Live “Quanto vale a vida?” chama a atenção para a realidade do tráfico de pessoas
Na semana do Dia Mundial de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, celebrado nesta quinta-feira, 30 de julho, a Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano (CEPEETH) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou a live: “Quanto vale a vida?”, para falar sobre a realidade do tráfico de pessoas.
A transmissão ao vivo, ocorrida no dia 29 de julho, teve as participações do bispo da prelazia do Marajó (PA) e presidente da CEPEETH, dom Evaristo Pascoal Spengler, da irmã Eurides Alves de Oliveira, que é membro da Comissão, e de Roberto Marinucci, do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios.
O evento online faz parte da campanha “Quanto vale a vida?”, que tem o objetivo de mobilizar e sensibilizar a Igreja do Brasil, assim como toda a sociedade brasileira, para o enfrentamento ao tráfico de pessoas. A campanha também pretende chamar a atenção do poder público para a promoção e inclusão social das vítimas e a garantia de seus direitos.
Na live, dom Evaristo relembrou o conceito de Tráfico Humano, conforme estabelecido no protocolo de Palermo, que diz que o mesmo é entendido como o recrutamento, transporte, a transferência, o alojamento ou acolhimento de pessoas recorrendo a ameaça ou ao uso da força ou, ainda, de outras formas de coação. “A exploração vai ser sempre em busca de trabalho escravo, de prostituição ou ainda para venda de órgãos ou tecidos”, comentou o bispo.
Dom Evaristo salientou que apesar de haver o protocolo assinado por diversos países, o tráfico de pessoas é ainda muito invisibilizado no mundo. O bispo explicou que foi no Marajó, no Pará, onde atualmente atua que começou a se defrontar com casos de tráfico humano, que segundo ele, é muito comum no norte do país. Ele revelou ainda que, no mundo, o tráfico humano gera mais de 32 bilhões de dólares por ano, sem contar que já é a terceira atividade ilícita mais rentável do mundo, só perdendo para o tráfico de drogas e para o contrabando de armas.
“As pessoas que traficam pessoas eles não querem realizar o sonho de ninguém. Para eles uma pessoa humana só vale aquilo que ela pode produzir, aquilo que ela pode lucrar com essa pessoa. Não importa mais a dignidade do ser humano, não importa a liberdade, não importa a pessoa como filho ou filha de Deus. A pessoa se torna apenas uma mercadoria que vai dar algum lucro”, afirma dom Evaristo.
O que se percebe hoje com o tráfico de pessoas, segundo o bispo, é que se transforma o corpo em mercadoria, fazendo a exclusão dos sonhos, dos sentimentos, dos desejos, da confiança. “As mulheres são as maiores vítimas, mais de 70% hoje das pessoas traficadas são mulheres”, chamou atenção.
Denúncia – Na live, irmã Eurides Alves de Oliveira, membro da Comissão, afirmou ser dever de todos denunciar o tráfico de pessoas. “Como igreja, que defende à vida, que quer construir um projeto de vida que é o projeto do Reino, nós afirmamos que a vida é inviolável, a vida é sagrada e ela não pode ser mencantilizada”, reiterou. De acordo com ela, a vida vale infinitamente todo o valor, mas monetariamente ela não pode ser comercializada.
Já o Roberto Marinucci, do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios, fez um panorama amplo sobre o tráfico: o que é, quando acontece, quais são as principais vítimas, as causas, e, sobretudo, os desafios que a realidade apresenta para toda a sociedade.
A live pôde ser acompanhada pelo Facebook e pelo YouTube da Cáritas Brasileira. No mesmo dia, a Comissão também convidou para a realização de um gesto concreto: acender uma vela e, em oração, fazer um minuto de silêncio pelas vítimas do tráfico de pessoas. Pediram para que os internautas tirassem uma foto da luz e publicassem em suas redes sociais com as hashtags: #TraficoHumanoNão e #Endhumantrafficking #CNBB.:
CNBB