No Ceará, acesso aos condomínios é um dos maiores desafios para a conclusão do Censo 2022

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Editoria: Censo 2022 | Da Redação
Chegando agora à sua reta final no Ceará, o Censo Demográfico 2022 enfrenta ainda um grande desafio para sua conclusão: alcançar as pessoas que residem em condomínios. Sejam horizontais ou verticais, os arranjos condominiais estão mais presentes nas grandes cidades, uma vez que oferecem aos moradores uma opção de ambiente com mais tranquilidade e conforto em meio à vida corrida e insegura. Na Região Metropolitana de Fortaleza, por exemplo, são mais de 241 mil unidades, o que representa 18,2% dos domicílios, segundo dados de 2019 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua voltada para o tema Características Gerais dos Domicílios e dos Moradores.
Por outro lado, o isolamento voluntário representa um desafio maior para acessar esses condôminos, podendo dificultar diversas ações, como é o caso do recenseamento. Até esta segunda-feira (6), a capital Fortaleza possuía uma taxa de 4,36% moradores que se recusaram a responder ao Censo, além de 5,66% domicílios onde foram registradas ausências mesmo após as cinco visitas obrigatórias do recenseador. Ambos os índices são aproximadamente o dobro do registrado para o estado do Ceará, que tem 2,29% de recusas e 2,62% de ausências, revelando que, de fato, há uma maior dificuldade para realizar pesquisas domiciliares nos grandes centros por uma série de fatores.
São diversos os motivos alegados pelas pessoas que recusam a visita dos recenseadores: seja por receio de perder algum benefício governamental, por temor de cair em algum golpe ou de ser vítima de algum crime, por falta de tempo para responder à pesquisa, por desconhecimento do que é o Censo e da sua importância para o país, por confundir a operação censitária com ação de um político ou partido específico, entre outros. Nos condomínios, o desafio se torna bem maior, pois muitas outras barreiras se impõem, e o impedimento pode ocorrer ainda com o síndico, o porteiro ou a portaria eletrônica, sem que o recenseador sequer tenha conseguido falar diretamente com os moradores.
As dificuldades e as estratégias para superá-las
“Já teve caso de uma recenseadora me ligar chorando, dizendo que não aguentava mais, porque foi humilhada por uma moradora. Então é muito difícil. Esse é um dos motivos para o alto número de desistências”. É o que relata Lucas Otávio Braga, que é Agente Censitário Supervisor (ACS) e trabalha em dois bairros da capital com predomínio de condomínios: Meireles e Varjota. Ele conseguiu prestar o devido apoio à recenseadora em questão, que acabou não desistindo do trabalho. Mas em muitos outros casos fica difícil persistir. Por conta dessa escassez de mão de obra, Lucas precisou assumir o papel de recenseador em sua área e ir também a campo para desfazer as recusas.
Lucas menciona que a barreira mais difícil de transpor se dá antes mesmo de enfrentar a hostilidade de alguns moradores: ela aparece ainda na tentativa de estabelecer o primeiro contato com o condomínio. “Portaria eletrônica é o maior desafio que a gente tem. Porque é uma demora, e passa pra um, passa pra outro, e a gente termina perdendo o nosso tempo. Já os porteiros, alguns são bem receptivos, mas tem outros que não não querem autorizar nossa entrada, nem fazer o contato com o síndico. E também já aconteceu várias vezes de o próprio síndico não permitir”, relata o supervisor, que observa que essas e outras dificuldades encontradas no trabalho de campo acabam gerando um impacto direto no ritmo da coleta.

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