Dengue em casa e na rua
por Fátima Moura
Quando chega o período chuvoso já sabemos: há perigo iminente da proliferação do mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika e febre amarela. Por isso os agentes da Vigilância Sanitária intensificam as ações de combate ao mosquito que já fez muitas vítimas no Brasil, nos últimos 20 anos. Frequentemente, esses funcionários em visitas de inspeção nas casas, empresas e instituições públicas, colocam inseticidas específicos nos esgotos, verificam as calhas, vedam caixas d’água, emborcam vasilhas, dão orientação sobre prevenção de doença. As medidas nos alertam diante da situação que pode desencadear um processo de infecção na população com risco de evoluir para uma epidemia, até porque, nas primeiras semanas de 2020, segundo o boletim do Ministério da Saúde, no Brasil, foram notificados 30.763 casos de dengue, 960 casos de chikungunya e 85 de zika.
Conhecemos bem os percalços decorrentes dessas infestações; as consequências são desastrosas podendo resultar em morte. O grau de letalidade da dengue, por exemplo, varia de acordo com o tipo vírus – 1, 2, 3 ou 4. O pior é que, uma vez infectado, o indivíduo não poderá se desvencilhar de tal vírus, pois assim como não existe uma vacina de prevenção também não há um medicamento para combatê-lo no organismo. A hospitalização do paciente contaminado – apresentando um quadro com febre alta, fraqueza, dores generalizadas, manchas na pele – é só para tratar os sintomas, hidratar o corpo e proporcionar repouso, no aguardo da reação do organismo. Se o sistema imunológico do doente não age, o caso pode resultar em óbito. Os casos mais graves da infecção, a chamada dengue hemorrágica, aumenta este risco. Tudo depende do grau de capacidade do organismo na produção de anticorpos.
Voltando às ações dos agentes da Vigilância Sanitária, reconhecemos o comprometimento de cada um na ação de combate ao transmissor da dengue e de outras infecções. Cuidado, empenho e respeito são suas marcas registras ao entrarem em nossas casas. Mas o que questiono é o fato de que, reiteradas vezes, eles destacarem que o mosquito, na fase de procriação, tem preferência por água limpa e parada para a postura de ovos; mas na falta das condições ideais, põe em água suja e se reproduz no mesmo grau de sucesso. Ressaltam inclusive que, para este fim, o inseto se satisfaz com uma quantidade mínima de água acumulada em minúsculos recipientes como uma casca de ovo ou uma tampa de refrigerante. Então se é assim, o perigo está solto. Será que ninguém vê que bem no coração da cidade de Sobral, mais especificamente, na Praça da Coluna da Hora, em frente a Execute, há uma considerável quantidade de água empoçada por conta da chuva ( por mais fina que seja). Aquele acúmulo de água dá perfeitamente para infectar uma cidade inteira.
Numa abordagem conotativa, a ação dos agentes públicos trata-se de uma operação para capturar monstros de alta periculosidade que teoricamente só são encontrados no interior das residências; mas isto ocorre porque os olhos dos caçadores não foram treinados para enxergar tais seres no meio do tempo, a céu aberto. No caso daqui do centro de Sobral, o local é propício ao desenvolvimento de todo seu ciclo de vida, trata-se de um criadouro em potencial para o algoz alado importado do Egito.