EDUCAÇÃO E CIDADANIA •

Os Engasgos em Crianças e Idosos
“O engasgo é uma situação que pode colocar a vida em risco, pois impede a passagem de ar para os pulmões, podendo provocar morte por parada respiratória. E pessoas de diferentes faixas etárias podem sofrer com o problema, sendo os idosos e as crianças, especialmente os bebês, os grupos mais vulneráveis”, explica a coordenadora do Departamento de Foniatria da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Mônica Elisabeth Simons Guerra.
De acordo com a ABORL-CCF, a frequência da disfagia (engasgo e a dificuldade de deglutição) oscila conforme a idade e condição de saúde de cada indivíduo. Em crianças, pode estar presente em mais de 25%, podendo variar de 20% até 80% naquelas com múltiplos comprometimentos de saúde, como transtornos neurológicos, a exemplo da lesão cerebral adquirida ou doenças neuromusculares, malformações craniofaciais ou das vias aéreas, doenças respiratórias, cardíacas ou gastrointestinais.
“O mecanismo da mastigação qualifica os alimentos para serem engolidos com segurança. Alertamos para a exposição de objetos e brinquedos inadequados para a idade, pois, no desenvolvimento infantil a exploração dos objetos pela boca é normal. Por isso, a vigilância é essencial para evitar o engasgo e aspiração desses objetos”, alerta a especialista da ABORL-CCF, Andressa Guimarães.
Segundo o Ministério da Saúde, entre 2020 e 2021 registraram-se 1.616 óbitos na faixa etária de 0 a 14 anos por causas externas, como o acidente doméstico, sendo a sufocação ou obstrução das vias aéreas a principal causa de morte acidental de bebês menores de um ano, sendo quase 80% dos óbitos na faixa etária entre 0 e 4 anos. De 2009 a 2019, o número de óbitos por engasgo em crianças no Brasil chegou a 2.148 casos, de acordo com o Datasus. O risco de disfagia também aumenta na fase da maturidade. O problema pode acometer de 16% a 22% da população acima dos 50 anos, segundo a ABORL-CCF.
“À medida que envelhecemos, nosso corpo passa por mudanças fisiológicas, incluindo transformações na maneira como engolimos. Por isso, após os 80 anos, o ato de engolir, seja alimentos sólidos, líquidos ou mesmo saliva, pode se tornar mais desafiador do que costumava ser. E pessoas com comorbidades, por exemplo, AVC e Doença de Parkinson, têm ainda maior chance de sofrer de disfagia”, explica a especialista da ABORL-CCF, Karine Gonçalves.
Embora os distúrbios da deglutição sejam pouco reconhecidos pelos pacientes e profissionais de saúde, a ABORL-CCF destaca na nota técnica que esta deve ser uma preocupação emergente, pois a disfagia pode ter um impacto maior na qualidade de vida e se tornar um problema de saúde pública. A entidade crê ser necessária uma força-tarefa de conscientização sobre engasgo desde o preparo gestacional com educação materna, na educação infantil, treinamento de educadores, e profissionais que estão envolvidos no dia a dia das crianças, bem como, trabalhadores do segmento de alimentação, como restaurantes, e espaços de lazer.
“Acreditamos ser de suma importância a capacitação das pessoas para aprenderem sobre os primeiros socorros. Não só os profissionais de saúde ou de atendimento de emergência, como diversas classes de profissionais. Reconhecer os sinais de engasgo e ter conhecimento para realizar a manobra de Heimlich, (substituída por “trações abdominais” “desobstrução de vias aéreas” ou “compressões abdominais”) é fundamental para salvar vidas,” afirma Gisele Hennemann da ABORL-CCF.
A “desobstrução de vias aéreas” é uma técnica de primeiros socorros utilizada para remover alimento ou corpo estranho das vias aéreas de adultos e crianças maiores de 1 ano. Ela pode ser executada por qualquer pessoa treinada, independentemente de atuar ou não no segmento de saúde”. (em.com.br/saúde/2024/03/6821890-risco-de-engasgo).
Se você não sabe como fazer as compressões abdominais sobre engasgo, chame imediatamente o Samu ou um profissional da saúde.
Prof. Salmito Campos – (jornalista e radialista).



