EDUCAÇÃO E CIDADANIA •

Por Que Criar o Museu de Mucambo
Quando meu pai João Ribeiro Campos e minha mãe Risalva Maria de Almeida enxergaram que no Graça, ainda Distrito de São Benedito, não tinha escola para minhas irmãs Francisca Hélia (Quequelha), Risalva Maria e eu, meu pai tomou a iniciativa de morar em Mucambo. Deve-se ressaltar que os dois mais velhos Francisco Campos (Waldeck) e Maria de Almeida (Socorro) já estavam estudando em São Benedito e Ubajara, respectivamente.
Muito embora fosse um risco comercial, porque a loja de tecidos do meu pai já era promissora no Graça, mesmo assim ele resolveu mudar para dar suporte aos nossos estudos na nova cidade.
Fiz a cartilha de ABC no Grêmio Pe. Severiano e em seguida fui estudar no “Grupo Velho”, para quem não sabe, antiga Emater-Ce. Depois fui estudar no Patronato Dona Lindóia e logo após no Ginásio Municipal Manoel Rodrigues dos Santos, para então ir estudar em Fortaleza.
Segundo o amigo conterrâneo Prof. Antonio Araújo Sousa o “Grupo Velho”, como ficou conhecido tempos depois, “tem a sua importância histórica, pois foi construído em 1949, quando Mucambo ainda era Distrito de Ibiapina”.
Concordo plenamente com ele. Uma edificação dessa natureza construída para qualquer objetivo que fosse sendo a primeira, já é pra se preservar. Imagine sendo o primeiro edifício escolar!
Não há outro motivo para se tornar um Patrimônio Histórico do Município de Mucambo. Toda a minha geração estudou lá. De lá, fomos para o Patronato Dona Lindóia, outro patrimônio histórico que deve ser preservado, assim como o Ginásio Municipal e a Escola José Cláudio de Araújo, que antes era chamado de “Grupo Novo”.
Mas voltando ao “Grupo Velho”. Conversando certa vez com o Vereador (na época) Hamilton Salmito Azevedo, ele me falou mais ou menos assim: “Salmito, um lugar bom para o museu que tu pretendes criar é o prédio da Emater-Ce”. Fui de acordo de imediato. Daí, na ocasião, ele me afirmou que o Prefeito Francisco das Chagas Parente, (Canarinho), estava pleiteando o prédio do Estado para o município. Parabéns ao “Canarinho” por sua visão idealista.
Veja bem, um museu naquele prédio, além de resgatarmos objetos antigos podemos tê-lo como laboratório de pesquisa de cada peça, bem como termos a historiografia dos autores mucambenses que já escreveram sobre o nosso município e incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo.
Portanto, já que agora está se concretizando (segundo estou sabendo) a transferência do prédio para o município, deixo aqui a minha sugestão para que a edificação se torne o Museu de Mucambo. Eu, já faço a doação de quase 100 peças antigas que tenho em minha casa e ainda me comprometo a mobilizar na criação do referido museu, em parceria com a direção do Museu Dom José Tupinambá da Frota de Sobral.
“Museus atuam como guardiões de objetos, documentos e outras evidências materiais e imateriais da história e cultura de um povo, garantindo que essas informações sejam transmitidas às futuras gerações. Oferecem oportunidades para o aprendizado formal e informal, através de exposições, atividades educativas e programas de pesquisa. Eles podem ser utilizados como ferramentas pedagógicas para complementar o ensino escolar e promover o desenvolvimento de habilidades críticas e analíticas.
Museus podem fortalecer a identidade cultural de uma comunidade, promover o senso de pertencimento e orgulho, e estimular o diálogo entre diferentes grupos sociais. Além disso, museus podem atrair visitantes e gerar receita para a economia local, impulsionando o desenvolvimento econômico. Podem ser espaços de encontro e diálogo, promovendo a inclusão social e a valorização da diversidade cultural. Eles podem oferecer atividades acessíveis a diferentes públicos, incluindo crianças, idosos, pessoas com deficiência e grupos minoritários.
Em resumo, a criação de um museu é um investimento no futuro, que pode trazer benefícios para a sociedade em diversos níveis, desde a preservação da memória até o desenvolvimento econômico e social.” (IA).
Prof. Salmito Campos – (jornalista e radialista).



