Estamos advento, primeiro tempo do Ano Litúrgico ou ano novo na Igreja Católica e antecedente do Natal. Mesmo no segundo ano com pandemia, a cidade se ilumina mais. Todos nos preocupamos em montar a árvore de natal, o presépio. Nos shoppings e outros espaços públicos vemos decorações natalinas. Existe incentivo ao consumismo e a mente, inquieta, insiste em voltar 2021 anos.
Maria e José já deveriam ter deixado sua Nazaré, na Galileia, para realizarem o recenseamento, conforme edito de César Augusto. José, o carpinteiro, era nascido em Belém, a cidade de David, na Judeia, e para lá deslocar-se-ia com Maria, sua esposa, que estava grávida. Ainda hoje não é uma pequena distância. Penso que a esta altura, dias antes do nascimento de Jesus, José, seu pai amoroso, e Maria, sua mãe, já estavam a caminho… e, diríamos, do caminho que trouxe a redenção, a salvação à humanidade.
A história do Filho de Deus é inspiradora. Digo isso sem ameaças de cair em lugar comum. Vejamos: a concepção. Um anjo veio à terra e foi ao encontro de uma virgem, hoje sabemos, concebida sem a mácula do pecado, pois, Deus “jamais entrará numa alma de má fé e jamais habitará num corpo sujeito ao pecado” (Sb. 1,4). Maria estava noiva e “não conhecia” homem algum. Mas, o Espírito Santo de Deus viria sobre ela e quem n’ela fora gerado é o Filho de Deus. Sem nada contar a José sobre os acontecimentos, Maria vai ajudar à prima. Isabel exulta em ver a prima, exclamando: “Donde me vem a honra de receber a Mãe de meu Salvador”.
Após o nascimento do filho de Isabel e Zacarias, Maria volta à Nazaré. Àquela altura, a barriga já era evidente e ela ainda não casara com José. Ele, um homem justo, decide abandonar Maria para que ela não fosse apedrejada, conforme as leis da época. Mas, o anjo aparece em sonho a José e revela o que estava a acontecer e diz mais, ele, José, daria o nome ao Filho de Deus, Jesus, e seria seu guardião. É ou não é uma superação, como dizemos hoje? Inspira-nos e faz-nos lembrar a pequenez das dificuldades cotidianas ante essa realidade.
Mas, recordando a ideia principal, Maria e José se encaminhavam a Belém. José não tinha mais parentes na cidade, Maria também não. Mas, mostrando que Deus tudo planeja e “há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ecl. 3,1), o recenseamento foi um modo de Deus determinar que seu Filho humanizado nascesse na Cidade de David, Belém, a “Casa do Pão”. Jesus se tornaria, depois, o Pão Eucarístico. E nós veremos nos dias seguintes. Eles chegarão a Belém e lá não encontrarão hospedagem. É tarde. Maria sente que o nascimento de Jesus se aproxima. Hora ímpar em que Deus se faz homem e diríamos que o céu se encontra ou se faz terra. Os animais são os anfitriões. O berço do Filho de Deus será uma manjedoura, cocho de comida dos animais…
Será que não encontramos outras famílias nessas condições, guardadas as proporções? Onde está Jesus – Luz da Luz? É Ele a luz principal da decoração natalina? Será que a figura do papai Noel – da tradição de um bispo católico dos primeiros séculos –, não toma o lugar do Jesus? Será que o consumismo não ocupa o espaço da solidariedade?
Reflitamos e não hesitemos em colocar Jesus e a solidariedade por Ele ensinada, verdadeiramente, no centro do Natal!

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