem dúvida nenhuma, palavra perigosíssima. Por quê? Porque quase todo mundo escreve “aerosol” (com um “s”) e pronuncia “aerozól”, ou seja, pronúncia e grafia incorretas. Escreva aerossol, cuja pronúncia é “aeroçól”, vem de aero+sol. Juntando-se os dois termos precisamos dobrar o “s”, para que a palavra sol continue a ser pronunciada “sol” e não “zol”. O interessante é que todos nós escrevemos girassol (que vem de gira+sol), mas ninguém pronuncia “girazól”. Sempre pronunciamos corretamente girassol.
Má-criação ou malcriação?
A nova edição do VOLP registra ambas as grafias. Antes, porém, só registrava má-criação. Também são boas as escritas malcriado e malcriadez. Por incrível que pareça, a referida edição do VOLP também registra malcriadeza, que até pouco tempo era um barbarismo. Talvez na próxima edição do Vocabulário ainda apareçam “menas”, “mendingo”, “mortandela”, etc.
Ao mesmo tempo que (É expressão correta?)
Sim, é a expressão correta, mas muitos inserem a preposição “em” erroneamente: Ao mesmo tempo “em” que. Construa a frase sempre assim: Ninguém canta ao mesmo tempo que assobia.
Manter a direita
Quem viaja pelas nossas rodovias está fadado a ler placas com este aviso: “Mantenha a direita”. Ou este: “Conserve a direita”. Mais seguro, porém, é sempre manter-se à direita, é conservar-se à direita. Outra bobagem que se lê à beira das nossas rodovias é esta: “Mantenha a sua mão”. É o caso de perguntar: Mantenha com quê? Com um bom hidratante? E de que marca?
Reincidir de novo no mesmo erro
Frase muito ouvida na radiofonia. É bom observar que numa frase tão curta há dois pleonasmos (redundâncias visíveis): Reincidir já significa, por si só, tornar a praticar. Quem reincide só pode reincidir na mesma coisa, não há como fugir. Procure não reincidir no erro, caro locutor. É sempre salutar.
À família enlutada, os nossos sentidos pêsames
‘Sentidos pêsames” é coisa de “doente mental”: Na palavra pêsames já existe a ideia de sentidos, doloridos, etc. Trata-se, portanto, de redundância clara. Há muita gente, no entanto, que, para mostrar muita sinceridade, exagera e acaba chovendo no molhado.
Alguém pode “defamar” um deputado?
Não. Mas difamar é coisa comum, merecidamente ou não. Todos temos o direito, também, de dilapidar uma herança. Ou que não devemos “delapidá-la”, que isso é pura extravagância. Cuidado ainda para não usar “previlégio e previlegiar”. As palavras são privilégio, privilegiar (com três “i”). Cuidado também para não dizer largatixa, cardeneta, estrupo (palavras estas que devem ser escritas e pronunciadas assim: lagartixa, caderneta, estupro).
Imparcial/Neutro (Qual a diferença?)
Diz-se imparcial aquele que não favorece nem a um, nem a outro. É o que julga sem se deixar envolver na situação. Um magistrado ou árbitro esportivo (e não juiz) deve ser imparcial. Diz-se neutro o que não toma partido nem de um, nem de outro, por não querer comprar barulhos alheios. Ex.: A Suíça não foi imparcial durante a II Guerra Mundial, mas neutra
(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Contatos: (088) 99373-7724