Monsenhor Waldir Lopes de Castro: 18 anos de vida eterna

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No dia 22 de dezembro de 2001, há exatos 18 anos, o povo de Marco recebia a inesperada notícia da morte de seu pároco. Ele que foi pastor, professor, guia espiritual e além disso um verdadeiro PAI para aquela cidade que tanto o amava e ama, ainda depois de tanto tempo. Um sentimento de tristeza invadia o coração de cada paroquiano, da criança ao idoso. Todos sentiram a morte daquele que foi e será sempre lembrado na mente dos que um dia o conheceram e tiveram a alegria de conviver com ele.
Monsenhor Waldir, como era conhecido, nasceu na cidade de Sobral, no dia 20 de fevereiro de 1931. Filho de Victor de Castro Cavalcante e Francisca Elusa Lopes de Castro Cavalcante. Foi batizado na Igreja da Sé, em Sobral, no dia 08 de março pelo Padre José Gerardo Ferreira Gomes. Cresceu em uma família católica, de onde floresceu o desejo do sacerdócio. Ingressou no Seminário Menor de Sobral a 08 de fevereiro de 1944. Concluiu o Seminário Menor no ano de 1950. Fez seus estudos de Filosofia e Teologia no Seminário Maior da Prainha, em Fortaleza, no percurso de seis anos. Recebeu o subdiaconato a 23 de outubro de 1955. Foi ordenado sacerdote no dia 08 de dezembro de 1956 pelo Bispo D. José Tupinambá da Frota, na Igreja Catedral de Sobral. Começou a exercer seu ministério sacerdotal, como cooperador do vigário da Paróquia do Patrocínio, Mons. José Osmar Carneiro. Nesse cargo, permaneceu de janeiro de 1957 a março de 1964. No mesmo período foi professor de religião no Seminário de Sobral e na Escola Técnica de Comércio D. José. No dia 08 de março de 1964, assumiu a paróquia de São Manuel na cidade do Marco, onde permaneceu até seu falecimento.
Essa foi a primeira e única paróquia que administrou. Chegando, viu logo a simplicidade daquele povo, e aos poucos foi educando-o, não só na fé, mas também em como se comportar em todos os lugares. Foi um grande mestre da sabedoria terrena e da sabedoria celeste, com seus dons espirituais. Sua simplicidade ajudou bastante aquele povo a amá-lo e ouvi-lo quando necessário.
Por onde passou, deixou seu legado. Além de padre, era amigo e irmão. Ouvia a todos que chegavam para conversar, era conselheiro, advertia e prevenia a todos. Onde chegava leva a paz e o amor. Os prediletos de Deus também eram os seus. Não contam as vezes que abria as portas da casa paroquial para acolher um pedinte ou alguém que precisava de alguma coisa. Padre Waldir, mesmo cansado, não reclamava, pois amava sua missão e nunca era de dar ouvido a intrigas. Ele queria mesmo era ver o seu povo unido em oração.
Certa vez, uma paroquiana foi reclamar com ele sobre outra. Falou, falou mais… e quando terminou suas reclamações, o padre, de cabeça baixa, pensando na resposta a dar para aquela mulher, disse: “agora vamos rezar por ela, assim ela melhora”. Essa era a resposta daquele que sempre quis a união da comunidade.
Gostava muito de ir para as comunidades. Como as estradas eram ruins, levava sempre alguém consigo no seu jipe. Quando de longe escutavam o barulho e avistavam o jipe, eis a alegria, “é o nosso padre!”.
Não deixava ninguém que precisasse de sua ajuda ir embora de mãos vazias. Muitas famílias são gratas ao Monsenhor Waldir por ter recebido dele ajuda, não só material, mas também espiritual. Preocupado com a educação e sentindo a necessidade do seu apoio, junto aos líderes da cidade, fundou o Centro Educacional São Manuel (CESM), com 1º e 2º graus, de onde foi professor e diretor. Queria ver aquele povo estudado, com uma vida digna, por isso o interesse de estar próximo aos primeiros alunos e ver seu desempenho.
Com a ajuda espontânea de todos os seus paroquianos, construiu a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, hoje Santuário Diocesano. Instituiu os primeiros ministros da palavra em todas as comunidades e não os deixava sem formação, pois não queria deixar as comunidades sem o pão da palavra de Deus. Era também incentivador das Comunidades Eclesiais de Base. Reformou o cemitério São Roque e a Igreja Matriz, a qual não viu terminada.
Além de pároco, e de doar seu tempo a sua amada paróquia de São Manuel, assumiu a direção do Seminário São José em Sobral, no qual foi um dos grandes colaboradores para as vocações sacerdotais. Apesar desse tempo que passou no seminário, não deixou seus paroquianos sozinhos, sempre procurava estar presente, e o povo já estava com medo de perder aquele grande padre. Foi esse o grandioso trabalho que realizou durante os 37 anos que passou na paróquia de São Manuel de Marco.
Segundo afirmam alguns padres, ele era um modelo de sacerdote, amante das confissões, onde passava horas atendendo o povo no confessionário, uma das marcas de seu ministério. Foi o pioneiro na implantação do dízimo na Diocese de Sobral, um dos grandes frutos do seu ministério, e ainda hoje é uma pastoral viva e atuante dentro da paróquia de Marco.
Sonhos não lhe faltavam para serem realizados naquela paróquia, mas, infelizmente, no dia 22 de dezembro de 2001, quando fazia sua caminhada matinal, o que era de costume, devido a sua saúde e idade, sofreu um trágico acidente na avenida que dá acesso ao município de Marco, sendo levado à Santa Casa de Sobral em estado grave e vindo a falecer algumas horas depois, naquela sombria manhã. Ao saberem da triste notícia que se espalhava pelas ruas da cidade, era possível ver a comoção das pessoas. Toda a região lamentou o trágico acontecimento.
Deste grande homem, além da saudade, ficou o exemplo de um verdadeiro pastor, humilde e sábio, que soube cuidar e zelar do rebanho que lhe foi confiado. São 18 anos de boas e grandes lembranças que temos de nosso querido e insubstituível Monsenhor Waldir, que hoje para o povo daquela paróquia é considerado santo.
Nesse ano, a pedido do pároco Padre Nonato Timbó de Paiva, iniciou-se o processo paroquial de beatificação do venerado pastor, o que causou grande alegria e esperança em todos os paroquianos. Para nós, é um dever de gratidão recordar sua missão, realizada com amor e doação a todo o seu povo.
Obrigado, Monsenhor Waldir!

Por: Francisco Samuel Paixão e José Jonatan Mariano – Seminaristas da Diocese de Sobral.

 

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