Herculano Costa

Alzheimer

A Doença de Alzheimer (DA) ou Mal de Alzheimer como mais popularmente conhecida, é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal que se manifesta pela deterioração cognitiva e da memória, comprometimento progressivo das atividades de vida diária e uma variedade de sintomas neuropsiquiátricos e de alterações comportamentais.
A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles. Como consequência dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.
A causa ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja geneticamente determinada. A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência neurodegenerativa em pessoas de idade, sendo responsável por mais da metade dos casos de demência nessa população.

Primeiros sintomas. Querer entender quais são os primeiros sintomas do Alzheimer é uma curiosidade comum. Afinal, só no Brasil, existem 1,2 milhões de pessoas com a doença, segundo recente levantamento do Ministério da Saúde. E, além disso, a doença costuma prejudicar significativamente a qualidade de vida do paciente, podendo, inclusive, ser fatal.
Seis são os fatores comuns da doença:
1. Perder-se em um caminho já conhecido. De acordo com o neurologista e coordenador de Doenças Cerebrovasculares do Hospital Icaraí (Niterói (RJ) e da Neurologia do Hospital e Clínica São Gonçalo, Dr. Guilherme Torezani, geralmente, o primeiro sinal indicativo de Alzheimer são os esquecimentos que geram preocupação – seja no próprio paciente ou nos familiares e amigos.
É o caso, por exemplo, de perder-se na rua, em um caminho já conhecido e não conseguir se localizar no espaço, naquele momento. Conforme esses esquecimentos se tornam frequentes, já há um evidente sinal de que algo está errado. “Esses sinais, não necessariamente, indicam Alzheimer, mas mostram uma perda cognitiva importante”, afirma o médico.
2. Esquecimentos que atrapalham a administração doméstica e a vida financeira. O médico exemplifica: “Frequentemente, esquecer-se de pagar as contas, esquecer de pagar boleto, esquecer senha de cartão, ou se embaralhar com o troco e não conseguir fazer o cálculo… Tudo isso é sinal de perda cognitiva”, aponta o neurologista.
3. Ficar repetitivo pode ser sinal de Alzheimer. O especialista explica que a repetição excessiva também é um sinal de demência. Ou seja, precisar o tempo todo de verificar uma mesma informação, ou repetir uma mesma informação muitas vezes, ou ainda repetir a mesma pergunta ao longo do dia. Nesses casos, é importante ficar em alerta.

4. Apresentar dificuldade para se comunicar. Ter dificuldade com a linguagem também é um sinal de perda cognitiva. “Por exemplo, esquecer-se com frequência de palavras simples, de forma que isso começa a impactar a sua funcionalidade de fala. Ou esquecer o nome dos objetos com frequência, objetos que você tem a disposição”, aponta, também, o neurologista.
5. Problemas na execução de tarefas e planejamento. O médico exemplifica e ilustra sua afirmação com o caso de uma senhora que faz sempre uma receita de bolo, mas passa a não conseguir concluir a tarefa, por se atrapalhar no meio da dita receita. De acordo com o especialista, abandonar uma atividade já conhecida no meio da ação, por não conseguir executá-la, é um sinal que merece atenção.
6. Alterações comportamentais do Alzheimer. No caso do Alzheimer, e de outras doenças associadas à demência, é muito comum a mudança no comportamento do paciente. “Então, o idoso pode começar a ficar agressivo, irritável, pouco complacente, muito rígido, muito metódico e muito teimoso. Ou então começar a falar de coisas inapropriadas socialmente, como falar abertamente sobre sexo, ou agir nos impulsos sexuais. Também pode começar a xingar ou falar palavras de baixo calão em público”, exemplifica o neurologista.
O Dr. Guilherme destaca que esses sinais todos não são específicos do Alzheimer, mas acometem e incomodam muito os pacientes que têm a doença.
Por fim, os sintomas precoces de Alzheimer podem aparecer já aos 40 anos. Pesquisadores da University College London (UCL) descobriram que um sinal precoce do Alzheimer pode surgir em pessoas por volta dos 40 anos, até 25 anos antes de outros sintomas da doença. O estudo, que utilizou testes de habilidades de orientação com capacetes de realidade virtual, revelou que indivíduos com maior risco de demência apresentaram os piores resultados, sugerindo uma conexão com a perda de habilidades espaciais. Esses achados podem revolucionar o diagnóstico precoce da doença.
No Brasil, centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer.
A identificação de fatores de risco e da Doença de Alzheimer em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à Atenção Básica, principal porta de entrada para o SUS, um caráter essencial para um melhor prognóstico dos casos e melhor resultado terapêutico.
Por Herculano Costa (*)

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