O diálogo como uma atitude quaresmal

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“Agora o tempo se cumpriu, o Reino já chegou! Irmãos convertam-se e creiam firmes no evangelho”. Com o trecho desse cântico, somos embalados no espírito quaresmal, tempo esse que se cumpre na medida da nossa conversão. É a crença firme no evangelho que proclama: o Reino já chegou. Ele está no meio de nós!
E para que o Reino aconteça, a missão de Cristo passa por nós e nos interpela ao diálogo como compromisso de amor. Sob o reinado do amor somos todos irmãos, filhos de um mesmo Pai. É nesse ímpeto de unidade que vivenciamos a Campanha da Fraternidade Ecumênica – 2021- promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e pelo Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil.
O contexto da pandemia estimula à solidariedade entre todas as pessoas de boa vontade, sem fazer menção a qualquer distinção. Afinal, nos preocupamos uns com os outros, unidos no combate a um vírus que não escolhe cor, etnia, ideologia política ou crença religiosa.
Na quanrta-feira de cinzas, quando o papa Francisco enviou ao brasil sua mensagem sobre a CF – 2021, destacou: “Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida”. Assim, o ecumenismo desta CF nos propõe que todos os cristãos estejam unidos em favor da vida.
O que está em jogo é a superação das polaridades e extremismos e a capacidade de dialogar, encontrando pontos de união. Somos todos peregrinos desta longa estrada, na fidelidade ao único Senhor Jesus que mandou que nos amássemos uns aos outros, e o amor verdadeiro sempre luta pela união e nunca pela divisão.
No ano passado, a CF já nos chamava a atenção para o cuidado e a compaixão com o próximo. A inspiração veio da parábola do bom samaritano, que cuidou de um judeu que havia caído em uma emboscada. À época, judeus e samaritanos eram inimigos, mas aquele samaritano , superando os preconceitos, não viu um inimigo, mas um homem como ele, que precisava de ajuda.
Além disso, na recente Encíclica Fratelli Tutti (“Todos irmãos”), o papa convoca os cristãos à construção de uma fraternidade que reconhece o valor de cada pessoa humana, sem olhar para as diferenças. Portanto, a Campanha da Fraternidade Ecumênica está bem contextualizada tanto pela união que a pandemia exige quanto pelo discurso atual da Igreja, sempre voltado para o diálogo e a unidade dos cristãos.
É por isso que se entende que uma Campanha da Fraternidade Ecumênica oportuniza o diálogo entre diferentes convicções e pode ser palco para uma verdadeita cultura de paz a partir da comunhão e da partilha de experiências. Isso deve estender a cultura do diálogo para outros campos, unindo grupos étnicos, partidos políticos e outras culturas e religiões.
Se Cristo faz unidade do que antes estava dividido, por que não podemos também nós trilhar esse caminho a partir de uma conversão interior? Façamos isso pelo bem da humanidade e em nome de Cristo, que é a nossa paz!

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