Dom-Vasconcelos-posses

“O Ressuscitado vive entre nós. Amém, aleluia! Não temais, irmãos, eu estive morto, mas agora vivo, vivo para sempre. Amém. Não temais, irmãos, eu sou o primeiro, último também, eu sou o vivente. Amém. Não temais, irmãos, tenho em mãos as chaves que da morte foram, hoje são vitória. Amém. Não temais, irmãos, paz convosco esteja! Vós sereis felizes crendo sem ter visto. Amém”. (Letra e música de Frei Luís Turra). Cantos inspirados nos ajudam a celebrar a Liturgia, cume e fonte de nossa vida cristã, durante o Tempo Pascal. E durante a Oitava da Páscoa as aparições do Cristo Ressuscitado, presente entre nós, suscitam a profissão de fé naquele que é o vivente, o primeiro e o último!
Aparecendo aos seus Apóstolos no dia da Ressurreição, deixou sinais para a fé que sustenta a Igreja (Cf. Jo 20,19-31). Somos convidados a reconhecê-los, pois nunca se apagaram e conduzirão as Comunidades Cristãs e as pessoas que são felizes por crerem sem ter visto (Cf. Jo 20,29), até que Ele volte. As portas fechadas do lugar onde se encontravam, por medo dos judeus, não são obstáculo para que o Senhor se manifeste. Portas se escancarem na Igreja, para acolher a todos, a fim de superarmos o pavor, preconceitos e julgamentos. Primeiro sinal!
“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não a dou à maneira do mundo. Não se perturbe, nem se atemorize o vosso coração (Jo 14,27). A promessa se realiza como fruto da Ressurreição do Senhor. A saudação do Ressuscitado é “A paz esteja convosco!” Onde está o Senhor, está a paz, aquela que as nações e as pessoas procuram, mas uma só é a fonte. Segundo sinal!
Entretanto, ao saudar seus discípulos ele mostrou-lhes suas chagas. “Seu pé ferido nova estrada abriu e neste homem, o homem enfim se descobriu” (Dom Carlos Alberto Navarro e Valdeci Farias). A paz desejada e oferecida é fruto da Cruz do Senhor. Por todas as gerações, a marca da crucifixão do Senhor estará presente, pois “sem derramamento de sangue não existe perdão. Cristo não entrou num santuário feito por mão humana, imitação do verdadeiro, mas no próprio céu, a fim de comparecer, agora, na presença de Deus, em nosso favor. Na plenitude dos tempos, que, uma vez por todas, ele se manifestou para destruir o pecado pela imolação de si mesmo” (Cf Hb 9,22-27). Terceiro sinal!
Jesus soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos” (Cf. Jo 20,22-23). No preço pago em sua Cruz, a paz que oferece a todos toca na raiz do mal e do pecado, pois anuncia e realiza a misericórdia e o perdão. Entretanto, só conduzida pelo sopro do Espírito a Igreja pode ser portadora da novidade radical chamada perdão, coisa que o mundo não compreende nem pode dar, mas precisa ser “soprada” do alto, como uma nova criação. É a Festa da Divina Misericórdia! Quarto sinal!
Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio” (Jo 20,21). Do Coração, porta aberta de Cristo para a humanidade, nasce a missão, com os discípulos voltados para o alto e para frente, dispostos a irem até os confins da terra. Com a Missão, chegamos ao quinto sinal, correspondente ao grande acontecimento da Igreja de Belém, a Ordenação Episcopal do novo Bispo Auxiliar, Monsenhor Paulo Andreolli, S.X., nascido no dia 16 de dezembro de 1972. Fez a primeira profissão religiosa aos 21.08.1994 e a profissão perpétua no dia 5.03.2000. Foi ordenado Diácono no dia 6.03.2000 e presbítero no dia 17.09.2000. É Missionário Xaveriano, atuou por nove anos em Paróquias e dez anos na animação missionária vocacional.
Na Ordenação Episcopal, aquele que é ordenado assume as tarefas correspondentes aos sinais que identificamos. A ele é perguntado: “Queres desempenhar até a morte a missão que nos foi confiada pelos Apóstolos, e que, por imposição de nossas mãos, te será transmitida com a graça do Espírito Santo?” Trata-se de Missão, vinda do alto, pela ação do Espírito Santo. Depois, a desafiadora pergunta: “Queres anunciar o Evangelho de Cristo com fidelidade e perseverança?” O Bispo não anuncia a si mesmo, mas é portador da Boa Nova do Evangelho, na escuta constante da Palavra do Senhor, que ressoará, através de seu ministério, no coração e na vida das pessoas. Sua fidelidade deverá corresponder à fé da Igreja, tanto que lhe é perguntado: “Queres conservar em sua pureza e integridade o tesouro da fé, tal como foi recebido dos Apóstolos e transmitido na Igreja, sempre e em toda parte?” O Ministério é assumido em comunhão na Igreja e para a Igreja. Como no Cenáculo, é a Igreja reunida, através dos gestos e das palavras dos Bispos, que consagra aquele que é ordenado. Vejamos a seriedade da palavra que lhe é dirigida: “Queres edificar a Igreja, corpo de Cristo, e permanecer na sua unidade com o Colégio dos Bispos, sob a autoridade do sucessor do Apóstolo Pedro?” E a ordenação só pode acontecer com o mandato apostólico do Papa, cuja apresentação é feita diante de todos os fiéis na Liturgia: “Queres obedecer fielmente ao sucessor do Apóstolo Pedro?” Monsenhor Paulo responde positivamente a tais perguntas, como o fez na aceitação da escolha feita pelo Papa.
Depois de ser interrogado sobre sua comunhão e fidelidade à Igreja, o eleito declara suas disposições para exercer o serviço que lhe é confiado: “Queres, com teus colaboradores, presbíteros e diáconos, cuidar do povo de Deus com amor de pai e dirigi-lo no caminho da salvação?” Trata-se da paternidade espiritual confiada ao Bispo, de quem esperamos um amor concreto ao povo de Deus. No meio deste povo, os preferidos de Deus encontrarão o Bispo disposto a amá-los: “Queres, por amor a Deus, mostrar-te afável e misericordioso para com os pobres e peregrinos e todos os necessitados?” Servidor de todos, será testemunha de Jesus Bom Pastor, para ir ao encontro de todos os pecadores e fracos: “Como bom pastor, queres procurar as ovelhas errantes e conduzi-las ao rebanho do Senhor?” Enfim, o novo Bispo será voz orante do povo de Deus: “Queres orar incessantemente pelo povo de Deus e desempenhar com fidelidade a missão do sumo sacerdócio?” Ao dizer “Quero, com a graça de Deus”, Monsenhor Paulo dá testemunho público da retidão com a qual recebe a graça sacramental e a missão a ele confiada, nascida da presença do Senhor com seus Apóstolos, para o Anúncio do Evangelho, a Santificação do povo de Deus e a Caridade, testemunhando o Ressuscitado, que vive entre nós! Que ele conte com nossa amizade, apoio e orações fervorosas.

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA)

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