Droga experimental obtém avanço inédito contra Alzheimer

0

Medicamento ataca proteínas no cérebro associadas à doença, reduzindo declínio cognitivo de pacientes em 27%, mas pode causar sérios efeitos colaterais. Este é o maior avanço em 30 anos do combate à enfermidade. Um medicamento experimental se tornou o primeiro avanço inovador em 30 anos na pesquisa sobre a doença de Alzheimer.

A droga, chamada lecanemab, obteve êxito ao desacelerar o declínio cognitivo de pacientes, ainda que tenha apresentado alguns efeitos colaterais preocupantes. Em testes clínicos, o medicamento conseguiu atacar duas proteínas associadas à doença, de acordo com cientistas e executivos de indústrias farmacêuticas. A teoria de que a eliminação da proteína amiloide – que forma flocos nos cérebros das vítimas de Alzheimer – pode desacelerar ou parar o progresso da doença vem ganhando apoio entre cientistas por conseguir agir também contra a proteína tau, associada a essa enfermidade. Riscos aos pacientes As farmacêuticas apresentaram nesta terça-feira (29/11) os detalhes da pesquisa. O lecanemab, um anticorpo projetado para remover depósitos da proteína amiloide beta, conseguiu reduzir o índice de declínio cognitivo dos pacientes na escala clínica de demência (CDR-SB) em 27% em comparação a um placebo. O estudo, realizado durante 18 meses, com 1,8 mil pacientes em estágio inicial da doença, também distingue as taxas de incidência de efeitos colaterais do lecanemab, que às vezes são graves e mais frequentes do que no grupo de pacientes que receberam placebo. Dos doentes tratados com lecanemab, 17,3% sofreram hemorragias cerebrais, em comparação com 9% no grupo placebo, e 12,6% das pessoas que receberam este medicamento experimental sofreram de edema cerebral, em comparação com apenas 1,7% no grupo placebo.

No entanto, a taxa de mortalidade geral é praticamente a mesma nos dois grupos, 0,7% nas pessoas tratadas com lecanemab e 0,8% nas tratadas com placebo. Durante o período de testes, 68% dos pacientes tratados com lecanemab ficaram livres das proteínas amiloides, segundo a Esai.

A droga também diminui os níveis da proteína tau que forma emaranhados tóxicos dentro das células do cérebro. Dos pacientes que apresentaram hemorragia no cérebro, cinco tiveram macrohemorragia e 14% microhemorragias, um sintoma associado a duas mortes de pacientes medicados com a droga em um estudo subsequente. Os pacientes que morreram eram uma mulher de 65 anos que recebia um tipo de medicamento conhecido como ativador do plasminogênio tecidual para remover coágulos sanguínesos após um AVC e um homem de 87 anos medicado com o diluidor de sangue Eliquis. A Esai assegura que essas mortes não podem ser atribuídas ao lecanemab. “Mudar o curso da doença” A Associação do Alzheimer, com sede nos Estados Unidos, avalia que os dados confirmam se tratar de um medicamento que “pode mudar significativamente o curso da doença” e pediu que as agências reguladoras americanas avalizem um pedido de aceleração do processo para aprovar a nova droga.

Os dados mostram que pacientes com risco genético de desenvolverem a doença não se beneficiam do lecanemab, com base na escala CDR-SB. Eles, porém, demonstraram melhoras no objetivo secundário do estudo, que inclui outras medidas de cognição e de funcionamento diário. De modo geral, os pacientes medicados com lecanemab apresentaram benefícios de entre 23% e 37% em relação aos testes com placebo nos objetivos secundários nos testes. “Acredite que este é um benefício importante que justificaria a total aprovação. Mas, é claro, almejamos um benefício maior”, disse o médico Paul Aisen, diretor do Instituto de Pesquisas Terapêuticas da Universidade do Sul da Califórnia e coautor do estudo divulgado pela publicação científica New England Journal of Medicine. Segundo Aisen, o lecanemab irá provavelmente possibilitar maiores benefícios se aplicado no início da doença, antes que o paciente tenha “acumulado danos irreversíveis suficientes para causar os sintomas”.

 

 

Os 10 sinais de alerta da Doença de Alzheimer

 

1. Perda de Memória
Um dos sinais mais comuns da Doença de Alzheimer, especialmente nas fases iniciais, é o esquecimento de informações recentes. Outros exemplos incluem o esquecimento de datas importantes ou eventos, repetir a mesma pergunta várias vezes, usar auxiliares de memória (por exemplo, notas, lembretes ou dispositivos eletrónicos) ou mesmo membros da família para as coisas que habitualmente se lembrava por si mesmo.

