Família Sanford agradece homenagens

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caderno 2 - familia sanford 1

Peço desculpas em ter que repetir trechos de matérias anteriores se não perdem o sentido de raciocínio e tem pessoas que não as viram. Agradeço a Carmem Silvia Fontenelle de Mendonça pois trabalhamos em todas as etapas do eclipse inclusive em pesquisas.

Logo nas primeiras linhas a família Sanford agradece ao Colégio Ribeiro Ramos nas pessoas da Diretora Sandra Maria Chaves, Coordenadora Sayonara de Medeiros Sousa e toda a administração pela inauguração em 12/12/2023 de um auditório John Sanford, de um painel sobre a sua vida e em especial o eclipse e uma placa em vidro com o seguinte dizer: “Aqui se hospedaram no eclipse, Henrique Morize e a equipe brasileira e os americanos Daniel Wise e Andrews Thompson temporariamente e suas esposas”.

Prova que a instituição de ensino Colégio Ribeiro Ramos prima pela cultura.
O painel tem certas particularidades. Suas dimensões é de 60 por 1,20 de acrílico adesivado com a particularidade que vai um arquivo em PDF. Nesse painel e no próprio jornal constarão a arte do eclipse de Humberto de Almeida Sanford Junior.

O Colégio Ribeiro Ramos que foi a residência do casal Sanford a partir de 1914 e foi tombada em 28 de outubro de 1999 pelo Governo Federal através do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional).

 

Painel da Hospedagem

 

Painel John Sanford

 

Auditório John Sanford

 

Conhecer e divulgar a história da família Sanford, em especial, o benfeitor, John Sanford nos permite recuperar e preservar as memórias de sua importante contribuição para nossa cidade – Sayonara de Medeiros e Sousa.
Quero agradecer ao bisneto de John Sanford, o senhor Alexandre Fontenelle Vasconcelos pela iniciativa de nos presentear com o vasto arquivo sobre a história desse prédio que hoje recebe a escola de Ensino Médio Dr. João Ribeiro Ramos e que outrora foi propriedade de sua família e pelo vasto conhecimento a respeito do evento que marcou a história mundial que foi a Teoria da Relatividade, conteúdos que nem sempre são encontrados nos livros didáticos, mas que precisa ser publicizado – Sandra Maria Chaves.

Foi aprovada em 24/08/2023 na Câmara dos Vereadores de Fortaleza a Rua John Roshore Sanford no bairro Itaoca com 500 metros de extensão e quatro cruzamentos. O projeto é de autoria do Vereador Carlos Alberto Gomes Mesquita e instituída através do Projeto de Decreto Legislativo 47/2023.

Da família Sanford, a mais distante notícia está em uma escritura no Condado de Essex – Inglaterra em 1240, que cita vários nomes dos Sanford, todos descendentes de SIR Richard Sanford.

Do Condado de Southampton – sul da Inglaterra, embarcaria em 1634 para a América do Norte – Colônia de Jamestown na Virgínia, os irmãos pioneiros de todos os Sanford nos Estados Unidos, Robert Sanford e Thomas Sanford. Este último ascendente dos Sanford do Ceará. A colônia na Virginia foi a colônia financiada pela Corte Inglesa (ferreiros, serralheiros , vidraceiros , carpinteiros , profissionais liberais) ao contrário das colônias mais ao Norte que eram de protestantes e fugiram por perseguições religiosas. Essa foi a primeira epopeia da família Sanford.

John Roshore Sanford nasceu em 12/03/1864 no Brooklin, Nova York e era filho de Carl Smith Sanford de origem inglesa e de Susan Clarin Roshore de origem francesa. Cursou o Instituto Politécnico do Brooklin, uma espécie de engenharia da época.

John Sanford chega ao Brasil a bordo do navio “Aliance” em Recife, em 26/09/1889, ano da Proclamação da República. Sua missão: Gerenciar a Keen Sutterly & Co., poderosa indústria de curtumes situada na Filadélfia, EUA. Era uma multinacional americana. O objetivo da empresa era a aquisição de peles e couros de bovinos, caprinos e ovinos para alimentar a sua grande indústria.

Filadélfia localiza-se a 160 Km de Nova York. Seu pai, Carl Smith Sanford, era industrial no ramo de frigorífico em Nova York, daí a relação com a firma que lhe contratara. A empresa, também, almejava interesses comerciais na África, porém, Carl Sanford, aconselhou o jovem americano de 25 anos, a seguir para o Brasil, pois tinha mais estrutura e menos perigo.

O Império inflava com os ideais republicanos e Mr. Sanford, relatou que sua primeira expressão pronunciada em português foi: “Viva o Republico”. Ele trocava os artigos e chamava a esposa Minerva de o Minervo. E isso foi até o final de sua vida.

Em Recife permaneceu dois anos e com o andamento dos negócios foi sabedor de que o Estado do Ceará produzia, em quantidade apreciável, peles de caprinos e ovinos, da melhor qualidade.
Comunicando à matriz na Filadélfia, John Sanford foi autorizado a seguir para o Ceará, abrir escritório, não somente em Fortaleza, mas também, em outras cidades do interior, desde que a quantidade e a qualidade das peles atendessem a demanda da Keen Sutterly & Co. na Filadélfia.

Assim, no início de 1892, Mr. Sanford ausenta-se do escritório em Recife e dirige-se para a cidade de Fortaleza. Assume a gerência em Recife, o seu principal empregado, o hoje célebre Delmiro Gouveia
John Sanford foi para o Ceará no momento oportuno já que o comércio de peles de comerciantes estrangeiros no Recife estava praticamente estagnado.

Em Fortaleza fica mais uma vez informado que na Zona Norte do Ceará fornecia um percentual representativo de peles dentre o total exportado pelo Estado, assim como no Piauí nas proximidades da Serra da Ibiapaba na fronteira com o Estado do Ceará, e toda essa produção era escoada até Sobral.

Depois era exportada pelo porto de Camocim, ponto inicial da Estrada de Ferro de Sobral que partia em penetração à Zona Norte do Estado do Ceará tendo o seu primeiro trecho – Camocim-Sobral inaugurado em 1883.
Mesmo com o escritório montado em Fortaleza, viaja a Sobral em junho de 1892 pelas razões acima e monta um outro escritório comercial da grande firma americana em Sobral. Fica como gerente em Fortaleza, o seu amigo e auxiliar de confiança, Otto Benzold Sawunders.

Pouco mais de um ano de sua chegada a Sobral, Mr. Sanford noiva e contrai matrimônio com Minervina de Almeida Monte, moça da alta sociedade sobralense dos quais tiveram onze filhos.

John Sanford e Minerva Sanford: 18/11/1893 (casamento)

 

Delmiro Gouveia

Em 1895, a Keen Sutterly & Co. encerra suas atividades comerciais em todo o Brasil, fechando seus escritórios em Recife, Fortaleza e Sobral e John Sanford desliga-se automaticamente.
Em Sobral, continua no comércio de peles por mais dois anos, isto é, até 1897, mas com a sua própria razão social e vendendo ao comércio de Fortaleza.

Em 1898, Delmiro Gouveia já é chamado de “rei das peles” do Nordeste.
Os autores dizem que Delmiro aprendeu mais o inglês do que o americano o português, eram vistos andando a cavalo pelas ruas do Recife e dizem ainda que Delmiro era quem administrava efetivamente o escritório de Recife, já que conhecia a nossa língua e costumes.

Temos ciência que a literatura é de Delmiro Gouveia, mas somem com o americano em 1892 e não consideram Sobral como centro de atividade econômica. O único livro que fala toda a história é o livro A Família Sanford no Ceará de autoria de Paulo de Almeida Sanford, filho do americano.

A obra prima da família Sanford

É um erro gravíssimo da literatura econômica de Delmiro Gouveia não considerar Sobral como centro de atividade econômica. Apesar de Sobral ter sido fundada em 1773, Sobral e Camocim, principalmente no final do século XIX apresentavam prosperidade decorrente da importante estrada de ferro de Camocim-Sobral inaugurada em 1883, que sempre fez o escoamento da produção dos dois municípios.

Na segunda metade do século XIX o desenvolvimento de Sobral chegou a superar o de Fortaleza, sendo assim nesta época a mais importante cidade do Ceará, junto com as cidades de Icó e Aracati.
Daí os seus títulos de “Princesa do Norte” e “Capital da Zona Norte” que permanecem até os dias atuais, pois é a maior economia do interior do Ceará e a terceira maior economia do interior nordestino, razões pelas quais é considerada pele o IBGE, uma Capital Regional.

Por último, os autores da literatura de Delmiro Gouveia deveriam ter sido solidários ao americano no sentido de introduzir que John Sanford foi para o Ceará ainda como gerente comercial da Keen Sutterly & Co., até 1895, data em que todas as filiais foram fechadas em todo Brasil. Duas são as razões para a consideração. A primeira é que Mr. Sanford ensinou inglês a Delmiro e abriu o leque de clientes estrangeiros para o seu mais exemplar empregado, possibilitando – o a se tornar o” rei das peles” do Nordeste e a segunda pelos feitos que John Sanford fez pelo Estado do Ceará dos quais veremos abaixo.

É importante frisar novamente que o livro de Paulo Sanford é o único que dá vida ao americano e a Keen Sutterly & Co. em Sobral o que demonstra que o seu livro não é apenas a história da família Sanford e do americano, mas também de Sobral.

Delmiro Gouveia e John Sanford

Assim como os autores de Delmiro a imprensa e a mídia somem ou pior, depreciam a imagem de Jonh Sanford. Uma necessidade desnecessária.
Tirando isso de lado, reconhecemos que Delmiro foi um dos primeiros empresários a perceber que a riqueza não está na quantidade de terras e sim nos negócios e industrias provando que o Nordeste era viável tendo feito por exemplo a usina de Paulo Afonso. John Sanford foi um grande empreendedor em Sobral, mas volto afirmar não pode existir é uma necessidade desnecessária.

A título de curiosidade, as peles e os couros do Nordeste eram de melhor qualidade, pois o berne, uma infestação parasitária, não se adapta a altas temperaturas e não perfura o couro dos animais mantendo a qualidade deste.
A feira mundial de Chicago, ou a Exposição Colombiana Mundial, como era oficialmente chamada, foi realizada em 1893 para marcar o 400º aniversário, no ano anterior, da chegada de Colombo às Américas. Eram feiras que aconteciam nas principais cidades americanas e capitais europeias para exposições de inovações tecnológicas e invenções na época chamada de pré-revolução industrial.

John Sanford foi alertado por familiares em Nova York e vendo oportunidades de negócios, enviou pés de café do Sítio Monte ainda pertencente de seu sogro, Ten.-cel. Francisco de Almeida Monte e peles de animais em que era representante comercial da firma da Filadélfia, produtos muito valiosos na época. John Sanford recebe em seu nome pela sua participação na feira um medalhão de bronze com a seguinte descrição: “To Commission of Sobral” (Para a comissão de Sobral). Esse medalhão pertenceu a Paulo Sanford e pertence hoje a Liana Mascarenhas Sanford, atual proprietária do Sítio Monte.

Esses produtos foram como “exportados” e cabe ressaltar que não existe nenhum registro de algum produto do Ceará na Feira de Chicago daí a importância desse medalhão. Observamos também que a Feira de Chicago, talvez tenha reconhecido Sobral como um Estado ou país ou Colônia, já que participaram 39 colônias, explicadas pela época ser chamada de pré-revolução industrial já falada anteriormente. Coisas da exuberante Sobral.

 

LEIA-SE : TO COMMISSION OF SOBRAL
Verso: Efígie de Cristóvão Colombo (PARA A COMISSÃO DE SOBRAL).

Esse medalhão deveria ser reconhecido por Sobral ou qualquer outro Órgão como a Câmera de Comercio Exterior ou Consulado Americano.

John Sanford compra algumas terras na Serra da Meruoca de seu sogro, incluindo o Sítio Monte da qual a casa foi construída em 1860 e contém a maior prensa de farinha da Zona Norte do Ceará, ainda em funcionamento até hoje.
Então em 1908 no seu sítio, ele monta sozinho o maquinário trazido dos EUA e que levou vários dias com vários homens e animais abrindo a mata pela Serra da Meruoca sendo pioneiro e desbravador com a primeira Usina de Açúcar do Ceará. Uma verdadeira epopeia como definiu Helvécio de Paula Pessoa Sanford, filho de Paulo Sanford. Este descreve muito bem em seu livro essa epopeia.

Na época logicamente não existiam celulares, a passagem de Mr. Sanford era aplaudida e dita boca a boca pela população. Eram peças que pesavam toneladas, estranhas para uma gente que conhecia apenas enxadas e foices. Na verdade, a segunda epopeia da família Sanford.

Com a Usina surge uma nova feição da economia da região da serra da Meruoca. O empreendimento de Mr. Sanford tinha até energia elétrica movida a um dínamo e Sobral não detinha tal tecnologia. A sua indústria absorvia 80% da cana de açúcar da serra.

Esse empreendimento durou praticamente três décadas, começando em 1908 e terminando em 1937 no governo Getúlio Vargas por imposições do recém-criado Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1933, passou a sofrer limitações de cotas de produção cada vez menores, acabando por tornar economicamente inviável a continuidade do empreendimento que foi a 1ª agroindústria da Serra da Meruoca.

O golpe final foi com a instituição do Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937, com políticas muito severas aos usineiros estrangeiros. O americano a partir daí chama o ex-presidente de “savegonha”.
Em 21/11/2023 é concedida homenagem a família pelo Dr. Amílcar Silveira, Presidente da FAEC – Federação da Agricultura do Estado do Ceará.

A homenagem é calcada em Mr. Sanford ser um dos pioneiros na comercialização de couros e peles de animais dos bovinos, caprinos e ovinos, plantação de café e outros grãos e pincipalmente por ter implantado a primeira Usina de açúcar do Ceará na Serra da Meruoca. O agronegócio como um todo.

 

Como os EUA é uma Confederação na sua forma de Estado, teve sua origem com a união de vários Estados Soberanos que se agregaram num movimento de fora para dentro, isto é, de maneira centrípeta. A Confederação instalou-se em 1861.

Essa forma Confederativa era propensa à conquista de novos Estados. O ímpeto desbravador do americano fez com que o México em 1848 reconhecesse como territórios americanos o Novo México, Arizona, Utah, Nevada, Alta Califórnia e oeste do Colorado. Em 1867, os EUA compram o Alaska do Império russo. A conquista do Oeste foi a ferro e fogo mostrando esse ímpeto conquistador do povo americano.

A Guerra da secessão ou Guerra Civil Americana aconteceu entre os Estados do Sul favorável ao sistema escravista e os Estados do Norte, isso tudo no período de 1861 a 1865.
Nas fazendas de algodão do Mississipi no sul do país, acontecia um grande fenômeno chamado de work songs ou canção de trabalho escravo onde os escravos cantavam a própria escravidão, morte e sofrimentos. Era o nascimento do blues por isso na sua essência blues quer dizer lamento e estado depressivo.

A primeira gravação de um disco de blues aconteceu em 1936 com Robert Johson e já nessa época fazia-se a ramificação para o Jazz, Country, Folk, Soul, Funk, Rock entre outros, fazendo com que o blues seja tocado no mundo todo, inclusive no Japão. É a capacidade que tem de o americano em se diversificar.
A maioria desses acontecimentos aconteceram bem próximo ao nascimento de John Sanford e nos mostra que a nação americana está acostumada a grandes mudanças e são adeptas as grandes dificuldades como foi anos mais tarde com a II Grande Guerra, Guerra Fria e a Guerra do Vietnã.

Tirando essa história de lado podemos dizer que o jovem americano chegou numa terra e língua desconhecidas apenas com as suas roupas e a sua origem de um passado glorioso, condição sine qua non da primeira epopeia da família Sanford fazendo trabalhos de grande valia como ter sido um dos pioneiros no ramo de peles e couros e a primeira usina de açúcar do Ceará o que trouxeram grande desenvolvimento falado já anteriormente.

Mas aqui, especificamente em Sobral, acontece algo muito especial. Todos gostavam do americano. Ocorre uma reciprocidade muito forte entre Sobral e a família Sanford. Sobral fez muito pela família sanford e a família sanford agrega valores a Sobral. Isso fica nítido nas pessoas de John Sanford, Paulo Sanford e Eduardo Sanford. Que essa reciprocidade continue.

 

Mr. Sanford fez a planta (1912) e construiu a sua casa (1914) que hoje abriga o Colégio Ribeiro Ramos. Em 1915 – 1917 contribuiu na construção da estrada de rodagem de Sobral-Meruoca, desde seus estudos técnicos até o final de sua construção. Em 1918 – 1920 dirigiu a construção da rodovia Meruoca-Massapê, também desde os estudos até o final da construção. Em 1932 cooperou na construção da estrada de rodagem de Fortaleza-Sobral, no trecho compreendido entre Itapajé e Patos. Nessa obra teve a cooperação do brilhante engenheiro Plínio Pompeu de Saboya Magalhães. Em 1921 – 1923 foi convidado pela companhia inglesa Norton Griffiths & Co. Ltda, para dirigir a construção do açude Patu em Senador Pompeu.

Sempre participou das obras de barragens, estradas e pequenos açudes, mas cooperou em obras gigantescas como o açude Orós e o porto de Fortaleza.

Em 02/12/2022 Jonh Sanford foi homenageado pela Câmara de vereadores de Senador Pompeu com a presença do Prefeito Francisco Mauricio Pinheiro Jucá e projeto criado pela vereadora Marcia Zomim e o historiador Helder Cambraia. O motivo da homenagem é claro, a construção da primeira etapa do açude Patu. A família pleiteia perante a Vereadora Zomim uma placa de bronze na parede do açude.

Cabe mencionar um detalhe importante da época. O Governo Federal celebrou no mandato do Presidente Epitácio Pessoa, o Decreto 14.435 de 22 de outubro de 1920 contratando a empresa inglesa Norton Griffths & Co. Ltda para as suas obras inclusive o Açude Patu, e por sua vez, a empresa inglesa contratava o americano. Analogamente aconteceu com a americana Dwight P. Robinson & Co. Ind. como foi o caso do Açude Orós.
Tudo leva a crer que John Sanford nas décadas de 1920 e 1930 era uma pérola na engenharia no Ceará fazendo com que essas empresas não contratariam um engenheiro inglês ou americano o que seria mais caro e o fato que o americano estava adaptado aos nossos costumes, língua e acostumado a altas temperaturas.

Seus dotes de engenheiro são passados a alguns netos como foi a Construtora Britânia (João de Paula Pessoa Sanford, Francisco Paracampos Filho e Paulo de Almeida Sanford Neto) e a Construtora Beta (Marcelo Sanford Barros (Proprietário) e Carlos Henrique Sanford Barros). Essas construtoras fizeram as principais rodovias do Ceará e de outros Estados. Marcelo e João Sanford sempre foram uma dobradinha, assumindo os dois a presidência do DAER (Departamento Autônomo de Estradas de Rodagens) necessárias à integração nacional e parte infraestrutura básica do Ceará. O DAER é o DERT atual.

Para completar João Sanford fundou a Cagece que era Sagec na época, fazendo a primeira planta de esgoto de Fortaleza, assim como, a construção do Palácio da Abolição. Teve total apoio do inquestionável governador Virgílio Távora. Cabe mencionar que Isidro Sanford Paracampos exerceu a diretoria administrativa da Cagece. O sucesso profissional de João Sanford devem-se aos brios de sua esposa Olga Barroso Sanford.

 

Dona Luíza Távora, João Sanford, Walmir Frota e gov. Virgílio Távora

Heraldo Sanford Barros foi outro neto engenheiro. Foi superintendente do DNOCS, primeiro lugar no Brasil no IME (Instituto Militar de Engenharia) em 1956, e foi um dos fundadores da Coelce. Heraldo Sanford projetou a planta e fez o projeto do açude Jenipapo, daí a homenagem de açude Heraldo Sanford na Meruoca. Heraldo Sanford a mais de cinquenta anos atrás já tinha preocupação com a população carente desse município, preocupação esta herdada de sua experiência no DNOCS.

A contribuição de parte da infraestrutura básica do Ceará dos anos 60 e 70 pela família Sanford é completada pela presença destacada de Aloysio Vasconcelos, marido de Maria Isolda Sanford Fontenelle Vasconcelos. Ele com o curso do IME e do Curso de Engenharia Nuclear fundou a Telebrasília (Deteuí) a Embratel do Piauí e do Ceará, a menina dos olhos do governo da época, trazendo a integração nacional tão necessária ao desenvolvimento econômico. Eram vistos nas praças públicas do interior no Nordeste o programa de Flávio Cavalcante, Amaral Neto, o Reporter, entre outros. Sua grande meta era instalar o satélite para transmissão da Copa do México em junho de 1970 e que a fez com muita competência.

O Brasil consagra-se tricampeão mundial com Pelé, Rivelino & Cia já com a sigla via Embratel e junto com o grande crescimento econômico a banda de rock Os Incríveis emplacou com o seu hino “Eu te amo meu Brasil”
Outras empresas privadas da família, completa a participação da família Sanford para diminuir o atraso econômico do Ceará em relação aos estados do Sul e Sudeste. Aí tivemos a F. Sanford (Grapette e Crush – Francisco de Almeida Sanford) , Paraíso do Chauffeur (Peças e acessórios automotivos – Humberto de Almeida Sanford) , Sanford & Cia (Pneus e baterias – Helvécio de Paula Pessoa Sanford (Sócio proprietário) e Amaury Sanford Paracampos) , Petrolusa (Lubrificantes – Marcelo Sanford de Barros Filho e Susana Barros Lima ) e outras empresas.
Fora das fronteiras do Ceará, precisamente em Goiânia – Goiás, destaca-se o seu neto engenheiro agrônomo Maurício Sanford Fontenelle tendo sido superintendente no Instituto Brasileiro do Café (IBC) e tendo sido um dos pioneiros do gado nelore 100% inseminado, e um dos fundadores da SGPA GO (Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura do Estado de Goiás).

O tempo alcançava avanços principalmente na conquista do mercado feminino, o que as mulheres sanford o fazia com êxito com vários destaques entre elas, Maria Carneiro Sanford como Procuradora do Município de Fortaleza e Nise Sanford Fraga, Procuradora Institucional da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e ambas ainda em plena atividade.
Na verdade, o sucesso de John Sanford em seus negócios só foi possível apela tranquilidade que sua esposa lhe conferiu. Ela era ofuscada pelo gigantismo do americano e principalmente numa época em que a mulher não tinha valor na sociedade.

Minervina (Minerva) de Almeida Monte era a filha caçula do Ten. Cel. Francisco de Almeida Monte, grande proprietário de terras da Serra da Meruoca, fazendas de gado em Sobral e Itapajé, político em Sobral e pertencia ao alto escalão da poderosa Guarda Nacional. Tinha como profissão a de ouvires e com determinação com o dinheiro ganho em sua profissão comprou essas terras. Dona Minerva nasceu em 29/08/1869.
Era ela quem administrava os empregados da casa, cozinha e jardim. Cuidava da educação dos filhos e dos netos. Era uma educação muito rígida, porém era amada pelos netos.

Em 29/06/1916 ela remete um telegrama para o Bispo Dom José Tupinambá da Frota, autoridade máxima em Sobral, parabenizando-o pela sua ordenação episcopal. Nesse ato Dona Minervina ou Minerva estava representando o seu marido e a família Sanford, assim como fazendo jus a sua condição pertencente à alta sociedade sobralense.
Ela cuidou de sua neta Maria Sanford Frota que era chamada carinhosamente pelos seus primos de Maria da vovó, tamanho carinho que Dona Minerva tinha por ela. Maria Sanford foi Miss Ceará 1958, representando a beleza da mulher Sanford, beleza essa herdada de Susan Clarin Roshore, simplesmente um toque francês. De Sobral para o Brasil. Coisas da exuberante Sobral.

A matriarca da família recebe em várias temporadas em Sobral o quinteto fantástico: Carlos Henrique, Haroldo, Heraldo, Armando e João Sanford. Carlos Henrique a chamava de detetive, pois ela fingia estar dormindo numa cadeira de balanço, mas na verdade estava a vigiar o quinteto fantástico. Pura determinação herdada do seu pai, o Ten. Cel. Almeida. Ela falece com 94 anos em 13/12/1958 e permaneceu casada 65 anos.

Maria Sanford

Os mais velhos da família e principalmente Haroldo Sanford e Helvécio Sanford em seus discursos dizem que os dois amores do americano são a sua esposa e o Sítio Monte. A evidência vem do próprio americano em seu diário de 1908 e 1913 das suas duas últimas viagens aos EUA. Ele se declara altamente apaixonado quase todos os dias da viagem por Dona Minerva e quanto ao Sítio Monte ele assim descreve “é onde tenho tudo na vida até a alma”. Esses dois amores foram a causa dele trocar Nova York por Sobral, não obstante ele amava Sobral e era completamente adaptado ao cotidiano da cidade.

O casal Sanford tinha conceitos de moralidade, caráter e de família muito fortes. Apesar da sua última viagem a sua terra natal foi em 1913, ele sempre mantinha contatos com a família e a prova disso é que a sua irmã caçula, Lavinia Smith Roshore Sanford LeBaron (tia Lili) fica em Sobral e no Sítio Monte durante nove meses no ano de 1908.
O Ten. Cel. Francisco de Almeida Monte tinha sete filhas mulheres: Francisca, Maria Amélia, Safira, Maria (Marocas), Izabel (Yayá) , Bemvinda e Minerva. Eram conhecidas como o tomo das “Sete Irmãs”.

O único filho era João Júlio, pai do Deputado Francisco Monte. O Deputado Chico Monte foi o grande líder político da época na Zona Norte do Ceará. Ele elege o seu genro , José Parsifal Barroso , em 1958 , Governador do Estado do Ceará e alavanca as carreiras políticas de Paulo Sanford (Prefeitura de Sobral em 1932 e 1955) , Eduardo Sanford (Vereador em Sobral em 1947 e 1951) , Marcelo Sanford (Deputado Federal de 1962 a 1966 com ampla votação) e Haroldo Sanford (ocupou várias legislaturas Estatuais e Federais em mais de 30 anos de carreira política , participou como Constituinte em 1988 , foi Vice- Presidente e 1º Secretário da Câmara Federal e ainda participou de Comissões Parlamentares que atuavam em Órgãos que eram atrelados a ONU.

Já sem Chico Monte que faleceu em 1961, Marcelo Sanford recebe em sua casa em Fortaleza o imortal e ex-presidente Juscelino Kubitschek com a presença dos políticos e empresários da família Sanford.

 

Marcelo Sanford, Juscelino Kubitschek , Haroldo Sanford e Heraldo Sanford

Após o clã de Chico Monte aparece Francisco Sanford Frota que foi prefeito da Meruoca em 1988 e 1996.

A família Sanford sempre teve laços estreitos com a Igreja Católica e o Bispo Dom José Tupinambá da Frota. Nas Bodas de Ouro do casal Sanford, em 18/11/1943, ele reza a missa com a presença de todos os filhos , genros , noras e netos na Igreja do Patrocínio. Nesse mesmo dia é tirada no pátio da casa de Sobral, a foto mais clássica da família Sanford.

Esse dia é contemplado pelo inesquecível Lustosa da Costa (1982) em seu livro “Sobral do meu tempo”: Ao completar cinquenta anos de casado, filhas e netas procuraram convencê-lo a comparecer à cerimônia de benção na Igreja Católica. Em determinado momento, deu a impressão de que iria fraquejar: “Quem ser a noivo?”. A resposta naturalmente foi: “É a vovó”. Sanford respondeu: “Este Minervo, não. Com este, já me casei uma vez”. Devemos ressaltar que o americano era protestante, daí a certa relutância em comparecer à Igreja Católica.

 

Foto Clássica
Lustosa da Costa : o ilustre “sobralense”.

 

Paulo Sanford no seu segundo mandato de prefeito deu total apoio ao Congresso de Vocações Sacerdotais ocorrido em Sobral em 1955, por ocasião do Jubileu de Ouro de Ordenação Sacerdotal de Dom José Tupinambá da Frota.

Paulo Sanford, Padre Palhano e o Bispo Dom José Tupinambá da Frota

Em outubro de 1961 ocorre o famoso reencontro de Mick Jagger e Keith Richards na estação de trem da pacata Dartford na Inglaterra. Mick Jagger portava discos do rei do Blues, Muddy Waters e do verdadeiro rei do Rock and Roll, Chuck Berry. A música negra americana foi a célula embrionária dos Rolling Stones. Estão juntos até hoje, uma amizade vitalícia Se autodomina de os “gêmeos brilhantes”.

Em junho de 1892, John Sanford em sua primeira viagem de trem entre Camocim e Sobral, conheceu a personalidade destacada da sociedade sobralense, o Cel. Ernesto Deocleciano de Albuquerque, industrial no ramo de algodão, grande chefe político e pai de Vicente e José Saboya de Albuquerque, que mais tarde seriam, dois dos seus melhores amigos. Nunca fizeram negócios juntos, era uma amizade familiar. Amizade vitalícia.

Esse encontro é um dos ápices do livro de Paulo Sanford. Ele descreve um longo diálogo entre os dois. É notável como Paulo Sanford conhecia a vida de seu pai. Até parece que foi o americano quem escreveu o livro, o autor descreve tudo com ricos detalhes. Ele consegue transferir ao leitor a cara de espanto do Cel. Ernesto sobre a ingenuidade do americano em pensar que Sobral tinha hotel na época. O americano acaba sendo hospede do Cel. Ernesto e nesse momento Mr. Sanford estaria entrando precocemente na alta sociedade sobralense.

Cel. Ernesto
Dr. José Saboya

O Dr. José Saboya ficou conhecido como o jurista que tudo o que sentenciou foi até o final do processo. Coisas da exuberante Sobral. Ele visitava sempre que podia o casal Sanford. Numa dessas visitas, discretamente, Dona Minerva dirigiu-se ao marido para que convidasse seu grande amigo, para almoçar no dia seguinte. A resposta foi: “Pois não”. O americano entendeu como uma negação. No dia seguinte o Dr. José Saboya, chega para o almoço e pega o casal Sanford de surpresa. Coisas da exuberante Sobral. Esse acontecimento era uma das coisas que Helvécio Sanford gostava de contar.

O livro de Paulo Sanford é com certeza a terceira epopeia da família Sanford. Os estudos foram feitos entre 1958 e 1972 ficando arquivado durante alguns anos e somente publicado em 1985. Muita persistência e obstinação. Um livro de muita complexidade e cheio de desafios para a época. Não tinha internet e computador. Era feito a mão mesmo.

Paulo Sanford colhe documentos nos cartórios de Sobral, EUA e Inglaterra. Seu homem de confiança e sobrinho, Armando Sanford Lima traz e traduz esses documentos da Inglaterra e EUA. O também sobrinho, Humberto de Almeida Sanford Junior faz a arte da capa, simbolizando o maior feito do americano, a usina de açúcar. Fechando a força tarefa do seu livro tinha a sua filha Maria Nise de Paula Pessoa Sanford e sua nora Liana Mascarenhas Sanford com a difícil função de redigirem o livro.

Paulo Sanford tinha o perfil do pai: culto e educado. Em toda vitoriosa e intensa vida pública não se tem notícias de atritos envolvendo o seu nome, mesmo quando exerceu a prefeitura de Sobral por duas vezes (1932 e 1955). Não tinha inimigos políticos.

O livro de Paulo Sanford contém algumas características interessantes: a impessoalidade o que demonstra que o livro é a história da família e do americano e não a história dele; o grande conhecimento que tinha de seu pai nos remetendo que parece que quem escreveu o livro foi o americano pelos ricos detalhes do livro, a anexação de documentos de cartórios demonstrando veracidade dos fatos.

Uma outa característica importante é que seu livro não é apenas a história da família Sanford e do americano, mas também a priori a história de Sobral. Era um sobralense apaixonado. Escrevia com a sua alma. Sua performance como historiador era notável, inclusive edificando a história de Sobral. Coisas da exuberante Sobral.

O competente jurista Dr. Ivan Rodrigues Mendes era amigo de Paulo Sanford, mas a grande amizade era do seu tio, o Professor Gerardo Rodrigues que inclusive trabalharam juntos na Prefeitura de Sobral. O Professor Gerardo Rodrigues era um professor completamente atípico, ele era amado por todos os seus alunos. Coisas da exuberante Sobral.

O fato que dei ao Dr. Ivan o livro de Paulo Sanford. Ele leu e enumerou as páginas mais bonitas e importantes e me “desafiou”, dizendo que as páginas mais bonitas são das páginas 193 a 197. Concordei e fiquei novamente desarmado.
Aí se encontra talvez a mais bela característica de Paulo Sanford, onde o autor induz que tem uma ação pragmática no tempo, uma continuidade no tempo e supostamente o livro não tivesse fim.

Ele fala em nome dos irmãos como estes tivessem escrito o livro num gesto de amor, união e humildade, exaltando o amor pelo Ceará, Sobral, pela Serra da Meruoca, Sítio Monte onde ele se derrete , seus pais e seus avós. Deseja que a sua obra não seja algo particular e sim para futuras gerações já que passou vinte anos em sua vida elaborando o livro.
Em um trecho ele cita: “A defesa dessa tradição, devemos fazê-la a todo custo, pois que ela representa para nós uma página honrosa e bem escrita na história da nossa família”.

O que a família tem feito nos últimos tempos com essas homenagens a John Sanford, nada mais é fazer o legado de Paulo Sanford explanado nessas páginas em questão do seu livro e temos homenagem de cem anos, isso é fantástico.
A complexidade do livro é tanta que quando Armando Sanford traz uma pesquisa de Horácio Sanford de 1910, Paulo Sanford teve que reescrever parte do seu livro. Ele verificou que os Sanford do Ceará não são descendentes dos protestantes ao Norte e sim da Colônia de Jamestown na Virgínia. É como se o elo perdido foi achado, um momento crucial para o livro e para a família Sanford no Ceará.

Ele então delega a Armando Sanford de inserir o livro no Genealogy Room em Washington já que os Sanford do Ceará são descendentes de Thomas Sanford, pioneiro daquela viagem histórica e nostálgica das Treze Colônias Inglesas rumo ao Novo Mundo. O livro é chancelado nada menos por Hugo Catunda, Raimundo Girão e Dorian Sampaio.

O livro foi recentemente digitalizado e encontra-se nas Bibliotecas Públicas de Sobral, Fortaleza, Senador Pompeu e em alguns órgãos.

Paulo Sanford em 1919, matriculou-se na Escola Nacional de Agronomia do Rio de Janeiro, onde concluiu o curso em setembro de 1922. Quando voltou ao Ceará assumiu administrativamente o Sítio Monte, o que permitiu a John Sanford poder trabalhar nas obras públicas do Governo.

Como concursado pelo Ministério da Agricultura deixou valiosos trabalhos publicados em defesa da ecologia regional nordestina, incluindo “Forrageiras Arbóreas do Ceará” (Rio de Janeiro – Ministério Da Agricultura, Serviço de Informação Agrícola, 1961) do qual existe um exemplar na Biblioteca Pública de Nova York, tamanha importância do artigo.

Por toda a sua contribuição à Sobral, ganhou três homenagens: uma rua, a Escola Agrícola Dr. Paulo de Almeida Sanford e uma praça no distrito de Taperuaba. Foi prestigiado também com uma rua na Boa Vista (Meruoca) e com uma rua em Fortaleza.

Eduardo de Almeida Sanford é irmão de Paulo Sanford. Eduardo Sanford era proprietário da fazenda “Pé da Serra” a 6 Km de Sobral e abastecia de leite esse município. Na época de John Sanford, o “Pé da Serra”, tinha a função de apoio logístico das operações agroindustriais do Sítio Monte, isto é, servia de “depósito” e repouso dos animais de serviço do Sítio Monte (bois de trabalho, gado leiteiro, burros, jumentos, cavalos).

Eduardo Sanford foi contemplado em Sobral com uma rua e a Vila Hípica Eduardo Sanford no tradicional Derby Clube Sobralense. Em contrapartida retribuiu com dois mandatos bem-sucedidos de vereador, em 1947 e 1951. Foi agraciado também com uma rua na Boa Vista (Meruoca).

Eduardo Sanford tinha lindos cavalos de corrida no Derby Clube. John Sanford tornou-se sócio desse clube e eram famosas as corridas que tinham, como juiz de partida, nada menos que Mr. Sanford. A importância da família no Derby Clube se fecha com a presença digna de Edmilson Moreira que foi agraciado por seus serviços prestados com o Hipódromo Edmilson Moreira.

Edmilson Moreira era casado com Lília Sanford Frota Moreira e era genro da filha caçula do casal Sanford, Maria Beatriz Sanford Frota que era detentora dos doces Dona Bia, tradicional até os dias de hoje no eixo Sobral – Meruoca. Dona Beatriz Sanford foi protagonizada com a escola Beatriz Sanford Frota no Distrito de Anil na Meruoca.

Eduardo Sanford
Beatriz Sanford

Nise Sanford era esposa de Olavo Rangel Parente, médico conceituado da Santa Casa se Sobral. Olavo Rangel era médico de seu sogro Paulo Sanford e John Sanford. O casal Olavo e Nise tinha como principais atributos, o amor e a caridade que tanto enaltece o espírito. Ela trabalha em trabalhos sociais na igreja e ele levava várias caixas de remédios para o sertão. A casa do casal em toda a década de 1980, era uma espécie de point, concentração dos bisnetos do casal Sanford para os bailes de carnaval no Derby Clube Sobralense.

Na década de 1940 na guerra, em Fortaleza aconteceu o fenômeno das moças serem chamadas de coca-colas. Eram moças de famílias tradicionais que tiveram a ousadia de namorar os soldados e marinheiros americanos. Elas tinham tudo na vida, mas não tinha o principal, agitação. Puseram fim ao tabu de que não deveriam sair desacompanhadas de pais ou irmãos, a sós com os namorados. Eram chamadas de coca- colas, que era um símbolo multinacional americano além disso os americanos bebiam cachaça com coca-cola.

O fato é que eles chegaram em Sobral, talvez por aqui ser chamado de Estados Unidos de Sobral. Nise Sanford e sua prima Idalina Sanford Fontenelle não escaparam de tal denominação. Enquanto o planeta vivia o horror da guerra, Sobral vivia um glamour, uma espécie de “All Need Is Love” dos anos 60s do lendário quarteto fabuloso de Liverpool, os Beatles. Coisas da exuberante Sobral. O americano John Sanford deve ter tido uma situação de suas netas” coca-colas” serem cortejadas por seus patrícios americanos. O americano sempre brincava com essa expressão Estados Unidos de Sobral e indagava “que nunca conseguiu sair dos EUA”.

 

Olavo Rangel e Nise Sanford

Liana Sanford é casada com o seu primo Helvécio Sanford. É o único casamento entre primos na família Sanford. Juntos organizaram no Sítio Monte o centenário da chegada do americano ao Brasil em setembro de 1989. O casal é conhecido por serem agregadores de família e hospitaleiros. Helvécio Sanford era uma verdadeira enciclopédia da família Sanford e foi homenageado com uma rua na Boa Vista (Meruoca).

Liana Sanford é a segunda bisneta mais velha e conheceu junto com o seu irmão Zé Marcos, o casal Sanford no Sítio Monte em 1954 quando tinha nove anos de idade. Foram os primeiros sentimentos de amor pelo Sítio Monte, ela jamais imaginaria que seria um dia a proprietária. Grande conhecedora da história da família, sua preocupação diária é transmitir esse legado aos netos. Apesar dos quase 80 anos, ela é dinâmica e moderna.

Sobre o centenário no Sítio Monte, foi inaugurada uma placa de bronze comemorativa com os seguintes dizeres:” A John Roshore Sanford, no centenário da sua chegada ao Brasil , a homenagem dos seus descendentes”. Foi uma grande festa da família Sanford.

Helvécio Sanford e Liana Sanford

O livro de Paulo Sanford, estranhamente não traz o tópico do Eclipse que ocorreu em 29/05/1919. De fato no ano do Eclipse, Paulo Sanford se encontrava estudando agronomia no Rio de Janeiro, mas o seu homem de confiança, Armando Sanford , sabia tudo do Eclipse , inclusive da hipótese de que o americano tenha feito as bases de madeiras dos telescópios das três equipes de cientistas ( brasileira , americana e inglesa ).

O professor Emerson Ferreira se Almeida, Diretor Técnico do Museu de Eclipse em Sobral além do exemplar profissional é muito importante para a família Sanford como veremos no decorrer desse tópico.

A comunidade científica internacional devia dar mais valor da importância de Sobral, não apenas que a deflexão (curvatura) da luz aconteceu aqui, mas também pela importância do trabalho de Henrique Charles Morize que esteve aqui antes do Eclipse para instalações de estações meteorológicas e escolheu Sobral porque tinha via férrea e telégrafo e preparou todo o terreno para a equipe inglesa que veio somente com o objetivo da comprovação da Teoria da Relatividade de Albert Einstein. Henrique Morize é o chefe do Observatório Nacional do Rio de Janeiro.

Henrique Morize – Francês, naturalizado brasileiro, ficou conhecido como fundador da física experimental brasileira. Foi o primeiro presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) de 1916 a 1926 e diretor do Observatório Nacional entre 1908 e 1929. Chefiou a turma que demarcou o vértice sudeste do quadrilátero do Distrito Federal em 1892 – 1893.

Segundo o Professor Emerson, Henrique Morize fez toda a logística para as equipes brasileira, americana e inglesa. Ele corresponde por cartas com o Bispo Dom José Tupinambá da Frota, Vicente Saboya, José Saboya e Leocádio Araújo, o intérprete oficial. Com certeza não se correspondia com John Sanford porque talvez o americano escrevesse muito mal o português.

Morize vai ao reconhecido Jornal Correio da Semana para alertar a população que o Eclipse é um fenômeno natural e pedir para não soltarem fogos para não atrapalhar as fotos dos cientistas. É Morize que tinha as medidas das bases dos telescópios das três equipes. Enfim, Morize é o mentor do Eclipse.

A equipe inglesa se divide em duas, uma na Ilha do Príncipe no Golfo da Guiné na África chefiada por Arthur Eddington e uma em Sobral chefiadas por Andrew C.D. Crommelin e Charles R. Davidson. As duas equipes inglesas eram chefiadas pelo astrônomo real Frank Watson Dyson do Observatório de Greenwich em Londres. Na Ilha do Príncipe o céu ficou encoberto, mas em Sobral como previu Morize foi um sucesso.

Andrew Crommelin
Prof. Emerson Ferreira de Almeida
Armando Sanford

Quando as equipes de cientistas chegaram na Estação de Sobral, lá estava John Sanford como intérprete não oficial, assim como o intérprete oficial Leocádio Araújo. A casa do Casal Sanford foi muito importante, pois além de hospedarem Henrique Morize e sua equipe brasileira e os americanos Daniel Wise e Andrews Thompson que ficaram temporariamente e depois se juntaram com toda a equipe inglesa e ficaram nas casas de José Saboya e Vicente Saboya, a casa ficava a 250 metros aproximadamente da Praça do Patrocínio onde estavam instalados os telescópios, o que facilitou o trabalho do americano como intérprete. Podia ficar á disposição dos cientistas o dia e a noite.

Acampamento dos cientistas na Praça do Patrocínio

 

O professor Emerson em seu artigo para a família Sanford em 06/12/2015 em que discorre sobre a hipótese que foi o americano quem confeccionou as bases dos telescópios, aponta três razões. A curta distância da casa para os telescópios faria com que o americano pudesse ir diversas vezes conferir o trabalho dos carpinteiros. A especialização no Instituto Politécnico de Brooklin e o seu sucesso na montagem do seu maquinário no Sítio Monte. As bases dos telescópios tinham que ser resistentes e ter geometrias adequadas.

A renomada professora de história e ex-diretora do Museu Dom José, Minerva Sanford Frota, neta do americano, em seu depoimento ao Jornal Diário do Nordeste no dia do centenário do Eclipse comenta: “Vieram para cá grupos de cientistas e os americanos se hospedaram na casa do meu avô, que os recebeu muito cordialmente, porque eram patrício dele. A residência dele era grande, considerada muito boa”. O “xodó” do senhor Sanford, porém, era um sítio do qual a família ainda é proprietária, na Serra da Meruoca”.

 

Minerva Sanford Frota, Fonte: Jornal Diário do Nordeste

Foi uma decisão acertada do Governo Federal através do IPHAN considerarem a casa do casal Sanford que hoje é o Colégio Ribeiro Ramos dentro da área chamada de Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da Cidade de Sobral. O tombamento foi uma homenagem a família Sanford e a Sobral. O tombamento foi em 28 de outubro de 1999.

 

Casa do casal Sanford: vital para a logística do Eclipse

As casas da família Saboya tinham também outra característica peculiar. A família Saboya tinha um poço profundo para alimentar a fábrica de algodão bem distante das casas. Era canalizado para as casas oferecendo a Andrew Crommelin e Charles Davidson conforto e segurança já que a água não era abundante e o que possibilitou aos cientistas êxito em seus trabalhos para as revelações fotográficas.

Cabe ressaltar que as esposas dos cientistas vieram também e Dona Minerva Sanford foi muito cordial com seus hóspedes. Na verdade, as paredes da casa “falavam só de eclipse” devido os intensos trabalhos para que tudo desse certo no dia 29/05/1919. Para quebrar o clima a bodas de prata do casal Morize foi na Igreja do Patrocínio com uma foto histórica com as três equipes de cientistas.

O casal Sanford recebe o cientista inglês Charles Davidson e Henrique Morize e sua equipe no Sítio Monte onde foram tiradas fotos clássicas e a luneta dessa foto está exposta no Museu do Eclipse em Sobral. Nesse cenário, mais uma vez a família teve a gentileza do Professor Emerson que cedeu uma foto do casal Morize.

O lendário e tradicional Sítio Monte sendo mais uma vez, cenário de um acontecimento histórico e dessa vez mundial. Muita gratidão a esse sítio que é a base sentimental e palco da infância de todas as gerações da família Sanford.

 

Sítio Monte: da esquerda para direita : Morize é o quarto e Davidson é o sexto

 

Sítio Monte: Henrique e Rosinha Morize

Como sempre, o Professor Emerson cede a família Sanford o diário resumo (The Eclipse Expedition To Sobral) do chefe da equipe inglesa, Andrew Crommelin. Nesse diário de apenas quatro páginas ele cita o americano. John Sanford é citado no livro “Einstein: De Sobral para o mundo” e no artigo do Jornal do Brasil de 04/04/1979 de Ronaldo Mourão, principal astrônomo brasileiro.

Ronaldo Mourão
O título já diz tudo

Liana Mascarenhas Sanford, Carmen Silvia Fontenelle de Mendonça e Alexandre Fontenelle Vasconcelos são as pessoas da família Sanford que fazem os DVDs da família. Tudo que achamos do Eclipse foi em cima de relatos de Armando Sanford. Ele conhecia os fatos, porém não tinha a documentação e fotos. Diante disso acreditamos ainda nas bases dos telescópios enfatizada por Armando Sanford.

Por isso, Carmen Silvia e Alexandre se dirigem ao MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins) e Observatório Nacional em São Cristóvão – Rio de Janeiro em 16/02/2016. Fomos mais uma vez conectados pela incrível competência do Professor Emerson.

Fomos atrás das cartas e apontamentos de Henrique Morize. Apesar de toda a cordialidade do casal Sanford, Morize não citou John Sanford em seus apontamentos e as cartas foram extraviadas. Inacreditável. Grande decepção. Frieza. Já Ronaldo Mourão que morava no próprio Observatório Nacional, após sua morte, sua família jogou no lixo toda a sua obra. Uma aberração à Ciência. Chegamos tarde e infelizmente não achamos nada sobre John Sanford.

 

MAST e ON – RJ: Da esquerda para direita: Carmen Silvia a primeira e Alexandre o penúltimo.

A boa notícia é que o Professor Emerson tem um contato na Inglaterra que vai pesquisar o Diário Geral de Andrew Crommelin na Universidade de Cambridge e no Observatório de Greenwich em Londres. Não se sabe por que o astrônomo real Frank Dyson dividiu esse material. É muito difícil colher esse material e não deixam ter acesso para fotocópia. Vamos ver como será feito.

O certo é que se for provado que o americano fez as bases dos telescópios, a sua contribuição passa a ser técnica diretamente ligada à Ciência e à Teoria de Einstein. O seu “último” feito sairá de Sobral para o mundo. Na verdade, os telescópios tinham que ter o encaixe perfeito nas bases, de maneira que não dessem nenhuma diferença na medida para o cálculo da deflexão da luz e como dito anteriormente somente o americano tinha as aptidões para essa tarefa na época.

Se não for achado nada em Londres, a hipótese das bases dos telescópios não fica invalidada já que as cartas de Morize foram extraviadas aliada à sua grande omissão a John Sanford, apesar de ser o mentor do eclipse.

 

Os telescópios e os suportes de madeira: Estação Britânica

Paradoxalmente em Sobral, John Sanford colaborou e testemunhou a Teoria de Einstein meses antes que os seus conterrâneos americanos já que a teoria triunfante do cientista alemão só foi anunciada no dia 10/11/1919 pelo Jornal New York Times. Sobral a frente de New York. Coisas da exuberante Sobral.

O título do livro de Ronaldo Mourão já diz tudo,” Einstein: De Sobral para o mundo”. A deflexão da luz aconteceu aqui. A comunidade científica tem que reconhecer a importância de Sobral. Coisas da exuberante Sobral.

 

Arte: Humberto de Almeida Sanford Junior

John Sanford, apesar de ser americano foi convidado para ser prefeito de Sobral algumas vezes e sempre recusou com expressão firme . Ele gostava era dos seus negócios e da família, pegando no colo alguns dos seus bisnetos mais velhos. John Sanford falece em 01/11/1961 com 97 anos.

Após a sua morte ele recebe duas homenagens importantes. A primeira do Jornal Correio do Ceará no dia do seu centenário de nascimento em 12/03/1964. É a seguinte manchete de primeira página: “Mr. Sanford foi colaborador de Delmiro Gouveia e instalou em Sobral a primeira fábrica de açúcar do Ceará”. Na verdade, foi Delmiro que foi colaborador do americano sendo seu empregado. A velha necessidade desnecessária. A segunda homenagem ocorre em 1966 quando o ex prefeito de Sobral, Cesário Barreto Lima , coloca uma das principais Avenida de Sobral de Avenida John Sanford , sendo uma coincidência , pois, é uma via de acesso a Serra da Meruoca.

 

Jornal Correio do Ceará

O mundo tem que entender que aqui é os Estados Unidos de Sobral com algumas famílias tradicionais que amam a Princesa do Norte: Sanford, Saboya, Almeida Monte, Paula Pessoa, Frota, Borges , Adeodato , Fontenelle , Linhares , Pereira Mendes , Ferreira Gomes , Pimentel , Mont´Alverne , Rangel , Lopes , Rodrigues e muitas outras de igual valor. São famílias que já foram muito relacionadas com o casal Sanford, por isso agradecemos a elas nessa matéria.
Os EUA podem ter os Rockfeller, Kennedy, Carnegie, entre outros como ilustres, porém temos aqui os que foram descritos anteriormente acima. Dizer que os Kennedy pilotaram na segunda guerra, não tem nada a ver, pois tivemos Arnaldo Sanford Barros que era conhecido como 7 flexas que em suas aventuras representou o Ceará em todo o planeta.

A família teve ex combatentes da segunda guerra, o baiano General Bolivar Oscar Mascarenhas, marido da neta mais velha do casal Sanford, Minerva Sanford Lima Mascarenhas, detentora da pessoa de maior longevidade na família com 99 anos e o sobralense Coronel João Mendes de Mendonça, marido da “coca-cola” Idalina Sanford Fontenelle. Sobral foi representada na guerra, isso eles têm que entender. Sobral teve como Ministro da Marinha, o notório almirante Henrique Saboia. Sobral nem mar tem. A deflexão da luz aconteceu aqui. Tudo acontece aqui e ponto final. De Sobral para o mundo.

Além do livro de Paulo Sanford, a família contém 4 DVDs e um site que contém toda a história da família, inclusive o livro de Paulo Sanford. O site da família Sanford é: afamiliasanford.wixsite.com/sanford. Está em fase de elaboração a Wikipédia e o YouTube no Google da história de John Sanford e um futuro pleito em Sobral e em Fortaleza.

Tiro a conclusão clássica de que temos que escutar e respeitar os mais velhos. Eles são sábios. É uma condição sine qua non para uma família organizada e harmoniosa. Agradeço a todos os mais velhos da família por tudo que aprendi. Os relatos de Armando Sanford sobre o Eclipse, de quase cinquenta anos atrás repercutem até hoje. É um exemplo disso.

“Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones” (Os Incríveis) e amo até hoje, mas o meu verdadeiro amor é a família Sanford. Dedico essa matéria a Paulo Sanford, João Sanford, Helvécio Sanford e Armando Sanford. Tios para uma vida inteira. A família Sanford humildemente agradece mais uma vez a todas as homenagens e ao professor Emerson. Que Deus tenha iluminado Andrew Crommelin. Que Deus abençoe o casal Sanford e que Deus dê prosperidade a nossa eterna e exuberante Sobral. Abraços a todos.
Sobral,

Alexandre Fontenelle Vasconcelos
Bisneto de John Roshore Sanford Neto de Amélia Sanford Fontenelle
Contato: Alexandre (61) 98178 8127

 

SAIBA MAIS, NO LINK:

https://afamiliasanford.wixsite.com/sanford

 

 

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