Em cerimônia realizada em Brasília (DF), igreja no Brasil lança a Campanha da Fraternidade 2020

Secretário-geral da CNBB chama a atenção para não naturalização das agressões à vida
Dom Joel Portella Amado, secretário-geral da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) presidiu a cerimônia de lançamento da Campanha da Fraternidade 2020 na última quarta-feira, dia 26 de fevereiro, na sede da CNBB em Brasília (DF). “Será que não estamos nos acostumando com a agressão cotidiana à vida e com a morte em suas diversas formas?”, perguntou Dom Joel no início da cerimônia.
Neste ano a Campanha da Fraternidade (CF) tem como tema: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e o lema bíblico extraído de Lucas 10, 33-34: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”.
O Texto-Base da CF 2020 aponta que no Brasil, 22,6% das crianças e adolescentes entre 0 e 14 anos vivem em situação de extrema pobreza e que 11,7 mil crianças e adolescentes foram vítimas de homicídio no ano de 2017. Apenas em 2016, houve no Brasil 11.433 mortes por suicídio, uma média de 31 casos por dia.Nos 6 primeiros meses de 2018, os acidentes de trânsito provocaram mil mortes e 20 mil casos de invalidez permanente no país.Em 2017, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IGBE), o Brasil era 9º país mais desigual do planeta em distribuição de renda.
Dom Joel disse que é importante indagar se realmente são necessárias estatísticas para perceber que, em nossos dias, a vida vem sendo fortemente desrespeitada. O secretário-geral da CNBB, disse que a lista de morte é grande e que nós já conhecemos “mortes nas ruas através de balas perdidas, morte nas macas dos hospitais, morte por causa da fome, do desemprego, morte no campo, nas aldeias indígenas e morte entre os jovens”.
A Campanha da Fraternidadequer alertar para duas atitudes, a indiferença e a crença de que a morte só é vencida pela própria morte. “Essa é atitude de quem se esquece da Campanha da Fraternidade de 2018 e acaba pregando a superação da violência através da própria violência”, disse dom Joel.
O bispo ainda citou o Papa Francisco para falar da importância de não naturalizar a indiferença e a violência. “O Papa pede de nós um outro rumo na LaudatoSí”, disse. De acordo com ele, a Campanha da Fraternidade aponta para esse outro rumo a partir da parábola do Bom Samaritano. “Em tempos de indiferença globalizada, a solução para os problemas da vida nunca virá através da violência e da morte. Ela virá do cuidado! Do zelo uns pelos outros e de todos pela sociedade e pelo planeta”, afirmou.
O secretário-geral da CNBB falou que a Campanha deste ano se inspira em Santa Dulce dos Pobres, canonizada pelo Papa Francisco, como exemplo de quem cuidou da vida e referência do agir como bom Samaritanoem outubro de 2019. “Ouvir, sentir compaixão e cuidar” são os verbos bíblicos que a Igreja Católica vai trabalhar na Quaresma este ano, por meio da Campanha da Fraternidade 2020.
Na coletiva ainda estiveram presentes, a sobrinha da Santa Dulce dos Pobres e superintendente das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) na Bahia, Maria Rita Pontes, o frei Giovanni Messias, reitor do Santuário Santa Dulce dos Pobres, o coordenador executivo de Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel Batista e a representante do projeto social da CNBB “Correndo Atrás de um Sonho”, Dayse de Oliveira.
Por Marciley Salles
Fonte: cnbb.org.br