O que é normal?
Às vezes, esquecer-se de nomes ou palavras, mas recordá-los posteriormente.

2. Dificuldade em planear ou resolver problemas
Algumas pessoas podem perder as suas capacidades de desenvolver e seguir um plano de trabalho ou trabalhar com números. Podem ter dificuldade em seguir uma receita familiar ou gerir as suas contas mensais. Podem ter muitas dificuldades de concentração e levar muito mais tempo para fazer coisas que habitualmente faziam de forma mais rápida.

O que é normal?
Cometer erros ocasionais, por exemplo a passar um cheque.

3. Dificuldade em executar tarefas familiares
Pessoas com Doença de Alzheimer podem ter dificuldades em executar diversas tarefas diárias. Podem ter dificuldades em conduzir até um local que já conhecem, gerir um orçamento de trabalho ou em lembrar-se das regras do seu jogo favorito. A pessoa com Doença de Alzheimer pode ser incapaz de preparar qualquer parte de uma refeição, ou esquecer-se de que já comeu.

O que é normal?
Às vezes precisar de ajuda para gravar um programa de televisão ou deixar as batatas no forno e só se lembrar de as servir no final da refeição.

4. Perda da noção de tempo e desorientação
As pessoas com Doença de Alzheimer podem perder a noção de datas, estações do ano e da passagem do tempo. Podem ter dificuldades em entender alguma coisa, que não esteja a acontecer naquele preciso momento. Às vezes podem até esquecer-se de onde estão ou como chegaram até lá.

O que é normal?
Ficar confuso sobre o dia da semana em que se encontra, mas lembrar-se mais tarde.

5. Dificuldade em perceber imagens visuais e relações espaciais
Para algumas pessoas, ter problemas de visão pode ser um sinal de Doença de Alzheimer. Podem ter dificuldades de leitura, dificuldades em calcular distâncias e determinar uma cor ou o contraste. Em termos de perceção, a pessoa pode passar por um espelho e achar que é outra pessoa, não reconhecendo a sua imagem refletida no espelho.

O que é normal?
Ter problemas de visão devido a cataratas.

6. Problemas de linguagem
As pessoas com doença de Alzheimer podem ter dificuldades em acompanhar ou inserir-se numa conversa. Podem parar a meio da conversa e não saber como continuar ou repetir várias vezes a mesma coisa. Podem ter dificuldades em encontrar palavras adequadas para se expressarem ou dar nomes errados às coisas.

O que é normal?
Às vezes ter dificuldade em encontrar a palavra certa para dizer alguma coisa.

7. Trocar o lugar das coisas
As pessoas com Doença de Alzheimer podem colocar as coisas em lugares desadequados. Podem perder os seus objetos e não serem capazes de voltar atrás no tempo para se lembrarem de quando ou onde o usaram. Às vezes, podem até acusar os outros de lhes roubar as suas coisas.

O que é normal?
Perder coisas de vez em quando, como não saber onde estão os óculos ou o comando da televisão.

8. Discernimento fraco ou diminuído
As pessoas com Doença de Alzheimer podem sofrer alterações na capacidade de julgamento ou tomada de decisão. Por exemplo, podem não ser capazes de perceber quando os estão claramente a enganar e ceder a pedidos de dinheiro, podem vestir-se desadequadamente ou mesmo não não ir logo ao médico quando têm uma infeção, pois não reconhecem a infeção como algo problemático.

O que é normal?
Tomar uma decisão errada de vez em quando.

9. Afastamento do trabalho e da vida social
As pessoas com Doença de Alzheimer podem começar a abandonar os seus obbies, atividades sociais, projetos de trabalho ou desportos favoritos. Podem começar a demonstrar dificuldade em assistir a um jogo do seu clube até ao fim, como faziam antes, ou podem esquecer-se de acabar alguma atividade que começaram.

O que é normal?
Às vezes, sentir-se cansado do trabalho, da família, ou não lhe apetecer sair.

10. Alterações de humor e personalidade
O humor e a personalidade das pessoas com Doença de Alzheimer pode alterar-se. Podem tornar-se confusos, desconfiados, deprimidos, com medo ou ansiosos. Podem começar a irritar-se com facilidade em casa, no trabalho, com os amigos ou em locais onde eles se sintam fora da sua zona de conforto. Alguém com a Doença de Alzheimer pode apresentar súbitas alterações de humor ? da serenidade ao choro ou à angústia ? sem que haja qualquer razão para tal facto.

O que é normal?
Desenvolver formas muito específicas de fazer as coisas e irritar-se quando a sua rotina é interrompida.

 

Por Márcio Gomes (Redação Jornal Correio da Semana)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *