Passado, presente e futuro
Desejamos recuperar com toda disposição as esperanças proclamadas pelos profetas, ao longo dos séculos, olhando para frente e para o alto, formando o Povo de Deus que desejava ver o Messias prometido. Sejam nossas as expectativas do pequeno Resto, Pobres de Javé, que não se permitiram o desânimo diante do que pareciam ser as demoras do próprio Deus. Compartilhamos a fidelidade de Zacarias e Isabel, quando a luz se acendeu, vinda da visita do Arcanjo Gabriel. Bendito tempo em que o pai ficou mudo, até que viesse à luz aquele que seria a Voz a clamar pela preparação urgente e próxima da chegada do Messias. São também nossas as orações que chegaram até os contemporâneos de Maria e José, descendentes dessa porção fiel na esperança. Esteja em nosso coração a força com que estes dois, Maria e José, enfrentaram todas as adversidades para responder positivamente ao chamado de Deus. É também nossa a estrada percorrida por meses a fio pelos Magos chegados do Oriente, pois é nossa a Estrela Guia! Dos pobres pastores dos arredores de Belém pedimos o dom de sua santa curiosidade, para irmos verificar o acontecimento que mudou a história do mundo! É também acolhida por nós a expectativa da Igreja, que nunca se cansará de proclamar “Vinde, Senhor Jesus”, acolhendo em si todos os clamores da humanidade, quando esta, mesmo quando não sabe dar este nome, clama pela plenitude que só Deus pode dar! Passado, presente e futuro, tudo em nós e no mundo clama pela feliz Esperança!
Vem Senhor Jesus, com os sonhos do Povo e dos Profetas, homens e mulheres na História do Povo Escolhido, para que não fiquemos desanimados diante dos desafios de nosso tempo!
Vem, Senhor Jesus! Dá-nos o mesmo vigor de Isabel, Zacarias e João Batista, para enfrentar o desânimo e proclamar nas montanhas, no deserto ou às margens do Jordão que a hora era chegada. Faze-nos perguntar mais uma a vez a João Batista sobre o que devemos fazer! Faze-nos ouvir o como aplainar os caminhos e encher os vales, ouvindo de novo: “As multidões lhe perguntavam: “Que devemos fazer?” João respondia: ‘Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!’ Até alguns publicanos foram para o batismo e perguntaram: ‘Mestre, que devemos fazer?’ Ele respondeu: ‘Não cobreis nada mais do que foi estabelecido.’ Alguns soldados também lhe perguntaram: ‘E nós, que devemos fazer?’ João respondeu: ‘Não maltrateis a ninguém; não façais denúncias falsas e contentai-vos com o vosso soldo’” (Lc 3, 10-14). Abre nosso coração para que cada estado de vida e cada profissão encontre respostas semelhantes, para que tua vinda aconteça!
Vem Senhor Jesus, nos muitos passos percorridos por José e Maria na direção de Belém. Faze que as estradas da Belém do Pará sejam pisadas e repisadas por almas santas e revestidas de tua Palavra bendita!
Vem, Senhor Jesus, quando muitas portas se fecham, mas há palhas suficientes e uma manjedoura disposta a acolher-te. Aqui em Belém, foi um presépio a fortaleza de onde saíste para plantar teu Reino e anunciar a Boa Nova, na terra de Nossa Senhora da Graça, Nossa Senhora de Belém ou Santa Maria de Belém, em casas que escolheste, como as primícias de Nossa Senhora da Conceição de Benfica, ou Sant’Ana e Santíssima Trindade, verdadeiras sementes para as tantas casas, de palha ou pedras e tijolos, chegando hoje a cento e sete Paróquias ou Áreas Missionárias e um imenso número de Comunidades e Capelas! Vem, Senhor Jesus, habitar estas Casas Santas onde “mora o Cálice Bento e a Hóstia Consagrada!
Vem, Senhor Jesus, onde quer que dois ou mais estiverem reunidos em teu nome. Vem reconhecer o valor do amor recíproco nas famílias e nas comunidades e onde quer que as pessoas sejam capazes de se amarem e se respeitarem! Confirma nossos laços comunitários, de fraternidade e de amizade!
Vem, Senhor Jesus, nos pequenos e pobres, nos quais reconhecemos tua presença que clama pelo reconhecimento, pela partilha e pelo dom da caridade. Vem visitar de novo, Senhor, todas as instituições que expressam o amor de caridade, vem acompanhar aquelas pessoas que se desdobram para alimentar os moradores de rua! Dá-nos a graça de respeitá-los profundamente, abre os seus corações e os nossos para oferecer-lhes caminhos alternativos e dignos para sua vida.
Vem, Senhor Jesus, entra em todas as repartições públicas, nos comércios, nos bancos, nos demais espaços de trabalho, nas oficinas, nas escolas, nas construções, nos hospitais e nas prisões, onde quer que exista uma pessoa humana, que todos se reconheçam destinatários de teu amor infinito e de teu Evangelho. Vem santificar os lugares e as possibilidades de lazer, purificando-os para que sejam dignos das criaturas que foram feitas à imagem de Deus! Vem, Senhor Jesus, penetra nos recintos mais alheios à tua presença e ao teu amor, sejam quais forem, para quebrar resistências e iluminar as mentes e aquecer os corações!
Vem Senhor Jesus, às nossas famílias, espaços de vida e calor do afeto, com que queremos celebrar o Natal que se aproxima. Dá-nos a graça de cantar e rezar em nossas casas (cf. Padre Zezinho, Oração da Família): “Que nenhuma família comece em qualquer de repente, que nenhuma família termine por falta de amor, que o casal seja um para o outro de corpo e de mente, e que nada no mundo separe um casal sonhador. Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte, que ninguém interfira no lar e na vida dos dois, que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte, que eles vivam do ontem, no hoje em função de um depois. Que a família comece e termine sabendo onde vai, e que o homem carregue nos ombros a graça de um pai. Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor, e que os filhos conheçam a força que brota do amor. Que marido e mulher tenham força de amar sem medida, que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão. Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida, que a família celebre a partilha do abraço e do pão. Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos, que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois. Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho, seja a firme a esperança de um céu, aqui mesmo e depois. Abençoa, senhor, as famílias, amém. Abençoa, senhor, a minha também”. Na casa da família e na casa da Igreja, Vem, Senhor Jesus!
Dom Alberto Taveira Corrêa – Arcebispo de Belém do Pará (PA)