“Fazei penitência de tanto rezar”
Por Matheus Ribeiro, seminarista
O mês de maio se caracteriza, principalmente no 13º dia, pelo grande fervor mariano com o qual é solenemente celebrado. Todos sabem, sobretudo os católicos, que este mês se reveste da cor branca, paga-se as promessas, ascende as velas, reza-se as novenas em honra à Nossa Senhora de Fátima e triplica as “Ave-Maria”. Reconhecendo toda esta poética da piedade popular, não é unicamente sobre este assunto ora crítico, ora suporte de reflexão que densamente escreverei, mas daquilo que compõe as consequências das aparições de Fátima, ou parte delas. Denso porque nas vias que hoje se encontram o mundo, sem a plena universalização dos valores, desintegrar a simples e direta linguagem torna-se virtude, a fim de não corroer os sensíveis e ignorantes olhos dos que leem causando-lhes repulsa frente à pouca fé que encontramos nessas terras.
O triunfo do Imaculado Coração de Nossa Senhora compõe o centro da mensagem de Fátima. Uma mensagem originária que motivou os pastorinhos a sofrer grandes perseguições, duras ameaças e bastante penitencias. “Fazei penitencias”, “Rezai o terço todos os dias”, “Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz”, mensagens que nos remetem ao estado de vigilância, de constante oração e, sobretudo, de esperança. Era em 1917, e a “grande Mulher de branco” pediu que se rezasse para consolar e reparar os pecados acometidos contra Deus e contra o Imaculado Coração de Maria. Se há mais de 100 anos a Virgem Maria denunciava o horror da situação vivida naquele tempo, o que pensar dos dias de hoje?
Outro ponto, é que as aparições de Fátima não nos ocorreram isoladamente, elas devem ser consideradas num conjunto ao longo do século XIX e XX. Sempre com mensagens semelhantes, Nossa Senhora nos advertia, primeiro para Santa Catarina Labouré, à qual disse: “O mundo inteiro se verá transtornado por males de todo tipo”, depois em La Salette em meados do mesmo século: “Há quanto tempo sofro por vós”, e mais: “Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua infidelidade e má vida crucificam de novo meu Filho”. Sempre o pedido e a insistência para fazer penitência e reparação, o dever de consolar e reparar o coração Nosso Senhor. As revelações em Fátima vieram ainda com mais insistência, pedindo a consagração da Rússia, caso contrário, os seus erros se espalhariam por todo o mundo. Mostrou aos pastorinhos o inferno, e disse cair as almas no inferno como que caem flocos de neve no chão, e se as pessoas não se converterem, então viriam castigos para a humanidade. Mas sempre deixou claro que “por fim, meu Imaculado Coração triunfará”, contando com nossa colaboração.
A comunhão reparadora, a consagração ao Imaculado Coração de Maria e a devoção dos 5 primeiros sábados foram os principais pedidos. Não romantizemos estes relatos. A Igreja confirmou a veracidade, e sendo de revelação privada, não somos obrigados a crer; mas se o dançar do sol diante de centenas de milhares de pessoas, as perseguições aos pequenos videntes, a realização das profecias e a consequente devoção mundial à Nossa Senhora de Fátima não for prova suficiente, então pouco caso se faz das coisas que somente corroboram para o crescimento da nossa fé. Ao longo de todo o drama que ocorreu com os videntes, principalmente à Lúcia, sobre o último segredo revelado e a indiferença que deixaram nos bastidores da última grande aparição de Nossa Senhora, muita coisa ainda pretende ser revelada, não parte daqueles que se arrogaram o direito de medir os “limites” humanos na descrição dos fatos, mas por parte Daquela que diretamente à humanidade falou.