O SERVO DE DEUS: Monsenhor Arnóbio de Andrade

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monsenhor arnobio

Eudes de Sousa
A hora de falar de homens extraordinários é um instante difícil. É quando as palavras agarram a realidade dos sentimentos e percepções e tentam, a toda prova, representar e exprimir o que há nos recônditos do espírito e nas profundezas próprias do coração.
Terrível prova para quem escreve, esse momento de gestação! Tentar encarnar no seio da história os valores que uma pessoa que representou em sua caminhada na terra é desafio extremo, cuja vitória consiste na ceitação do limite.
A tarefa é mais árdua ainda quando se trata de alguem que atingiu os páramos da santidade e ascendeu os degraus elevados da via espiritual. A proximidade, confissão humilde da limitação do verbo, talvez seja a única via para descrever o Servo de Deus Mons. Joaquim Arnóbio de Andrade, dentro do que representou na vida, na alma e no destino de todos aqueles que buscaram a cender as velas da existência na luz forte do homem de Deus, porto seguro nas turbulências do ser e bússola de ouro nas águas revoltas da conversão.
Pode-se perguntar: quem foi Monsenhor Arnóbio de Andrade? Qual real importância de sua beatificação para o povo cearense, principalmente na Diocese de Sobral? Qual o inestimável valor de sua obra cristã para o Cristianismo no país e no mundo?
Receio que todas as respostas circulam mecanicamente pelos duros labirintos do intelecto, apenas. Até porque Mons. Arnóbio de Andrade viveu no ser de tantos quantos orientou com a humildade e conduziu no caminho da salvação. Vive ainda em suas orações, silenciosas e perenes que ainda alimenta a fé do povo cristão cearense. Numa visão mais transcendente, Mons. Arnóbio de Andrade ainda vive de forma gloriosa, abençoando sobre o que vê e contempla a face de Deus, como Servo de Deus, pois como diz o Apocalipse, os justo descansam, brilham como estrelas no firmamento e suas obras os acompanham.
Conheci o Mons. Joaquim Arnóbio de Andrade, através, do ensaio biográfico sobre o Servo de Deus, de José Luis, Lira. O autor faz um registro expressivo sobre a vida do Mons. Arnóbio de Andrade. Porque Mons. Arnóbio de Andrade, como evangelizador de alma, sempre soube da necessidade de o sofrimento cumprir-se como condição essencial para o perfeiçoamento significativo da alma humana.

Supreendente, na história de vida do Mons. Arnóbio de Andrade ensina, com simplicidade e humildade, como o Apóstolo Paulo, em suas Cartas aos Coríntio, que a principal característica do amor não é a felicidade pessoal, senão o exercício da renúncia e do sofrimento.
Nessa história de vida do Servo de Deus, cantada em verso e prosa, se é que posso dizer que um dia Mons. Arnóbio de Andrade não foi Padre quem já nasceu trazendo a postura sacerdotal de um predestinado ao serviço de Deus, como se lhe fosse conferida antecipadamente uma ordenação espontânea, provinda de uma irresistível vocação cristã.
Na sua própria biografia, não consegue disfarçar o lado analítico de sua fome da verdade espiritual. Ela me fez ter maior aproximação a uma pessoa desconhecida, que se tornaria meu grande amigo. Tratava-se de uma pessoa de sólida formação católica e de muita leitura. Emprestei-lhe o livro do ensaio biográfico do Mons. Arnóbio de Andrade, e foi como se lhe houvesse dado oportunidade para a alegre descoberta de mais um confidente de Deus a enriquecer-lhe o espírito com a palavra inteira que, além de ser boa leitura, era, sobretudo, um iluminado instrumento de fé. O livro biogáfico sobre o Servo de Deus também cumprirá a sua missão para muitos.
De fato, o autor da frase: “O Senhor enviou-me para anunciar a Boa Nova aos pobres e curar os corações contritos”. Ele nos caminha para o descortinar do significado da vida.
Aqui se faz necessário observar a hosana que sai dos lábios do Mons. Arnóbio de Andrade se desenflora no sim afirmativo das fontes primiciais da vida. Ele se regala no banquete espiritual a que a vida imprimiu o selo corpóreo da beleza imorredora(Lembro-me do versos de Antero de Quental: “vi a beleza que não morre e fiquei triste”.)
O Mons.Arnóbio de Andrade amava gulosamente seus alunos, amizade, o púlpito, procurou sempre a humildade, honestidade, sinceridade, integridade e generosidade no ser vivente que procuramos em vão no meio da alienada massa de homens do nosso mundo demasiado organizado e, nem sempre, verdadeiro.
E, de fato, o fundador da Congregação das Missionárias Reparadoras do Coração de Jesus, sabia já qual o verdadeiro caminho a seguir, atendendo ao “ide e pregai” daquele que tinha autoridade para si mesmo proclamar-se o caminho, a verdade e a vida. Era o caminho por dentro, a única via pela qual é possível chegar-se às fronteiras do transcendente para o alcance da vida na plenitude de sua verdade. Ele sabia disso e se achava preparado para jornada.
Simplesmente porque Mons. Arnóbio de Andrade nos ensina que o homem que não sofre só possui de si, em si e para si apenas, a “miséria do homem sem Deus”, conforme a bela frase pascalina.
O que me alegra é saber que na cidade de Massapê, nasceu o Servo de Deus Mons Arnóbio de Andrade, professor de vários massapeenses, entre eles, a nossa querida acadêmica Elionar Siridó, que lembra de suas leitura bíblicas, sempre em busca de um maior aperfeiçoamento humano.
Porque o povo massapeense, repito, já sabe da presença entre nós do primeiro Santo cearense da contemporaneidade brasileira. Um extraordinário homem que as Irmãs Reparadoras Carminda Amélia, Antonieta Carneiro Portela, e a Irmã Odete Neves do Nascimento, vasculham para o espírito daqueles que ainda têm, a esperança da promessa de Deus, como arauto apostolar da beatificação deste Servo de Deus.
Há poucos dias, numa das minhas caminhadas do amanhecer pelas ruas de Massapê, me deparei emocionado, na calçada oposta à rua da casa onde Mons. Arnóbio de Andrade nasceu. E pude contemplar àquela hora, enquanto despontava esse dia para mim inesquecível, a postura de uma imagem de um menino, (realmente vi) as feiçôes de um futuro Apóstolo do Cristo vivo, ou senão a luminosidade mesmo do próprio Servo de Deus, na trasnparencia já objetivada em minha fé.
Uma homenagem ao Patrono da Academia Massapeense de Letras e Artes – Presidente da Academia, jornalista, historiador e crítico literário

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