Juventude: a semente do futuro

Nesta semana, o Papa Francisco esteve reunido com os jovens do mundo inteiro, na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que teve como sede Lisboa. “Maria levantou-se e partiu apressadamente” (Lc 1,39) foi a citação bíblica escolhida pelo Papa Francisco como lema desta edição da JMJ.
Maria, uma jovem como tantos outros jovens, após o evento da Anunciação, não ficou parada, pensando no que fazer, mas partiu, apressadamente, para servir, para ajudar sua prima Isabel, gestante do Precursor. Essa é a inspiração que o Santo padre propõe aos jovens do mundo inteiro, diante de um mundo traumatizado pela pandemia e dilacerado pelo drama da guerra.
Em meio a tais sofrimentos e angústias, cada jovem cristão deve acender um luzeiro de esperança para o mundo. A Mãe do Senhor aponta para cada um o caminho da proximidade, do encontro, do serviço. Em sua mensagem para a Jornada, o Papa destacou que a Virgem Maria “é modelo dos jovens em movimento, jovens que não ficam imóveis diante do espelho em contemplação da própria imagem, nem alheados nas redes. Ela está completamente projetada para o exterior”.
Assim, o Santo Padre aposta nos jovens, para que também estejam projetados para o exterior, em estado permanente de êxodo, de saída de si em direção aos outros. Ele entende que a juventude é a semente do mundo do futuro. E para o futuro, se olha com esperança, mesmo que muitas vezes tenhamos a tentação de desesperar.
Isso porque também emerge na Igreja e na sociedade uma parcela significativa de jovens alheios aos dramas da humanidade, interessados em conservar estruturas do passado, com ideias extremistas e intolerantes. Isso emerge da influência de canais midiáticos das redes sociais apegados a fundamentalismos religiosos e doutrinários, que em vez de formar, têm deformado a mentalidade de muitos jovens cristãos.
É necessário, como disse o Papa Francisco na JMJ, lançar as redes no tempo em que vivemos, com todos os desafios, lutas e sonhos da humanidade atual. Em outros tempos, a partir de década de 1970, a juventude emergia na Igreja e na sociedade como um fenômeno, marcado pelo dinamismo e pela sede de mudanças na sociedade. No Brasil, emergiram diversas Pastorais da Juventude, que formavam jovens comprometidos com o mundo ao seu redor e que traziam para a sociedade um ar de renovação de esperança.
O documento 93 dos Estudos da CNBB lembra que em Puebla, os bispos da América Latina fizeram duas opções preferenciais: uma pelos pobres e outra pelos jovens. Falando dos jovens e aos jovens, ainda hoje, nesta JMJ, a Igreja reafirma sua esperança neste segmento da humanidade. Renasce a esperança de que a juventude volte a encantar o mundo com seu dinamismo, a exemplo da Virgem Maria, que, a passos largos, partiu ao encontro das necessidades de sua prima.
Segundo Francisco, essa “é a pressa típica daqueles que receberam dons extraordinários do Senhor e não podem deixar de partilhar, de fazer transbordar a graça imensa que experimentaram”. Essa é a pressa que deve movimentar os jovens de hoje, às vezes tão cansados e acomodados, mais presentes no mundo virtual do que no real. A Igreja precisa de uma juventude missionária, inquieta, solidária e ansiosa por difundir dentro e fora da Igreja um clima de fraternidade construtiva, para que a paz aconteça e todos se redescubram irmãos uns dos outros.



