Obrigado, Papais!

 

 

Você sabia que que vem de longe a ideia de festejar o dia dos Pais?

A comemoração começou na antiga Babilônia há mais de quatro mil anos. Lá, o jovem Elmesu moldou e esculpiu em argila o primeiro cartão. Com isso, ele desejava sorte, saúde e longa vida a seu pai.
Nos Estados Unidos, Sonora Louise resolveu criar o Dia dos Pais em 1909, motivada pela grande admiração a seu pai, John Bruce Dodd. A data difundiu-se da cidade de Spokane para o Estado de Washington e daí se tornou uma festa nacional. Em 1972, o presidente Richard Nixon oficializou a comemorada para o terceiro domingo de junho. Já no Brasil, onde ocorre no segundo domingo de agosto, a criação da data é atribuída ao publicitário Sílvio Bhering, em meados da década de 50.
Infelizmente, empresários insistem em converter dias como de Natal, das Mães, dos Pais, dos Namorados, das Crianças e aniversários em datas estritamente comerciais. Assim, a maioria das pessoas é convencida e, muitas vezes, “obrigada” a apenas dar e receber presentes. E só isso! O real significado da homenagem é ofuscado pela imposição da gula do comércio, que visa unicamente lucrar.
Felizes das pessoas que questionam tamanha maldade e, quando possível, dizem NÃO a esse propósito mercantilista. Ou, ainda, apesar de oferecer presentes, jamais esquecem o principal, que é estar presente, como confirma o caso abaixo.
Um leitor da Coluna, muito harmonioso e feliz com a esposa e seus dois filhos, representa fielmente uma família exemplar. Além disso, é extremamente cuidadoso com os pais, já que os visita religiosamente todo dia. Na casa paterna, cumpre o ritual de pedir-lhes a bênção, seguida de um abraço e de um beijo.
Segundo o amigo, o que ocorreu no dia dos Pais do ano passado foi, a princípio, motivo para culpar-se. Depois, transformou-se em oportunidade para receber mais uma lição paterna.
Desde a infância ele alimentou a ideia de oferecer a seu pai o presente dos sonhos (do pai), aquilo que seu genitor muito desejava obter quando moço. Era coisa relativamente simples. Só que, com o passar dos anos, o filho esqueceu qual seria o presente e o pai também nunca mais falou no assunto. O próprio pai até tentou adquiri-lo quando mais jovem, mas não foi possível. Pois teve de direcionar toda sua força, seu trabalho e seu dinheiro para educar bem os filhos e lhes proporcionar uma vida menos sofrida que a dele, quando criança.
Como de praxe, no passado dia dos Pais, aquele filho resolveu tentar “acertar” o presente. Chegando à sua antiga casa, pediu a bênção, beijou e abraçou seus velhos. Mas, contrastando com o semblante alegre e radiante do pai, o filho demonstrava certa inquietação e tristeza. Indagado sobre o porquê daquilo, o filho pediu licença, foi até o carro e trouxe quase uma loja inteira para o pai escolher aquilo que tanto sonhava possuir.
Passou, então, a apresentar cada presente e sempre perguntava: o do seu sonho é esse? Estava ansioso por um “sim”, mas só ouvia “não”. E a cada “não” lamentava: “Desculpe, pai, esqueci mesmo qual era seu presente predileto”. Assim foi com o segundo, terceiro, décimo e até o último presente. Por fim, desiludido e com profunda tristeza, disse: “mais uma vez me desculpe, meu pai, por não conseguir realizar seu sonho.
Naquele eloquente silêncio sua frustração e sua tristeza foram derrotadas de vez. De forma carinhosa, ouviu do idoso: “Filho, esqueça isso e se alegre, pois naquela época eu estava enganado quanto ao meu maior desejo. Outra coisa: você não esqueceu meu presente, não, pois todo dia o recebo cedinho do dia. Sempre que você vem aqui é a primeira coisa que me dá. Isso, sim, é que é realmente o presente mais preciso e o de que mais gosto.
Sem nada entender, o filho retrucou: “Mas, como pai, se o primeiro presente que desembrulhei e apresentei foi o dominó? Você garantiu ter até esquecido como jogar!
E o velho calmamente respondeu: O primeiro não foi esse, filho querido. O primeiro que você me deu foi o que não veio enrolado em papel de presente: são seus abraços e beijos. Esse, sim, cumpre muito bem seu papel de enrolar e acalorar todo meu corpo. Tem mais: ele é o melhor presente que você sempre tem me dado diariamente, durante todos esses anos. Ele é a sua presença, seu carinho e seu amor. E isso me basta! Muito obrigado, amado filho! Deus lhe pague!
Como se constata, a presença é o essencial, não custa nada e afasta a hipótese de arrependimento futuro. Duvida? Então, pergunte o que muitos órfãos diriam se pudessem ver seus pais só mais uma vezinha.
Com certeza afirmarão que por mais que se dê carinho, atenção e se fale do nosso amor ao pai (ou mãe), quando ainda no nosso convívio, pelo restante dos nossos dias a consciência rememorará tudo o que deixamos de realizar por eles ou deixamos de lhes dizer (Por que não fiz isso? Por que não disse aquilo? Por que não lhe pedi perdão? Por que não agradeci mais o que ele fez por mim?…)
Agora, se você ainda tem pai aproveite o tempo! Quanto mais praticar gestos de reconhecimento, carinho e gratidão menos sua consciência lhe cobrará. Faça isso aqui e agora! Assim, diminuirá hoje a futura dívida, a frustração vindoura que começará a lhe perturbar assim que seu pai fechar os olhos. E que só cessará quando você também cerrar os seus.
A bênção, meu querido e saudoso pai, GONÇALO ALVES DA COSTA (foto), falecido aos 73 anos, em 07.04.1992! A ele, bem como à minha querida mãe Gerarda, que morreu aos 87 anos, em 27.06.2011, agradeço por também ter ensinado e ajudado a mim e a meus doze irmãos a amortizarmos essa dívida quando eles ainda estavam entre nós. E, em nome do meu, desejo aos demais um Feliz Dia dos Pais!

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