O ENCANTO DA POESIA DO CENTENÁRIO DA ACADEMIA SOBRALENSE DE ESTUDOS E LETRAS ASEL

Quando escrevo sobre a poesia, percebo que não é em vão o meu trabalho de crítica literária. O resultado, embora cubra só uma pequena parte de tantos talentos poéticos, é sempre surpreendente, principalmente porque se tem a sensação de estar preservando uma parcela significativa da criatividade do povo cearense que deve agradecer e se orgulhar por ter nascido na terra, onde canta a jandaia, José de Alencar, uma das maiores expressões da literatura brasileira. Imaginem se pensarmos que nascemos na terra de inúmeros José de Alencar, e daqueles que apreciaram o canto da jandaia, como os poetas Domingos Olímpio, Adolfo Caminha, Patativa de Assaré, entre outros.
Sim, há inúmeros jandaias no Ceará, os jandaias e as jandaias, e há ainda os jandaias que leem e escutam com carinho e orgulho os cantos de outros jandaias.
Há sim, outro poeta, que nos encanta com a sua poesia, em homenagem ao Centenário da Academia Sobralense de Estudos e Letras-ASEL
Sim, poeta, chegaste ininterruptamente ao meu ego. Os padrões sonoros que escolhe estão definitivamente ligados aos poderes emocionais e históricos, quando diz: “Mergulho na memória e no alvorecer da tua existência/ Imortal Sodalício que já dura cem anos”.
Nesses versos, não há razão para dizer que o poeta se apega às teorias tradicionais ou modernas. Mas é fato que conserva o juízo estético. Distribui líricas que permitem viagens pelo inconsciente e recriam o domínio da linguagem poética, permitindo que passado seja futuro ou que toda essa parafernália dialética de que disponhamos mexa e encantam os sentidos da história sobralense.
O poeta Liduino de Sá defende o ponto máximo da historia da Academia, num coeso de uma poesia em a inteligência especulativa e a celebração da corporalidade da Academia, onde ele, se expressa com grande vigor metafórico,. Veja:
Hoje tua história, magnificamente, é trazida para pertinho de nós;
E pergunta: por que estão a fazer tudo isso. Não sabe tu, tu não sabe!
É que completa cem anos e te louvam, festejam teu centenário.
És a grande estrela, és o espelho que nos mostra ontem.
O ontem que te fez nascer para Sobral, que te fez nossa e que te faz ASEL.
A concepção romântica, a sutileza simbolista e nacionalista, a envolver em cantos saudosista em papéis históricos, que haverão de ocupar as bibliotecas, quando se manifesta toda a intensidade de sua expressão poética, a dizer: “O ontem que te fez nascer para Sobral”. Assim, é ontem, hoje e futuro de Liduino Sá. De uma vitalidade histórica suprema. O país precisa saber que para ti é possível penetrar por inteiro a alma de um poeta. O povo não pode ficar imune a tua poesia, quando cercado de um centenário da Academia Sobralense de Estudos e Letras.
Parabéns, poeta, por ter nascido na terra, onde canta a jandaia!
Eudes de Sousa, Crítico Literário e Presidente da Academia Massapeense de Letras e Artes.



