O Papa: a santidade é a palavra de Deus encarnada na história

Todo santo é uma missão
Em 8 de maio de 1969, São Paulo VI decidiu substituir a Congregação dos Ritos Sagrados com dois dicastérios: a Congregação das Causas dos Santos e a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. “Com essa decisão, ele permitiu dedicar recursos adequados de pessoas e trabalhar em duas grandes áreas claramente distintas, para corresponder melhor às solicitações cada vez mais numerosas das Igrejas particulares e à sensibilidade conciliar.”
Neste meio século de atividade, sua Congregação examinou um grande número de perfis biográficos e espirituais de homens e mulheres, para apresentá-los como modelos e guias da vida cristã. As várias beatificações e canonizações que foram celebradas nas últimas décadas significam que os santos não são seres humanos inacessíveis, mas estão próximos de nós e podem nos ajudar no caminho da vida. De fato, «são pessoas que experimentaram a fadiga cotidiana da existência com seus sucessos e fracassos, encontrando no Senhor a força para se levantar sempre e prosseguir o caminho». É importante medir nossa coerência evangélica com diferentes tipos de santidade, pois «todo santo é uma missão; é um projeto do Pai para refletir e encarnar, num momento específico da história, um aspecto do Evangelho».
Ver a santidade no povo de Deus
Segundo o Papa, “o testemunho dos beatos e dos santos nos ilumina, nos atrai e nos coloca em questão, porque é “palavra de Deus” encarnada na história e próxima de a nós. A santidade permeia e acompanha sempre a vida da Igreja peregrina, muitas vezes de maneira oculta e quase imperceptível.
“Portanto, devemos aprender a «ver a santidade no povo de Deus paciente: nos pais que crescem seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham para levar comida para casa, nos doentes, nas religiosas idosas que continuam sorrindo. […] Isso é muitas vezes a santidade “da porta ao lado”, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus».”
“A santidade é a verdadeira luz da Igreja: como tal, deve ser colocada no candelabro para que possa iluminar e guiar o caminho em direção a Deus do povo redimido. Trata-se de uma verificação cotidiana realizada por esse Dicastério, que desde a antiguidade foi realizada com diligência e precisão na pesquisa investigativa, com seriedade e competência no estudo das fontes processuais e documentais, com objetividade e rigor no exame e em todos os graus de julgamento, relativo ao martírio, virtudes heroicas, oferta da vida e milagre. Esses são critérios fundamentais, exigidos pela gravidade do assunto tratado, pela legislação e pelas justas expectativas do povo de Deus, que confia na intercessão dos santos e se inspira em seu exemplo de vida”, disse ainda Francisco.
Os postuladores devem ter atitude de serviço à verdade
O Papa disse ainda que “seguindo este caminho, o trabalho da Congregação permite limpar o campo de toda ambiguidade e dúvida, obtendo uma certeza plena na proclamação da santidade. Os consultores, no âmbito histórico, teológico e médico são chamados a cumprir com liberdade de consciência o seu trabalho, estudando atentamente os casos que lhes foram confiados e formulando os julgamentos com uma reflexão amadurecida, imparcial e sem condicionamentos”.
Segundo o Papa, “os postuladores devem estar mais conscientes de que sua função exige uma atitude de serviço à verdade e de cooperação com a Santa Sé. Eles não devem ser guiados por visões materiais e interesses econômicos. Não devem buscar sua afirmação pessoal e, acima de tudo, devem fugir de tudo aquilo que contradiz o significado do trabalho eclesial que desempenham”.
“Que os postuladores tenham consciência de que as Causas de beatificação e canonização são realidades espirituais. Portanto, devem ser tratadas com sensibilidade evangélica e rigor moral”, concluiu o Papa.
Por Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano



