por Ary Albuquerque

O OUTONO
Outono. Tarde sonolenta. Morava só. Resolveu dar uma volta pelo parque para espairecer. Seu apartamento ficava perto. Saiu a pé. Tempo meio frio. Agasalhou- se. Desistiu de andar. Procurou um banco. Sentou-se. De princípio, ficou prestando atenção aos transeuntes, as suas roupas, suas expressões. Cansou. Mirou o chão repleto de folhas amareladas. Veio-lhe na mente uma indagação filosófica: “Por que a vida de uma folha é tão fugaz. Por que no outono ela se desprende, tão, facilmente, da árvore caindo sem viço no chão? Por que? Não se conformou com a prematuridade da morte das folhas. Achou uma injustiça da natureza. Mas, na natureza não existe justiça e injustiça. Seus fenômenos são estudados pelos cientistas que tentam explicá-los, e, pronto!
Á sua frente, passou uma jovem bonita, acompanhada de um rapaz atlético. Iam de braços, rindo. Mais adiante, um casal de idosos de mãos dadas, caminhando devagar, sem risos, curvados pelo peso dos anos. Indagou-se: Que conversavam os jovens? E os idosos, sobre o que falavam? Era hora de voltar para casa. Estava aguardando notícias da família via internet. Apressou-se. Ao Chegar ao apartamento, foi direto para o computador. Conectou-se. Na tela, havia uma mensagem:
“Querido filho Alisson, aqui vamos todos lutando e com saúde. Estamos morrendo de saudades de você! Esperamos que, nesse final de ano, venha passar o natal conosco. Agora, uma notícia triste: Sua avó Cristina, com seus belos noventa e nove anos e ainda lúcida, despediu-se da vida nesse outono. Que fazer? Todos nós temos nosso outono, uns mais curtos, outros mais longos. Beijos dos pais Carlos e Lúcia.”
Diante da notícia triste foi ouvir música para desanuviar a mente. Não queria pensar quando chegaria o seu outono..



