Ary Albuquerque

Pretendia ir à praia, fazer um passeio, estirar as pernas. A maré estava cheia e teria que esperar duas horas para o estirão de areia estar apto à prática de Cooper. Como ocupar o tempo?
O celular encontrava-se descarregado, o aparelho de televisão com defeito, os livros esqueceu de colocar na valise. A única opção era escrever. Mas, escrever o que? Uma poesia ou uma pequena crônica? Perguntou-se?
Optou pela crônica. A poesia requeria inspiração. Uma croniqueta, seria mais fácil. Deparou-se, então, com um pequeno problema. O assunto: sobre o que escrever? Já sei, versará sobre um cronista que tem obrigação diária de escrever uma crônica para o jornal e um dia falta-lhe assunto. Examinou, detidamente, e achou o assunto banal. Passou a outro. Era sábado de aleluia. Falaria sobre a semana santa. Ótimo tema. Examinou, examinou, e, desistiu. Era extenso. Gostaria de um assunto mais simples. Foi em frente. Lembrou-se do momento político. Entretanto, escrever sobre política em plena semana santa não ficaria bem.
Escreveria sobre futebol. A coqueluche do momento. Confessaria que torcia pelo Flamengo, sua paixão de criança. Entretanto, lembrou-se que no futebol de hoje impera o profissionalismo e as torcidas organizadas disseminam a violência. Desistiu. Gastou o tempo na escolha do tema e não chegou a conclusão nenhuma. Ainda, bem que o tempo passou rápido. Foi vestir o seu calção, a maré estava baixa, hora de seu passeio. A crônica ficou para outro dia. Deu um solene tchau para os leitores e foi passear na praia…

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