Livrai-nos dos manipuladores!
por Fátima Moura
Segundo os especialistas, o manipulador pode estar em qualquer ambiente, mas o que mais afeta as pessoas é a ação deste tipo de maníaco no local de trabalho. O manipulador é uma modalidade de psicopata que, quando quer interferir na vida das pessoas, se disfarça do que ele achar conveniente com seus interesses: amável, compreensível; às vezes firme e às vezes brando. Mas sempre simpático e envolvente para tirar o desejado proveito. Ele está focado em criar estratégias que resultem no máximo de vantagens para si e causar prejuízo para a pessoa que ele tem como alvo. Aliás, isso nem pode ser chamada de estratégias, isto é truculência. Desta forma, o resultado do empenho dos outros, vai sendo extorquido. O usurpador visa minar a capacidade do colega para se apossar de toda situação.
Este é o tipo de pessoa que convence você a desistir de seus objetivos para realizar tarefas que vão beneficiá-lo. Às vezes, posta-se vítima. Ele quer abalar suas bases emocionais, quer lhe desestruturar. Ele foca o comando da situação, esgueirando-se e serpenteando, intenta executar seu projeto. O manipulador é aquela pessoa que se aproxima de você já com um plano traçado para tirar seu mérito e transferi-lo para si. Ele é tão perverso que acredita ser este o único caminho para progredir profissionalmente e ser esta a medida acertada e imprescindível. Ele quer monopolizar a situação. Segundo a sua ótica, a sala de trabalho é tabuleiro de um jogo que só ele domina as regras; os colegas, peças que ele pretende manobrar na direção propícia a suas metas.
E quando o truculento é seu chefe, a situação piora em dobro. A coisa fica bastante a favor dele. Porque, por questões convencionais de respeito às hierarquias organizacionais, ele está numa posição bem confortável para ordenar, definir objetivos e executá-los; para explorar os comandados ou um funcionário escolhido entre os demais. Como explica o psiquiatra Alberto Augusto Iglesias, Boa Vista, Roraima, isto pode ocorrer em qualquer contexto social. E depois da primeira vez de sucesso de sua nefasta ação, ele provavelmente repetirá a crueldade, até que você coloque um fim à exploração, dê o ultimato à violação.
Ocorre uma prática muito perturbadora nos meios corporativos: o chefe delega poderes a um de seus funcionários, que por ventura, é justo um abusador desta estirpe. Aí ele deita e rola, faz a arte do malfazejo. Vai anular o trabalho dos considerados concorrentes. Porque é assim que ele enxerga os colegas. Vai maximizar as falhas de seus escolhidos e se apossar dos acertos, vai tratar de nocauteá-los brandamente. Geralmente, o manipulador é dissimulado, fala até com carinho. Ele é o bajulador, o chaleira, mas na verdade, sua retórica destoa enormemente de suas ações. Ele incorpora o típico lobo em pele de cordeiro, ou melhor, o maligno na aparência de anjo. Quando você percebe, o estrago já está feito em sua vida.
Os manipuladores são seres extremamente astuciosos. No meio corporativo, estudam a situação, analisam a conjuntura e, sorrateiramente, captam o grau das fragilidades alheias. E de posse dessa informação, iniciam seu plano de dominação, usando as falhas das pessoas como instrumento de massacre psicológico. No emprego, um colega te obriga a cumprir tarefas que não são suas. E quando você não consegue concluir o trabalho em tempo hábil, ele te faz sentir culpa e uma enorme sensação de incapacidade. Todo abusador desta ordem é egocêntrico, invasivo e pronto a ultrapassar as fronteiras emocionais, espirituais e profissionais das pessoas. O tal algoz nunca assume suas culpas. Ardilosamente, transfere as próprias faltas para os outros.
A psiquiatra norte-americana Abigail Brenner adverte que, no ambiente de trabalho, tais funcionários são bem dissimulados. “Eles não estão interessados em você como pessoa, mas como um meio de obter algum controle, de modo que você participe de seus planos, mesmo relutante”. Ela esclarece ainda que qualquer pessoa pode perceber se toda aquela postura agradável de simpatia e afabilidade é real ou falsa. Se na presença das pessoas ele se desmancha em gentileza, mas na ausência adora falar mal, isto pode ser um forte indício de que o ambiente está contaminado pela ação de um manipulador irremediável.